Somos filhos do céu

Monsenhor Jonas Abib

Para nós entendermos este Evangelho (Mateus 5,1-12), precisamos por a perspectiva do que falávamos hoje cedo. Somos cidadãos do Céu, lá é a nossa pátria, estamos em gestação para chegar lá.

É preciso que, o homem novo, a criatura nova que está em você, nasça. A morte não é o fim, e o cristão que entende o que é a morte, não se angustia. Igualmente, a morte na nossa visão é algo doloroso e causa-nos espanto, mas na verdade a morte é um nascimento. Quem teve o primeiro nascimento, merece ter o segundo nascimento, sendo este no Céu, pois, foi para isso que Deus nos fez.

Estamos grávidos do Espírito Santo, fazendo esta gestação contando com a nossa colaboração, pois, a parte de Deus nunca falha, somos nós a falhar na nossa parte. É uma transformação que acontece como se estivéssemos dentro de um casulo, esperando para sair de dentro uma borboleta. E nem podemos imaginar que daquele casulo pode sair uma borboleta linda. O que você vê? Se você se considera uma pessoa linda, que bom! Mas, o lindo não é o que vemos. O mais lindo, é aquilo que não se vê. A transformação que acontece dentro de nós é a coisa mais linda da face da terra.

Para um homem novo, mulher nova, só pode ter um Mundo Novo. Tornaram-se criaturas novas. São criaturas novas que estão em transformação e que às vezes, levam uma vida imprópria para quem está em transformação. Somos pessoas do Céu, somos cidadãos do Céu e precisamos chegar lá. Como a borboleta, esperando para sair.

O profeta Sofonias (Sofonias 2,3; 3,12-13) fala-nos da ressurreição final que está dentro de você, para que você viva a vida eterna, a vida de Deus. E para viver a vida de Deus, você precisa ser transformado, pois no Céu só entra quem leva uma vida semelhante à vida de Deus.

Para viver com Deus, temos que ser transformados, pois precisamos viver desde agora a vida em Deus, como candidatos a uma vida Divina para podermos não gozar desta vida, mas desfrutar por toda a eternidade a vida de Deus. Este é o nosso destino.

Eu sou filho do Céu. Eu vim do Céu, e estou voltando para o Céu, e tenho que viver aqui a vida de filho do Céu. Tenho que viver já! Agora! A vida de um filho do céu não é igual à de um filho desta terra. Para cada criatura nova ter uma vida nova, Jesus nos traz o Sermão da Montanha, as Bem-Aventuranças.

O Evangelho diz: “Vendo Jesus as multidões, subiu ao monte e sentou-se”. (Mateus 5, 1). Jesus conhecia muito bem a Palavra de Deus, a ‘torah’, e aqueles que também escutavam a Palavra também a conheciam. Moisés trazia tudo aquilo que Deus o havia dito, deixando por escrito as duas tábuas da lei sendo elas os modos de vivermos como filhos do Céu.

Do Antigo Testamento à chegada de Jesus. Ele faz uma ruptura, não retirando nada daquilo que Moisés escreveu. Ele não retira nem um pingo, nem um ‘i’, pois Ele vem trazer a vida nova.

O que Jesus traz nas bem-aventuranças, é uma mudança de mentalidade. Meus irmãos, ainda hoje continuamos a viver com mentalidade velha, pior do que no Antigo Testamento, própria do príncipe deste mundo, daí a expressão: “Me deixa gozar desta vida!” Infelizmente, não só aqueles que não conhecem a Deus, mas, também aqueles que conhecem e entregaram a sua vida a Jesus, receberam a graça do batismo, estão vivendo como o príncipe deste mundo. 

É dia da mudança! É dia de câmbio! Filho do Céu tem que viver como filho do Céu. Tem que viver como à moda do Céu, como filhos de Deus. Aquilo que para os filhos do mundo são valores, para os filhos do Céu não são.

A nossa vida, não é feita de moleza. Temos uma meta, subir o Monte. Sou filho do Céu, devo buscar as coisas do alto, correndo todos os riscos, mas chegando lá em cima.

Os filhos do Céu não podem viver deslizando, brincando, gozando, sem perceber que estão deslizando, escorregando… “sei que você entendeu”. Assim como as crianças gostam de escorregar nos ‘tobogans’, assim também é o caminho que nos quer levar à perdição. Aquele que quer levar você, não fez nada por você. Ele só tem sido desleal, seduzindo-o com coisas. Quanta gente vivendo assim, deslizando, como o porco que gosta do lugar onde mora. Você não é filho de porco. Como filho do Céu, Deus está te agarrando, às vezes, trombando com você, e é uma trombada linda.

O que é valor neste mundo, não é valor para nós. Aquilo que vivemos parece tolice, é o que diria quem está na beira da praia, olhando para aquele que está escalando uma montanha. Ah! Como você é bobo, se esforçando à toa para escalar esta montanha. Vem pra cá! Vem ficar aqui!

Este é o sentido das Bem-Aventuranças, indica pobreza, aquele que vive com simplicidade de coração, aberto a Deus, uma pessoa dócil, mais que obediente.

“Anavim” , no hebraico, de onde vem esta palavra que significa quem nada tem, são os pobres de coração, no sentido exato da palavra e não houve outro modo de traduzir senão; pobres de coração, aberto as coisas de Deus, dócil, pois sabe que é filho do Céu. Quantas vezes na brincadeira, dizemos: “Poderoso, hein! Poderosa, hein!” Esse poder não é nada, pois a graça está sobre os pobres de espírito. Grande parte das pessoas apóiam a corrupção, abraçando, dizendo que eles que são os espertos. Ao contrário, os filhos do Céu têm fome e sede de justiça. Não como àqueles que dizem: “Errou, errou! Pau, pau! Pedra, pedra! Não é assim!” É o contrário, Deus vê com o coração. E, Jesus continua Bem-aventurados os que promovem a paz… Bem-aventurados os que são perseguidos, pois, os que buscam a justiça, sempre serão perseguidos. Ele diz: “Alegrai-vos e exultai-vos, pois será grande a tua recompensa nos Céus”.

O profeta diz: “Buscai o Senhor, os humildes desta terra”. Os “Anavim”. Pois haverá um dia meus irmãos, em que o Senhor vai ajustar contas com o príncipe deste mundo, por aqueles que o seguiram. Deus tem sido misericordioso, e aquele lado da moeda terminou. Por isso que Ele não pune os maus, vejam como eles vivem. E na verdade as pessoas querem viver como eles. Ele não pune, nem castiga, Ele é misericórdia. Quando chegar a hora, Ele vai ajustar contas. Ele é misericórdia, mas também ‘todo justiça’. Coitados daqueles que vão ser tratados com a justiça de Deus. Por que Ele é mal? Não! Porque Ele é justo. Ai daqueles que forem tratados com a justiça de Deus.

As Bem-Aventuranças não são para depois da morte, mas agora, já aqui. Aquele que veio do Céu disse-nos que estamos sendo transformados como a borboleta. Vamos ser gerados e eternamente seremos filhos do Céu. Eu sou filho do Céu, é assim que eu quero viver, morrer, passando para a vida eterna e com Ele estarei por toda a eternidade.


Transcrição: Rogério Viana

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