Mesmo no sofrimento permancer em Deus

Padre Hamilton Nascimento
Foto: Wesley Almeida/cancaonova.com

Nesta 5ª Semana do Tempo Pascal, temos acompanhado as leituras dos Atos dos Apóstolos. Hoje, vemos, na liturgia, que Jesus Cristo se revela como a verdadeira videira e nos convida a permanecer n'Ele. Se nós permanecermos em Cristo e Ele em nós seremos um só.

Amados, no Evangelho, temos uma ordem de Deus para nós: amarmos uns aos outros. Mas quando vivemos esse caminho em direção ao Céu? Quando estamos unidos ao Senhor. Um galho fora da árvore nada pode. E nós, sem Jesus, nada podemos fazer!

Muitos de nós estão dentro da Igreja, mas nem sempre ela está dentro de nós. Toda árvore que está em união plena com Deus produz os três “efes”: frutos, flores e folhas.

Há galhos que são depositários de coisas sujas, possuem teias, bichos ou outras coisas, não é mesmo? Eles podem estar presos à mesma árvore que tem galhos bons, mas não são um com ela. Assim também acontece com cada um de nós; falamos que somos de Deus, mas não deixamos que Ele aja em nós.

Às vezes, não fazemos o bem que queremos; até tentamos fazê-lo, mas não o conseguimos. Temos de lutar para sermos santos e ter a coragem de romper com as más atitudes, temos de nos unir a Cristo, que é fonte de paz, misericórdia e amor. Temos de ser os frutos de um bom galho fecundado na árvore da vida.

Celebramos também, hoje, o dia de Santa Rita de Cássia. Ela, muitas vezes, não foi entendida por sua vocação e viveu um vida de sofrimento e incompreensão. Santa Rita era filha de uma família cristã e foi determinada pelos seus pais a se casar, mesmo contra a vontade dela, pois, desde sua infância, almejava a vida religiosa.

Esse homem, com quem ela foi obrigada a se casar, não era bom, e, por diversas vezes, a traía ou arrumava briga com todas as pessoas. Muitas mulheres da cidade iam ter com Rita de Cássia, não entendendo o motivo pelo qual ela mantinha o casamento, pois as vizinhas pediam para ela se divorciar. No entanto, meus irmãos, ela acreditava que “tudo poderia ser mudado pela força da oração”, por isso se manteve fiel, até que, antes de ser assassinado, seu esposo se converteu. Ela ganhou aquele homem para o Céu, graças a sua fidelidade.

Mesmo com a morte do seu esposo, Rita de Cássia vivia outro dilema, desta vez, seus dois filhos queriam vingar a morte do pai. Foram dias de muito sofrimento para aquela família, pois seus filhos estavam decididos a matar os assassinos de seu pai.

A tribulação foi tanta que Rita de Cássia rezou a Deus e Lhe pediu que se seus filhos fossem para o inferno pela morte dos assassinos, que o Senhor, de alguma forma, os tirasse daquela vida. Por causa de uma doença, os dois faleceram sem ter vingado a morte do pai.

"Mesmo em meio a uma situação difícil, nada é impossível," lembrou o padre
Foto: Wesley Almeida/cancaonova.com

Com tudo isso que aconteceu, Rita quis entrar na vida religiosa. Não tendo nem esposo nem os dois filhos, ela quis entrar para vida religiosa. Mas, na primeira tentativa, ao pedir seu ingresso, este lhe foi negado. Até que, de um dia para outro, depois de uma noite de sono, a santa apareceu dentro do mosteiro e as irmãs puderam contemplar o milagre daquela vocação.

Certa vez, depois de ouvir uma pregação, ela ficou impressionada com o amor de Deus. Ao fim da pregação, ao chegar em sua cela, Rita de Cássia pediu que o Senhor compartilhasse com ela as dores e o sofrimento que sofrera na cruz. Apareceu-lhe, então, um estigma em sua fronte. Assim, ela pôde viver os últimos anos da sua vida compartilhando as dores de Cristo.

Daquele estigma saia um mal cheiro tão grande que ninguém conseguia chegar perto dela, a ponto de ela não poder sair de sua cela.

Ao fim da vida, quando estava para morrer, durante um forte inverno, ela mandou que as irmãs fossem a um outro mosteiro e lá colhessem uma rosa. Lá, em meio à neve, elas encontraram a rosa e trouxeram para Rita de Cássia. A flor simbolizava que, mesmo em meio a uma situação difícil, nada é impossível.

Transcrição e adaptação: Luana Oliveira

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