Consolados, possamos consolar os que se acham em aflição

Prof. Felipe Aquino

Deus nos consola para que possamos consolar os outros

Prof. Felipe Aquino. Foto: Daniel Mafra/cancaonova.com

Prof. Felipe Aquino. Foto: Daniel Mafra/cancaonova.com

Estamos num momento muito importante para nosso país, por isso precisamos nos lembrar de que, por volta de 1930, o então Cardeal do Rio de Janeiro, Dom Sebastião Leme, e também o Presidente da República do Brasil, na época, consagraram o país a Nossa Senhora Aparecida.

É importante lembrarmos que “o que ligarmos na terra será ligado também no céu”, então, que Nossa Senhora faça, neste tempo, o melhor para o Brasil! Nosso país é a terra de Santa Cruz.

Os portugueses eram muito religiosos, por isso mandaram 17 sacerdotes na expedição que descobriu essas terras. Este país nasceu sob o signo da cruz. Terra da cruz, terra de Cristo, terra de Deus. Que cada brasileiro consagre o Brasil a Nossa Senhora Aparecida.

Consolados para levar consolação

A Palavra para esta pregação é: “Bendito seja o Deus e Pai de nosso Senhor Jesus Cristo, o Pai das misericórdias e Deus de toda consolação. Ele nos consola em todas as nossas aflições, para que, com a consolação que nós mesmos recebemos de Deus, possamos consolar os que se acham em toda e qualquer aflição.
Pois, à medida que os sofrimentos de Cristo crescem para nós, cresce também a nossa consolação por Cristo.
Se passamos por aflições, é para vossa consolação e salvação; se somos consolados, é para vossa consolação. E essa consolação sustenta vossa constância em meio aos mesmos sofrimentos que nós também padecemos”
(II Cor 1,3-6).

Deus nos consola para que consolemos os outros. Essa é a palavra profética para o dia de hoje.

A consolação é para nossa santificação! Até Jesus, em Sua via crucis, quis ser consolado. Nossa Senhora veio ao encontro d’Ele, que passou por todo sofrimento possível, tanto no corpo quanto na alma. Mas por quê? Porque Ele iria tirar todo pecado da humanidade, por isso sofreu no corpo e na alma.

Não sabemos o que Maria e Jesus conversaram, mas sabemos que eles trocaram olhares. Era como se Jesus dissesse a ela: “Minha Mãe, vamos comigo! Vamos salvar a humanidade, vamos até o fim!”.

Temos também a Virgem das Dores para nos consolar

Ninguém sofreu como a Virgem Maria. Foi-lhe dito que uma espada transpassaria sua alma. Acho que essa espada ficou na cabeça dela a vida inteira…

Quando Jesus nasceu, quando estava com 40 dias de vida, José e Maria tiveram de atravessar o deserto com Ele, um ambiente inóspito. Quando Ele se perde no templo, podemos imaginar a angústia que sua Mãe sentiu! Imagine a Mãe perder Aquele que era o Filho de Deus! “Estávamos aflitos à Sua procura”, disse Maria ao Menino. Por essa aflição que experimentou, Nossa Senhora, agora, é capaz de nos consolar também em nossas dores.

Que dor ela sente quando encontra seu Filho no Calvário! Quando ela O vê morrendo de dor, pregado no madeiro! Os santos dizem que se não fosse uma graça especial, ela teria morrido de desgosto.

João usa a expressão “de pé diante da cruz”, querendo significar que ela sabia o porquê de tudo aquilo. Maria oferece suas dores em favor da humanidade, ela oferece a Deus sua dor em nosso favor.

As dores da Mãe da Consolação

A outra dor de maria foi receber o corpo de Jesus, todo destruído! Imagine uma mãe ver seu filho morto e esfacelado. Sua última dor foi sepultar seu Filho às pressas, enterrá-Lo às pressas, pois nenhum corpo poderia ficar na cruz. No domingo, de madrugada, as mulheres foram à sepultura. Para quê? Para terminar o que não deu tempo de fazer no dia anterior, que não poderia se fazer na sexta-feira.

Não há dor que você possa passar nessa vida que Nossa Senhora já não tenha passado! Jesus é o Homem das dores; Maria, a mulher das dores. Jesus desatou o nó da desobediência de Adão; Maria desatou o nó da desobediência de Eva.

Para consolar os outros, nós precisamos ser consolados. Por que existe sofrimento? A única instituição que explica o sofrimento de forma coerente é a Igreja. Toda lágrima que existe no mundo é consequência do pecado. Não só o meu pecado, mas o de toda a humanidade.

Peregrinos participam da Quinta-feira de Adoração na Canção Nova. Foto: Daniel Mafra/cancaonova.com

Peregrinos participam da Quinta-feira de Adoração na Canção Nova. Foto: Daniel Mafra/cancaonova.com

A misericórdia supre a justiça, mas não a apaga

A nossa salvação custou a morte de Deus. Ele, como verbo eterno, não poderia morrer; então, assumiu a natureza humana para que pudesse sofrer e morrer.

A misericórdia supre a justiça divina, mas não a apaga. Deus é misericordioso, mas é justo.

Imagine alguém que deve um dinheiro a você: existe uma consequência nisso. Mas você diz: “Não precisa me pagar!”. A justiça diz que essa pessoa precisa lhe pagar, mas você decide assume o prejuízo. Jesus disse: “Eu assumo, eu morrerei no lugar deles”. O Senhor pagou o preço do nosso perdão.

Deus nos consola para consolarmos os outros. Jesus foi consolado por Sua Mãe, foi consolado também pelo cirineu. O Senhor passou por uma noite terrível de tortura, depois foi flagelado. Ele suava sangue de tanta agonia! Foi jogado num calabouço. Ele não tinha mais força. E o que Deus diz sobre isso: “Você será consolado por um cirineu”.

Jesus foi consolado pelas mulheres, por Maria de Cléofas. E Ele as consolou. Jesus, mesmo sofrendo, consola os outros. É Deus dizendo que, quando tiramos o olhar da nossa angústia, esquecemos um pouco da nossa dor e assim ela fica suportável.

O bem, a santidade faz um mundo melhor

Ouvi o testemunho de uma moça que tinha uma depressão profunda. Ela disse a si mesma: “Vou fazer caridade”. Ela Ia a um asilo e dava banho nos velhinhos. Essa moça se curou e disse: “Nunca mais paro de fazer caridade”.

Conheci um garotinho que, um dia, caiu e se machucou, mas ninguém ligou para ele. Então, começou a dizer: “Aí que dó de mim!”. Nós adultos fazemos assim também: “Aí que dó de mim!”. Essa é a receita para você duplicar seu sofrimento e entrar numa depressão.

Por que o sofrimento entrou no mundo? Deus nos criou para a imortalidade, mas, por inveja, o demônio fez o ser humano pecar e introduziu a morte no mundo.

A pior coisa que existe no mundo é o pecado, porque ele gera tristeza. A santidade, ao contrário, gera alegria, diz Santo Agostinho.

Jesus está conosco sempre

Jesus não veio para fazer milagres, nem para fazer isso ou aquilo, Ele veio para tirar o pecado do mundo. A Igreja é a continuação de Cristo, e ela existe para tirar o pecado do mundo.

A consolação vem a nós também quando vivemos a santidade. Deus colocou os sacramentos, colocou a Virgem Maria para nos consolar, mas a busca da santidade também nos conduz à consolação.

Jesus disse que estaria conosco todos os dias, em nossas doenças e nossos sofrimentos. Ele se identifica com a pessoa que sofre, Ele está na pessoa do sofredor.

Madre Tereza, certa vez, encontrou um sujeito na rua e o levou embora, para cuidar dele. Um dia, ele lhe perguntou: “Por que a senhora está cuidando de mim? Eu estou vendo a cruz na parede, vejo sinais de Jesus em todo lugar, mas eu sou indu, eu não acredito no Cristo”. Ela disse: “Eu cuido de você, porque Jesus está em você”.

Porque Jesus está no sacrário? Para que possamos chegar perto d’Ele. Se Ele estivesse só na Sua glória, seria difícil chegarmos até Ele. Então, Ele se esconde no sacrário, porque, se aparecesse no esplendor da Sua glória, teríamos medo d’Ele.

Deus tira um bem até mesmo do mal

Entendamos que o Senhor permitiu que pecássemos, porque somos livres. Deus nos fez livres para fazermos o bem ou o mal. E quando fazemos o mal, o Senhor o transforma em matéria-prima de salvação. Ele pega nosso sofrimento e faz dele matéria-prima de salvação. Por isso, Jesus usa o sofrimento para salvar a humanidade, e nós podemos ofertar nossos sofrimentos pela salvação da humanidade.

O sofrimento também é para nossa santificação. Na carta aos Hebreus, vemos por que Deus permite que passemos por tribulações. “já esquecestes as palavras de encorajamento que vos foram dirigidas como a filhos: “Meu filho, não desprezes a correção do Senhor, não te desanimes quando ele te repreende; pois o Senhor corrige a quem ele ama e castiga a quem aceita como filho”. É para a vossa correção que sofreis; é como filhos que Deus vos trata. Pois qual é o filho a quem o pai não corrige? Pelo contrário, se ficais fora da correção aplicada a todos, então não sois filhos, mas bastardos” (Hb 12, 5-8. O Senhor criou o mundo e estabeleceu leis. Se alguém pular de um prédio de 10 andares, vai sofrer a lei da gravidade, mas se Deus tirar a lei da gravidade, acabará o mundo.

Deus não é paternalista, Deus é pai. Ele castiga todo aquele que se reconhece como filho. Uma doença, às vezes, que você sofre; sua empresa que quebra… Tudo isso não nos é permitido por Deus por maldade, mas para nos tirar do inferno. “Estais sofrendo para vossa correção”.

Se Deus não nos corrigisse, não nos teria como filhos, mas por bastardos. Não tenhamos medo da correção nem do sofrimento, porque este arranca de nós as raízes do pecado, do apego à fama, à glória e à gula.

Como sofrer menos?

Qual é o jeito de sofrer menos? Pecando menos. Qual o filho que tem mais castigo? É o filho desobediente. Aquele filho bom, quase não é castigado. Mas Jesus foi obediente e sofreu tanto! Foi para expiar as nossas desobediências.

O justo vive pela fé. Temos de lutar contra o sofrimento, mas, quando o vivemos, temos de dar glória a Deus por ele. Não pelo sofrimento em si, mas pelo bem que sabemos que Deus vai tirar dele.

Não é fácil viver isso! Para mim, que estou pregando isso, também não é fácil. Eu sei disso! Mas peçamos a Deus a graça de chegarmos à santidade.

Amém!

Transcrição e adaptação: Sandro Arquejada

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