Tenha confiança e nada tema

Padre Márlon Múcio

Libertos de todo medo

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Padre Marlon, mss. Foto:Arquivo/CN

Eu não tenho dúvida de que Deus deseja nos libertar de todo medo e nos conceder um Espírito de desassombro, uma autoridade apostólica, uma intrepidez ministerial.

Começamos esse acampamento no Santuário do Pai das Misericórdias e estamos encerrando no mesmo local. Durante todo o fim de semana pudemos constatar que a experiência com o Pai foi muito forte nesse encontro, vimos que Ele nos conduziu pelas suas mãos de Mestre.

O tema do acampamento é “Tenho confiança e nada temo” (Is 12,2). Essa precisa ser a nossa direção: tenha confiança no amor de Deus e nada tema. Nada tema e tenha confiança.

Na primeira leitura vemos Jeremias, na segunda São Paulo e no Evangelho, Jesus. Em Jeremias está escrito “Desde o ventre da tua mãe eu te escolhi” (Jr1,5) e anteontem rezamos pela cura dos medos desde a nossa gestação.

Jeremias tomou consciência de que o Senhor o tinha escolhido desde o ventre materno e você também pode dizer com convicção: Deus me quis, Deus me sonhou, eu fui querido pelo Senhor.

Jeremias, assim como muitas vezes nós fazemos, deu uma desculpa ao chamado do Senhor: “Senhor, eu não sei falar, sou apenas uma criança” (Jr 1,6). Mas Deus respondeu a Jeremias: “Vamos, põe a roupa e o cinto, levanta-te e comunica-lhes tudo que eu te mandar dizer: não tenhas medo, senão eu te farei tremer na presença deles” (Jr 1,17)

São Paulo, na segunda leitura, escreve à comunidade de Corinto o belíssimo hino à caridade. Mas Paulo não nasceu Paulo, ele um dia foi Saulo e, no caminho de Damasco, caiu o perseguidor dos cristãos. Em Damasco se levantou aquele que geraria novos cristãos.

Paulo também colocou suas desculpas, ele não fazia parte dos apóstolos, muitos não acreditavam na sua conversão. E, apesar de Corinto ser uma comunidade que tinha muitos dons, faltava o amor.

No Evangelho Jesus enfrenta a incompreensão no profetismo, no anúncio da palavra. O Senhor não foi bem acolhido por seus conterrâneos. Mas, mesmo diante de tanta incompreensão, o Senhor continuou o caminho.

Somos chamados a ser profetas

Jeremias, São Paulo, nosso Senhor Jesus Cristo, em cada momento, em situações que lhe eram adversas, foram escolhidos a dedo para serem profetas e profetizarem. Quando fomos batizados, fomos mergulhados no profetismo de Jesus. Ser profeta é ser boca de Deus, ser olho, pé, mão, coração de Deus.

O profeta é aquele que é sacudido em seus medos e melindres e primeiramente ele tem que se superar, se vencer. Ele precisa se deixar conquistar, se apaixonar pelo Senhor, para depois muitos conquistar para o Senhor. Os personagens da liturgia de hoje poderiam ter sido paralisados pelo medo, mas não foram.

Queremos pedir nessa Santa Missa a unção de profeta, na verdade já a temos, mas queremos deixá-la aflorar, nos tomar. Talvez você queira ter o controle da sua vida, mas queira entrar na dinâmica de Deus. Esteja disposto a ser uma Igreja de portas abertas, a ser expressão misericordiosa do Senhor. Poderíamos nos contentar em ficar quietos, mas Deus quer mais de nós.

Hoje também celebramos a festa de Dom Bosco. Sua mãe teve um sonho e ele foi marcado para uma missão. Você, quando estava no ventre de sua mãe, Deus te deu um propósito de vida.

Pelo amor de Deus tudo façamos e tudo façamos para o amor Deus. Se você não for o que Deus sonhou, você poderá ser tudo, mas o medo continuará te tomando e você será insatisfeito e continuará “in-satisfazendo” o coração de Deus.

Nós não estamos nessa vida a passeio, todos somos missionários. Viver é fazer dessa vida uma missão.

Ore e tenha uma ressonância imensurável em sua família.

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Transcrição e adaptação: Regiane Calixto

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