Batizados no Espírito Santo para viver em comunidade

Alexandre Oliveira
Foto: Wesley Almeida/cancaonova.com

No Antigo Testamento, quando se clamava fogo do céu, era fogo que consumia. Um fogo devorador, destruidor, que não deixava pedra sobre pedra. Por isso, no Antigo Testamento, o povo clamava fogo do céu sobre os inimigos. No início, os apóstolos de Jesus não tinham a clareza que nós temos do Novo Testamento, eles ficaram confusos porque tinham aprendido que o fogo era para purificar. Não tinham toda a clareza que temos hoje.

Os mesmos apóstolos que tinham pedido fogo do céu, agora estavam com Maria no cenáculo, todos "calminhos", mas com um pouco de medo. No Evangelho de hoje está escrito que eles estavam com medo.

“Ao anoitecer daquele dia, o primeiro da semana, estando fechadas, por medo dos judeus, as portas do lugar onde os discípulos se encontravam, Jesus entrou e, pondo-se no meio deles, disse: “A paz esteja convosco”. Depois dessas palavras, mostrou-lhes as mãos e o lado. Então os discípulos se alegraram por verem o Senhor. Novamente, Jesus disse: “A paz esteja convosco. Como o Pai me enviou, também eu vos envio”. E, depois de ter dito isso, soprou sobre eles e disse: “Recebei o Espírito Santo. A quem perdoardes os pecados, eles lhes serão perdoados; a quem não os perdoardes, eles lhes serão retidos” (Jo 20,19-23).

Os discípulos que estavam com medo, logo ficaram cheios do Espírito Santo. O fogo do Espírito veio em forma de línguas, que se dividiram sobre eles. Mas esse fogo não era um fogo destruidor, mas sim renovador. Eles diziam: "Esses homens não são de outras regiões? Como que nós entendemos o que eles estão falando?"

Em Pentecostes foi gerada a comunhão, a unidade da Igreja. Todos entendiam a revelação em uma mesma língua, porque era a graça do Espírito Santo que os fazia orar em línguas e lhes dava a interpretação. Depois de Pentecostes passaram a pertencer ao corpo místico da Igreja, eles se reuniam e eram perserverantes na oração, como está escrito em Atos dos Apóstolos 1, 14.

"Você não é carismático para si mesmo, mas para o povo, para a Igreja!", recordou Alexandre
Foto: Wesley Almeida/cancaonova.com

Por que nós que abraçamos a fé ainda continuamos com a divisão entre nós? O Espírito Santo está profetizando que as rivalidades e as contendas entre nós ainda existem, porque nós nos esquecemos de que Ele [Espírito Santo de Deus] está em nós. O nosso querido Papa Francisco tem nos ensinado tanto sobre a necessidade da cultura do encontro, incentivando-nos a sairmos de nós mesmos e a irmos ao encontro do outro. E por que há tanta divisão entre nós? Porque nós continuamos com o coração endurecido e fechado para amar o outro.

Eu preciso lhe dizer, diante do sofrimento que você vive, que Jesus nessa pregação quer dizer que existe um tesouro para você cuidar, e esse tesouro é o seu irmão!

Uma irmã partilhou que se deparou com uma situação de escândalo na comunidade da qual participava, e as pessoas que tinham de resolver a situação disseram a ela: "Você está mentindo!". E a comunidade inteira dizia que ela estava com o “demônio”. Ela disse que enfrentou essa dor quando a Canção Nova entrou na vida dela.

Eu sei que há muita gente com o coração machucado. E Deus vê as dores do seu coração, Ele vê o desejo que você tem de ser carismático. Você não é carismático para si mesmo, mas para o povo, para a Igreja. Na passagem que fala dos vários membros, mas um só corpo, é isso mesmo. E hoje tem muita gente com o coração machucado, ferido, dizendo: "Não vale mais a pena amar!". Peça a Deus que envie o fogo do céu, não para destruir, mas para recomeçar e unir.

Tem muita gente precisando do nosso sorriso e do nosso olhar. Chega de irmãos carismáticos com cara feia, amargurada! Chega! O Espírito nos dá a graça da alegria e de amar. E mesmo se alguém chegar até você e o magoar, peça a graça de amá-lo. Mas sem o Espírito Santo não tem como amar.

Minha filha, você que é casada, traga a seu marido para junto de Deus. Esposo, traga a sua esposa para junto de Deus pelo fogo do amor. Família, saia da divisão e traga os seus para junto de você. Assim como um palito que está apagado não serve para nada; mas se ele tem fogo todo o resto vai se acender. Se um canta, não o inveje, porque o dom que está nele também é seu, porque os dons não são para nós, mas para a Igreja! Pare de invejar os dons do outro! Chega de vaidade contendas e divisões entre nós! Isso acontece porque nós nos esquecemos de que somos animados pelo Espírito! 

Você que abraçou a fé não tem mais o direito de negar o sorriso para as pessoas ao seu redor. Busque a unidade, busque a comunhão. Vamos recomeçar hoje. Que não haja vaidade entre nós, porque o dom não é nosso, mas de Deus! Eu não tenho o dom de cantar, de tocar violão, mas eu quero dar o melhor de mim. Faça assim também: dê o melhor de si para Deus e para a Igreja. Qual o seu dom? Use-o para Deus!

O que está ao seu alcance para ir até o seu irmão? Vá até o seu irmão! Ame o seu irmão! Que, em cada casa, reine o amor, paz e a união. Termino com essas palavras do Papa Francisco: número 92 do Evangelii Gaudium: "Nisto está a verdadeira cura: de facto, o modo de nos relacionarmos com os outros que, em vez de nos adoecer, nos cura é uma fraternidade mística, contemplativa, que sabe ver a grandeza sagrada do próximo, que sabe descobrir Deus em cada ser humano, que sabe tolerar as moléstias da convivência agarrando-se ao amor de Deus, que sabe abrir o coração ao amor divino para procurar a felicidade dos outros como a procura o seu Pai bom. Precisamente nesta época, inclusive onde são um «pequenino rebanho» (Lc 12, 32), os discípulos do Senhor são chamados a viver como comunidade que seja sal da terra e luz do mundo (cf. Mt 5, 13-16). São chamados a testemunhar, de forma sempre nova, uma pertença evangelizadora.[70] Não deixemos que nos roubem a comunidade!”
 

Transcrição e adaptação: Jakeline Megda D'Onofrio.

↑ topo