Ide sem medo para servir. A JMJ não acabou

Padre Paulo Ricardo
Foto: Wesley/CN

É importante que o povo cristão reconheça que este é o melhor investimento que se pode fazer por uma sociedade. Milhões de pessoas evangelizadas refutam o bem que a Igreja traz ao país. Temos que compreender que nosso país é um país melhor quando é evangelizado. A Igreja presta um grande serviço ao país, um serviço social que faz bem. Quase não houve ocorrências relatadas pela polícia durante a JMJ. Até os garis relataram que quase não havia lixo, e o lixo era diferente. A Igreja educa a sociedade nos valores cristãos.

O Papa Francisco, assim como todos os jesuítas, apresenta três pontos em suas reflexões: Ide, sem medo para servir. Foram tirados da leitura da Santa Missa. “Ide” retirado do Evangelho de São Mateus. “Vocês nesses dias estiveram com Cristo, para ouvir catequese feitas pelos Bispos do mundo inteiro porque são discípulos e porque são discípulos precisam ser missionários.” Se você quer ser discípulo seja depois missionário e vice-versa. "Sem medo", ele retirou do Livro do profeta Jeremias. O Santo Padre diz que Jeremias teve medo por causa da idade. O Papa repete o que Deus fala a Jeremias: “Não tenha medo, eu estou com você por causa da missão”. 

"Para servir". A segunda leitura foi retirada da Carta aos Coríntios, capítulo 9. A evangelização é um serviço. “Livre em relação a todos me tornei escravo”. E o que é o escravo? Somos escravos de amor. Temos um Senhor, e não um Senhor que nos acorrenta, mas que nos ama e a quem amamos, por isso entregamos a vida a Ele. Ele é o nosso Senhor. Converter os corações a Cristo para dar-Lhe alegria.

E o Papa faz menção a outro jovem que será canonizado neste ano de 2014. Saiu das Ilhas Canárias e veio evangelizar no Brasil, o bem-aventurado José de Anchieta. Daqui a 10 dias iremos comemorar 480 anos de José de Anchieta e ele é grande apóstolo do Brasil.

José de Anchieta, que nasceu nas Ilhas Canárias, é de nacionalidade espanhola e por parte da mãe de origem judaica, era recém-convertida. Antes de sua mãe mandá-lo estudar pensou bem e, provavelmente, pela intolerância dos espanhóis para com os judeus, ela o mandou estudar em Coimbra, Portugal. Ele se distinguiu como brilhante estudante, era capaz até de compor poesias em latim, o que é muito difícil. Falava português como se tivesse aprendido no ventre da mãe. No Brasil, durante dois séculos após a colonização portuguesa, não se falava português, e sim tupi-guarani. Era a língua geral do nosso país na época, e ele até elaborou uma gramática nesse idioma [tupi].

"A Igreja educa a sociedade nos valores cristãos", afirma padre Paulo
Foto: Wesley/CN

José de Anchieta entrou para a congregação dos jesuítas e tempo depois ficou doente de “espinhela caída”. Ficou com medo que a falta de saúde o impedisse de professar, mas conseguiu. Ele mesmo pediu para vir para o Brasil impulsionado por Manoel da Nóbrega, que estava aqui e convidava a quem estivesse doente em Portugal a vir para o Brasil. porque aqui seria curado. Anchieta se despediu da família dizendo: “Nos vemos no céu!”

Chegou aos 19 anos como seminarista e catequizava os índios com teatros em língua tupi. Podemos pensar que evangelizar os índios é o "fim da picada", mas se São Paulo tivesse pensado assim o mundo não teria se cristianizado. Em Corinto São Paulo diz: “Ai de mim se eu não evangelizar.” A Grécia era reconhecida como prostíbulo daquela época. De acordo pesquisa da UNESCO o Brasil é o país onde se perde a virgindade mais cedo no planeta. E é esse país que nós queremos evangelizar.

Quando estava preparando a homilia, rezando e pedindo a Deus uma Palavra, quando liguei a rádio estava o monsenhor Jonas Abib e a primeira Palavra que ele pronunciou na rádio foi: “Paulo, não tenha medo de evangelizar, nesta cidade há um povo numeroso que me pertence” (Atos dos Apóstolos, 18). É o mesmo que o Papa Francisco disse durante a Jornada Mundial da Juventude: “Não tenha medo”; não se preocupe, vá com destemor, vá!

Muitas vezes, olhando para a história do nosso país, vemos somente os erros cometidos pelos colonizadores, mas não vemos o bem que os evangelizadores fizeram por nós. Somos um país que acredita nas famílias. Precisamos cuidar porque existem muitos "desevangelizadores" por aí querendo acabar com os valores da família.

A mulher é a coluna-mestra da família, mas infelizmente os "desevangelizadores" estão fazendo com que nossas moças desacreditem das famílias, tornando-se assim más mães. Isso é um sinal de que o nosso país está voltando à barbarie. Por que eu digo barbarie? Quando José de Anchieta chegou aqui as pessoas não eram evangelizadas, portanto, não tinham esses valores cristãos. A Igreja não tem uma mentalidade sexual castradora, temos uma moral sexual de família. Fazer sexo não é para lazer, mas sim para formar família.

Quando os portugueses chegaram aqui havia a forma de escambo para adquirir coisas. Os portugueses lhes ofereciam produtos e os índios em troca ofereciam os filhos e as filhas para que tivessem relação sexual. Não se tinha amor à vida. Era uma cultura que chegava a ponto de, quando o filho nascia e não era desejado, o enterravam vivo.

Os evangelizadores, como José de Anchieta, vieram trazer os valores de família. Foi difícil, mas esses valores foram introduzidos aqui. A Rodovia José de Anchieta recebe esse nome porque foi ele mesmo quem abriu uma picada no meio da mata para evangelizar. Não temos como colocar os índios à parte dizendo: “Você tem sua cultura, fique nela”. Se não levarmos a eles o Evangelho o demônio levará o que ele tem de pior. Os índios são pessoas humanas, não são peças de museu. Devemos respeitar as culturas, mas sabemos que elas são mutáveis. Toda cultura muda ou morre.

"Só há um tipo de união que produz o milagre da vida", exorta padre Paulo
Foto: Wesley/CN

Hoje damos graças a Deus por esses homens heroicos que evangelizaram o Brasil. Anchieta lavou os pés de Cristo ao levar a Palavra de Deus para esse povo. Ou levamos o Cristianismo ou o mundo vai levar o que tem de pior. Hoje existem os "desevangelizadores", os antiapóstolos, que se levantam contra os valores da família. A moral católica é a moral familiar.

Quando falamos de José de Anchieta nos vem a imagem na mente de um quadro que ficou famoso em que há um padre com uma vara escrevendo na praia. O que era aquilo? Era um exemplo heroico de pureza e de santidade, para não pecar contra a castidade, aquele homem decidiu amar a Virgem Maria. E por isso escrevia poemas em latim dedicados a Nossa Senhora na areia da praia e o decorava antes que as ondas o apagassem. Este é um homem que amou profundamente as mulheres, pois as respeitou e não as usou.

Nós cristãos dizemos: “Mulher, você é sagrada e o sexo é sagrado e tem que ser vivido dentro de um vínculo sagrado chamado matrimônio.” E é na união sexual entre homem e mulher que se constitui uma família, pois gera filhos. Só há um tipo de união que produz o milagre da vida, nós viemos assim a este mundo. E por isso a Igreja quer evangelizar.

O maior serviço que prestamos à Igreja, hoje, é arrancar nossos filhos da barbarie. É arrancá-los dos perigos antivida e antifamília. Sejamos como José de Anchieta. Ide, ide pelo mundo evangelizar!

Transcrição e adaptação: Rogéria Nair

 

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