Instituição e carisma são inseparáveis, diz Dom Rylko

Instituição e carisma são dimensões da Igreja que dependem uma da outra, enfatizou o presidente do Pontifício Conselho para os Leigos, Dom Stanislaw Rylko, nesta manhã, em Lavrinhas (SP). O enviado do Papa indicou aos 30 bispos amigos das Novas Comunidades da Renovação Carismática como lidar cada vez melhor com as novas associações de fiéis suscitadas pelo Espírito Santo.

"A Igreja é uma pluralidade única e uma unidade plural", iniciou Dom Rylko, citando São Bernardo de Claraval. Ressaltou que na obediência os cristãos são de um carisma ou outro, mas na caridade todos pertencem a todos.

Conforme o pensamento do Papa Bento XVI, o bispo afirmou que São Francisco de Assis foi um exemplo prático de como a dimensão institucional e carismática da Igreja caminham juntas. Na época do santo, a Igreja precisava de uma "renovação carismática no interior e não só de ações administrativas e políticas". Mais à frente, quase que a contragosto do seu fundador, surgiu em termos jurídicos a Congregação Franciscana.

Tanto a hierarquia, quanto os movimentos "brotam do Espírito Santo" e não são opostos um ao outro, disse Dom Rylko, lembrando direcionamentos de João Paulo II. "O Espírito Santo não se limita a santificar o povo através dos sacramentos e ministérios, mas distribui a cada um os próprios dons como compraz". Reforçou também que "o Espírito Santo dirige a Igreja com uma liberdade soberana" e o Concílio Vaticano II rejeitou a desconfiança da autenticidade dos carismas.

Dom Rylko disse que cabe aos bispos verificarem a autenticidade dos carismas que vão surgindo, não "extinguindo o Espírito, mas examinando tudo e ficando com o que é bom". Um carisma genuíno tem características como manifestação dos carismas e frutos do Espírito, afinidade espiritual entre seus membros, harmonia com as autoridades da Igreja, podendo haver "críticas proféticas", mas jamais deixando de lado a unidade e comunhão.

Aos estudiosos do assunto, afirmou que a relação entre instituição e carisma na Igreja não é dialética (encontro de forças opostas), mas orgânica, co-essencial e complementar. A dimensão carismática "não é assessório ou ornamento, mas, ligada à Instituição, é elemento estrutural da Igreja".

Dom Rylko quis tranqüilizar os fundadores de Novas Comunidades quanto ao processo de reconhecimento de um carisma junto à Santa Sé. O bispo reconheceu que este é "um processo delicado e complexo de sofrimento, porque os instrumentos jurídicos da Igreja não são suficientes para expressar a riqueza do carisma". Alertou que o reconhecimento não é uma etapa final, mas a partir disso todos devem aprofundar a vivência de seu chamado e olhar sempre para seus fundadores e para o evento de nascimento.

O bispo finalizou dizendo que é preciso escolher "a lógica do Espírito Santo e a primazia da graça" nestes tempos que lançam "desafios dramáticos" à Igreja.

Esta foi a primeira vez que bispos de 9 países se reuniram para tratar do assunto das Novas Comunidades ligadas à RCC. O encontro teve início na noite da última segunda-feira, dia 30, e terminou ao meio-dia desta quarta-feira, dia 1º de novembro.

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