Fiéis participam da Procissão do Encontro na Canção Nova

Saiba como foi a procissao

Procissão do Encontro. Foto: Daniel Mafra/cancaonova.com

O doloroso encontro entre Maria e seu Filho Jesus, que se dirige ao calvário levando às costas um pesado madeiro, é sinal de nossa salvação.

Miriam Bernardes
Da Redação

Nesta quarta-feira, dia 1º de abril, assim como em muitas paróquias do Brasil, aconteceu na Canção Nova, em Cachoeira Paulista (SP), a Procissão do Encontro.

Maria é a Mãe cheia de dor, que sofreu por não poder aliviar o sofrimento de Jesus. Ela representa as inúmeras mães que também sofrem ao verem os filhos envolvidos em tantas situações de dor e pecado que os desfiguram. Mães que lutam para seguir o exemplo de Nossa Senhora, que acompanhou Jesus aos pés da cruz, dizem: “Estou aqui e não vou deixar você!”.

Durante o encontro conduzido pelo diácono Nelsinho Corrêa, os sacerdotes da Comunidade Canção Nova proclamaram o Sermão das Sete Palavras:

1. “Pai, perdoa-lhes, porque não sabem o que fazem” (Lc 23,34a)

“Jesus tinha todo o direito de sair da cruz, pois não era culpado, mas mesmo assim foi capaz de perdoar àqueles que O haviam condenado. Peçamos a Ele a graça de darmos uma resposta diferente diante das adversidades da vida. Jesus nos ensina que a chave para a cura é o perdão e a misericórdia com o outro”, afirma padre Márcio Prado.

2. “Hoje estarás comigo no paraíso” (Lc 23,43)

“Mesmo estando pregado na cruz, Jesus não perdeu a capacidade de olhar para cada um de forma individual. A dor não tem a última palavra, o paraíso é a vida para a qual nós fomos criados. Deixemos que o Senhor fecunde a esperança dentro de nós”, anima padre Antônio Xavier.

3. “Mulher, eis aí o teu filho; filho eis aí a tua mãe” (Jo 19,26-27)

“Somos chamados a renovar nossa fé e nossa experiência com Maria e com Nosso Senhor Jesus Cristo. Você também é discípulo amado de Jesus! Cristo ofereceu a Mãe a nós para nos ajudar na caminhada. A Igreja tem uma Mãe e ela quer nos acolher. Nossa Senhora é modelo para nós porque não desanimou mesmo diante do sofrimento”, recorda padre João Marcos Polack.

4. “Meu Deus, Meu Deus, por que me abandonastes?” (Mc 15,34)

“Jesus não expressou desespero [com essas palavras], este é um grito que resume Sua confiança e entrega ao Pai. Peçamos ao Senhor a graça de não pararmos nas nossas dores e aflições, e que Ele renove a nossa fé na certeza de que Ele sempre nos escuta. Jesus não parou na dor, mas a transformou em oração. A Virgem Maria recebeu de Jesus a força para continuar a caminhada”, ressalta padre Edmilson Dias.

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“O que Jesus sofreu no corpo, Maria sofreu na alma”, afirma padre Gevanildo. Foto: Daniel Mafra/cancaonova.com

5. “Tenho sede” (Jo 19,28 b)

“O grito de Jesus não foi somente a expressão de um desejo físico, mas do desejo de ser acolhido por nós. A água que Jesus pediu é o nosso acolhimento, a nossa conversão. O Senhor não tinha somente sede de água, Ele tinha sede de almas. Ao olhar para Jesus, que você diga: “Eu Te aceito na minha casa, no meu coração, Senhor”. Maria fez com que o amor vencesse a dor e o que Jesus sofreu no corpo, ela sofreu na alma”, afirma padre Gevanildo Augusto.

6. “Tudo está consumado” (Jo 19,30 a)

“O Filho de Deus morreu depois de tanto sofrer. Ele que, durante toda a vida, pregou o bem e o amor. Muitas vezes, diante do sofrimento, nós também queremos dizer: “Tudo está consumado”. Maria recebeu o Filho amado em seus braços. Quantas mães, hoje, choram por terem o filho morto por causa do pecado. Caminhemos com fé diante da dor! Não desista se o cansaço vier até você, fixe os seus olhos em Jesus!”, convida padre Toninho.

7. “Pai, em tuas mãos entrego o meu espírito” (Lc 23,46 b)

“Muitos pais estão chorando por causa do desemprego, estão chorando por verem seus filhos com fome ou padecendo por algo que não fizeram. Você que sofre, olhe para Nossa Senhora! Você que não tem respostas para suas perguntas, entregue-se a Jesus! Entregue todas as suas dores ao Senhor!”, pede diácono Nelsinho Corrêa.

Maria Luzia e Geraldo Magela, de Ipatinga (MG), casal de peregrinos que veio à sede da Canção Nova participar do Acampamento de Semana Santa, testemunhou a graça vivida durante a procissão: “Foi uma experiência marcante, um momento emocionante ao sentirmos nossa vida de pais sendo retratada no encontro entre Maria e seu Filho Jesus. Sabemos que as nossas orações chegaram até nossos filhos”.

Sobre a Procissão do Encontro

Os homens saem de uma igreja ou de outro local determinado com a imagem de Nosso Senhor dos Passos; as mulheres saem de outro ponto estabelecido com a imagem de Nossa Senhora das Dores. Acontece, então, o doloroso encontro entre a Mãe e o Filho.

Essa procissão, entre o Senhor dos Passos e Nossa Senhora das Dores, faz parte da Semana Santa e marca o encontro de Jesus com Sua Mãe dentro do percurso a caminho do calvário.

Diante das imagens de Nosso Senhor dos Passos, com a cruz às costas, e de Nossa Senhora das Dores, em lágrimas, algumas delas com uma espada, de modo a simbolizar a profecia de Simeão feita a Virgem Maria com a afirmação de que uma espada lhe transpassaria o coração (cf. Lc 2, 35), os sacerdotes fazem uma reflexão com os setes versículos bíblicos, ou seja, com o Sermão das Sete Palavras, e convidam o povo à oração, à conversão, ao perdão e à penitência.

Esse encontro não está retratado na Sagrada Escritura, ele pertence à cultura popular religiosa. Faz parte da bela tradição da Igreja rezada durante a Via-Sacra. Pelo fato de Maria, a Mãe de Jesus, estar aos pés da cruz, tem-se a ideia de que ela O seguiu e, num determinado ponto do caminho do calvário, eles se encontraram. Essa celebração marca esse encontro sublime da Mãe das dores e seu Filho com a cruz às costas.

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