Os sacramentos são cura para as famílias

Padre Alexandre Alessio - Foto: Daniel Mafra

Padre Alexandre Alessio – Foto: Daniel Mafra

Diante da passagem bíblica que fala sobre a cura do leproso e diante da leitura que ouvimos hoje – “Não fechei o coração, ouvi a voz do Senhor” –, se nossa escuta do Evangelho não for boa, se não lhe dermos atenção, corremos o risco de não ver a graça de Deus passar em nossa vida.

Uma forma de recebermos a graça do Senhor em nossa família é ouvindo as palavras d’Ele, pois nela está a vontade de Deus para nós. Se chamarmos Deus de Pai, teremos de agir como filhos d’Ele.

A vontade do Senhor para nossa vida é maravilhosa, é fantástica! Portanto, precisamos estar abertos à ação do Espírito Santo. Na família, a fé faz toda a diferença.

Por mais que seja difícil e exigente, a família que tem fé honra o quarto mandamento até o fim. Quer perceber a diferença que faz a fé? Quando vamos a um velório, a família que tem fé chora, sofre, mas não se desespera; ao contrário, dá testemunho de fé, de oração. Essas famílias não estão sozinhas, a comunidade está junto com ela, consolando-os. Já a família que não tem fé chora com remorso, são choros dolorosos de coisas escondidas por detrás, por não ter sido um bom esposo, um bom filho.

O fato de você ter fé não quer dizer que você não terá problemas. Todas as famílias têm seus desafios, seus problemas. Que diferença, então, faz a fé? Podemos dar uma resposta diferente, um testemunho.

O milagre da cura do leproso, no Evangelho, não foi simplesmente uma cura, mas uma obra de ressurreição, porque o leproso, naquela época, era obrigado a se retirar de sua casa, do seu trabalho, enfim de todos os seus afazeres. Este leproso do Evangelho tinha fé! Ele, de algum modo, já tinha ouvido falar de Jesus, por isso aproximou-se d’Ele e Lhe disse: “Se queres, podes me purificar”.

Não há situação, por mais sofrida que seja, que Jesus não possa curar. Talvez você possa estar em uma situação no seu casamento, que o divórcio parece a única solução. Não pense que é o fim da linha. Precisamos ter a ousadia do leproso do Evangelho e ir ao Senhor para Lhe dizer: “Se queres, pode me ajudar!”.

Quando o leproso foi a Jesus dizendo “Se queres”, ele não duvidou, tinha certeza que Jesus era o único que poderia curá-lo, sabia que humanamente era impossível alcançar a cura.

A força dos gestos de Jesus tem poder sobre nossa vida. Naquela época, não havia resposta para a lepra, mas aquele homem foi confiante à presença de Deus. Quando somos ousados na fé, Nosso Senhor também é ousado conosco.

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Peregrinos participando da quinta feira de adoração – Foto: Daniel Mafra

Se tivermos a nossa dispensa cheia, iremos ao vizinho em busca de algo emprestado? Não! Porque temos tudo em casa em abundância. Portanto, assim é a Igreja, temos tudo em abundância, mas, às vezes, não fazemos uso dessa graça. Os sacramentos nos conferem todas as graças de que precisamos, mas há cristãos megalomaníacos, que querem esperar encontros de cura e libertação para receber as graças de Deus. Esses eventos são importantes, mas não é preciso esperar que eles aconteçam para receber a graça do Senhor.

Não podemos desconsiderar também que Deus quer agir em nós por meio dos sofrimentos, pois eles nos aproximam do Senhor. Quando estamos muito bem, nosso relacionamento com Deus pode perder a qualidade, porque não damos tempo a Ele. Quando não estamos muito bem, nosso coração se abre e, em um versículo simples, Deus fala profundamente ao nosso coração.

Precisamos rever nossa participação nos sacramentos. Muitas vezes, nós nos esquecemos de nos preparar para ir à Santa Missa, como chegar antes e fazer silêncio. Não devemos nos preocupar com os problemas durante a Celebração Eucarística, pois ao voltarmos para casa, o problema estará do mesmo jeito, quem precisará estar diferente somos nós.

Ao voltarmos para casa precisamos estar com semblante leve, agradável; não com cara de “limão azedo”. Isso sim evangeliza o cônjuge que ainda não conhece Deus.

Como todos os outros sacramentos, a confissão nos ajuda muito. Sem exame de consciência, sem desejo de recomeçar, não há relacionamento que vá para frente. Não podemos ter vergonha de recomeçar, mas para isso é preciso admitir os erros. Quando o padre dá a absolvição, você deve estar preparado para a graça de Deus que vai chegar. Ter fé é escolher acreditar naquilo que não se vê. Se agora você não está enxergando, não se preocupe, no céu você enxergará.

Transcrição e adaptação: Rogéria Nair

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