A Igreja não precisa de reformadores, ela precisa de santos

Padre Márlon Múcio

O Evangelho de hoje começa assim: “Jesus foi à região de Cesareia de Filipe e ali perguntou aos seus discípulos: ‘Quem dizem os homens ser o Filho do Homem?’ Eles responderam: ‘Alguns dizem que é João Batista; outros que é Elias; outros ainda, que é Jeremias ou algum dos profetas’. Então Jesus lhes perguntou: ‘E vós, quem dizeis que eu sou?’”. A partir desse Evangelho posso ouvir, com os ouvidos da alma, que Jesus veio aqui onde estamos e vai a toda a Igreja e pergunta: “E vós, quem dizeis que eu sou? ”

Para respondermos quem é Jesus precisamos de algo experiencial. O lema da nossa Comunidade Sede Santos é: “Sentindo com Cristo e a Igreja”. Sentir o que Cristo é e comunicá-Lo à Igreja. O Papa Francisco afirma que não dá para dizer: “Sou de Deus, mas não quero a Igreja”.

Naquele tempo a Igreja orava por Pedro e ele orava pela Igreja. Assim como Pedro respondeu quem era Jesus, é preciso que o respondamos também. Se Pedro confirma os irmãos na fé, Paulo a transborda neles. Pedro prega para os de dentro, Paulo para os de fora. Pedro não era letrado, Paulo era douto. Ambos unidos pelo martírio. Hoje precisamos de mártires. Nos tempos atuais existem mais mártires do que nos primeiros tempos da Igreja. Pessoas que pagam com a vida por confessarem a fé. Mas é preciso continuar dizendo quem é Jesus. 

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São Pedro recebe a graça da cruz, foi crucificado de cabeça para baixo; São Paulo foi decapitado. Celebrar estes dois santos, neste ano de 2014, é maravilhoso, ano em que, no Dia da Divina Misericórdia, celebramos um dia com quatro Papas: Francisco e Bento XVI que cocelebravam para canonizar dois grandes Papas da Igreja, João Paulo II e João XXIII.

Perguntava-se após a eleição do Papa Francisco se ele seria um reformador, se ele mexeria em algum dogma, na liturgia da Igreja ou em algo referente à moral, mas não. Papa Francisco tem sido aquilo que era necessário que a Igreja fosse.

O Papa é o Vigário, Cristo é a Cabeça da Igreja, e nós os membros dela; não dá para estar à frente da Igreja alguém que o Cristo não conheça. Precisamos ser na Igreja aquilo que queremos que a Igreja seja.

Na época de São Francisco, certa vez, ele estava na Igreja de São Damião e o Crucificado disse-lhe: “Francisco, vai e reconstrói a minha Igreja”. Ele, que era muito rico, começa a vender os bens de seu pai para reconstruir a Igreja de São Damião, porém, com o tempo ele foi compreendendo que o que Jesus queria não era isso. Por essa razão, Francisco foi para a Igreja daquele tempo aquilo que era preciso que ela fosse.

Segundo Bento XVI os beatos e os santos não foram aquelas pessoas que buscaram obstinadamente a felicidade, mas pessoas que se doaram totalmente à Igreja. Na história, eles foram verdadeiros reformadores. Quando era necessário aceitar, mesmo no sofrimento, a Palavra final da criação ‘viu que tudo era bom’. O Papa emérito afirmou também que, ao contemplarmos essas figuras, compreendemos o que significa adorar e o que significa viver a medida do Menino de Belém. E que, por essa razão, só dos santos provêm a verdadeira revolução, a mudança decisiva do mundo. 

Na época de São Francisco, que prega pela simplicidade e pela pobreza, havia também Domingos de Gusmão, em cuja pregação indicava  oração do Rosário e a leitura da Palavra de Deus. São Francisco foi ao encontro do Papa pedir aprovação para aquele modo radical de viver o Evangelho, havia um bispo, naquela época, que intercedeu por esse santo, pois ele havia sonhado com um padre vestido de forma simples que sustentava a Basílica de São João de Latrão. Foi assim que esse santo tão conhecido no mundo inteiro ajudou a Igreja.

A Igreja não precisa de outros reformadores que não sejam os santos.

Transcrição e Adaptação: Rogéria Nair

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