A tecnologia a serviço do Evangelho

Pregação com Jorge Aparecido

Jorge Aparecido – Foto: Daniel Mafra/cancaonova.com

Temos um povo para levar para Deus, essa é uma responsabilidade que o Senhor nos deu, independentemente do que fazemos. Algumas vezes, nós nos encontramos numa situação de conforto, participamos das atividades de nossa paróquia, somos bons em casa e no trabalho. Tudo isso é importante, no entanto, Deus nos criou para alguma missão mais específica, e precisamos exercê-la.

Somos de Deus hoje porque houve pessoas que trouxeram a Palavra de Deus até nós nos nossos dias.

Existem algumas realidades do mundo atual que precisam ser pensadas para que entendamos como elas funcionam. As tecnologias que nos são apresentadas nos reportam à individualidade. Todos viemos de uma família em que dialogávamos e aprendíamos a história de nossos pais. Hoje em dia, podemos observar que os filhos dialogam muito pouco com os pais. As crianças estão, muitas vezes, à mesa, mas, ao mesmo tempo, em outros lugares do mundo graças aos meios digitais.

Quando o celular foi inventado ele era muito caro e o objetivo dele era nos permitir fazer telefonemas para falar com alguém. Em um espaço de tempo muito curto, ele reduziu de tamanho, de funcionalidade e de preço. Hoje os aparelhos foram pensados de forma totalmente diferente, já foram projetados visando às crianças, que desde novinhas já sabem operar estes aparelhos. Por essa razão, precisamos criar uma nova forma de dialogar e interagir com nossos filhos. Do contrário, não conseguiremos continuar levando a Palavra de Deus ao mundo moderno.

Ao assistirmos programas da televisão vemos algo que alguém pensou e planejou. Muitas vezes, assimilamos muitas coisas que nos são apresentadas sem entendermos o que está por detrás delas. Quando recebemos alguma mensagem distorcida, corremos o risco de implantá-las em nossas vidas sem pensar.

Muitos pais não sabem lidar com os filhos diante das tecnologias, alegam não saber operar estes meios. Mas uma coisa é certa, os pais continuam sabendo as consequências do mau uso de algo. Não podemos deixar nossos filhos ser doutrinados por certos conteúdos, contrários à nossa fé, que são passados a eles por intermédio das novas tecnologias.

Precisamos compreender como as coisas funcionam. É preciso sentarmos ao lado dos nossos filhos e observar o que eles estão fazendo no dia a dia, não os espionar. Perguntar a eles qual a mensagem que determinado conteúdo está passando a eles, como ela contribui para o objetivo de vida que eles querem. Precisamos participar da vida dos nossos filhos.

Lembrando que nossos filhos não precisam mudar de lugar físico para fazer o que querem. Portanto, precisamos criar momentos de diálogo com eles para compreendermos o mundo deles. Não é mais possível fazer como antigamente nossos pais faziam conosco ao nos dizerem “não”, darem as regras e proibir-nos de fazer algo. Hoje nossos filhos querem saber por que podem ou não fazer algo, por isso precisamos estar ao lado deles para compreender o que eles estão fazendo para somente então lhes apontar o que é correto e o que não o é e lhes explicar a razão de nossa posição.

Peregrinos atentos à pregação do jorge Aparecido no Acampamento "Preparai o Caminho" - Foto: Daniel Mafra/cancaonova.com

Peregrinos atentos à pregação do Jorge Aparecido no Acampamento “Preparai o Caminho” – Foto: Daniel Mafra/cancaonova.com

Há um engano nos dias de hoje, cada um quer viver “no seu quadrado”, cada um cuida de suas coisas. As mídias sócias contribuem muito para isso, cada um na sua, deste modo vivemos em paz. Mas não fomos criados para nós mesmos, fomos criados para o outro. Temos que ter a coragem de ir ao encontro do outro.

Quando nos encontramos com Deus pela primeira vez não tínhamos medo de levá-Lo aos outros, queríamos a todo instante estar com Ele. E se Deus não muda o que Ele que faz, por que com o passar do tempo tudo isso muda dentro de nós? Com certeza, algo tirou o nosso foco. Não é de um dia para o outro que mudamos, vamos mudando aos poucos, algo em nós perde o ardor. Nós não o perdemos, nós o deixamos desgastar-se. A essência está em nós, o que nos falta é a motivação.

Satanás é esperto, quando esvazia um copo ele o não esvazia por inteiro, ele quer nos convencer de que pela metade está bom. Deus nos deu um copo transbordante de dons, não podemos nos contentar com menos! Somos celeiros de Deus! Todos fomos chamados por Ele, portanto, temos um compromisso para realizar com Ele.

“Disse, então, aos seus discípulos: A messe é grande, mas os operários são poucos” (Mateus 9, 37).

Somos estes trabalhadores que responderam ao chamado de Deus. E se o somos, temos a responsabilidade de plantar e colher. Em outra passagem bíblica, Deus Pai cobra dos operários o que Ele lhes havia dado, como na parábola dos talentos, com isso o Senhor quer nos dizer que não quer que apresentemos a Ele apenas nós mesmos, Ele quer que apresentemos mais gente conosco.

O mundo tem nos formado para que sejamos pessoas superficiais. Saibamos que o que vemos na internet é apenas 10% de conhecimento sobre o que o mundo temos. Ao fazermos uma pesquisa, lemos uma ou duas páginas na internet, paramos ali e nos contentamos com o conteúdo superficial que nos foi passado. Do mesmo modo estamos fazendo com as coisas de Deus.

Fomos chamados à oração “orar + ação”, não podemos ser superficiais e ficar com nossa oração só no intelecto. As tecnologias têm afastado as pessoas cada dia mais de suas necessidades básicas de comunicação. Não sou contra o uso da tecnologia, porém, precisamos usá-la com equilíbrio. No trabalho, como uso as tecnologias? Elas me dão espaço para conversar com o outro? Eu realmente sei do que o outro precisa? Não podemos ser impessoais.

Os jovens de hoje são doutrinados a andar olhando para baixo, para olhar para o celular. Com isso criamos um isolamento cada vez maior. A tecnologia está levando o homem a depender totalmente do que é oferecido por ela. A dependência não está mais em Deus, mas nos meios tecnológicos. É este mundo que queremos e que estamos preparando as pessoas? Se não estou de acordo com algo, preciso fazer algo que mude essa realidade.

Jovens, precisamos entender a tecnologia e levar a evangelização dentro desta realidade virtual. O problema é como fazer isso com eficácia, precisamos encontrar estes meios. Adolescentes, vocês já entenderam a mensagem que lhes é dada nestes jogos?

Nós todos somos chamados a anunciar Deus, e precisamos evangelizar com todos os meios que o Senhor nos deu, inclusive com os tecnológicos. Qual o seu comportamento nas redes sociais? Por pior que seja a realidade que nós encontramos nelas, por mais superficialidade que encontremos, não podemos deixar que o nosso caráter e os nossos valores sejam tirados de nós.

Você sabe o que está curtindo nas redes sociais? Você realmente lê o que você segue? Os jovens de hoje têm construído um perfil na internet diferente daquilo que realmente são. As empresas, quando contratam colaboradores hoje em dia, não buscam mais informações no SPC, mas nas redes sociais para saber quem são eles.

Não podemos aceitar algo por aceitar, entrar em rede social por entrar, curtir por curtir; precisamos dar sentido ao que fazemos. Muitas vezes não conseguiremos falar o que pensamos, só poderemos fazer algo, mas nossa ação, muitas vezes, contraria o que somos.

Em casa você tem uma experiência de comunidade, nas redes a mesma coisa, não podemos ter medo de ser quem somos em qualquer lugar onde estamos. Precisamos ser sensatos, e sensatez hoje em dia é saber a hora de dizer “sim” ou “não”. Precisamos colocar em prática aquilo que somos, ser família, dar exemplo de família e não nos omitir do que realmente somos.

O que é bom para o próximo? Devemos estar atentos ao que está acontecendo a nosso redor, porque existem doutrinas colocadas a nosso redor que nos confundem e nos desviam do quem somos. Não podemos ser superficiais, é fundamental prestar atenção ao que nos é apresentado e ser críticos com relação ao queremos ou não queremos, aceitamos ou não aceitamos. Não podemos passar a morbidez para a próxima geração. Sim! Somos capazes de oferecer muito para as próximas gerações.

Transcrição e adaptação: Rogéria Nair

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