Encontrar o Cristo é deixar tudo

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Padre Roger Luís. Foto: Arquivo/cancanova.com

Deus age de diversas formas para que façamos a experiência do encontro com Cristo. Quero ler um testemunho:

“Meu nome é Sônia de Albuquerque Domingues, sempre acompanho a Missa do Clube da Evangelização e em uma das quartas-feiras senti uma queimadeira no estômago, chorava de dor e o senhor proclamou exatamente o que eu estava sentindo, que não era simplesmente uma dor, era uma forte queimadeira. E a queimadeira desapareceu. Estou curada graças a Jesus e Nossa Senhora Aparecida”!

Essa é uma maneira de Jesus se encontrar com a Sônia, a partir da abertura do seu coração. Esse Jesus, que é Deus, sempre vem ao nosso encontro!

Quando nos deparamos com pessoas que se encontraram com Jesus vemos uma característica muito comum: o deixar; abandonar vícios, hábitos, ações, comportamentos… Quando vemos o testemunho de uma pessoa que teve um encontro com Jesus, a pessoa relata um estilo de viver antes e depois do encontro com Deus.

Os nossos testemunhos são marcados pelo verbo “deixar”. Quando nos encontramos com o homem perfeito: Jesus Cristo, o homem maduro que é Jesus Cristo, percebermos que estamos distantes do que devemos ser, aí somos impelidos, provocados por Ele, pela ação do Espírito de Jesus, a rever a nossa vida, o que está e o que não está de acordo com Ele. O que eu preciso deixar para seguir Jesus? Encontrar o Cristo é deixar tudo aquilo que me impede de honrá-lo. Gênesis 12,1:

“O Senhor disse a Abrão: Sai-te da tua terra e da casa de teu pai, para a terra que eu te mostrarei.”

Somos abençoados por esse homem que se permitiu conduzir por Deus. Ele deixou sua visão falsa, era um idólatra, mas quando experimentou o Deus verdadeiro que falou com ele, que pediu que ele deixasse sua terra, imediatamente deixou a idolatria e começou a adorar o único Deus.

Nós estamos vivendo um materialismo exacerbado, só ouvimos a palavra ganhar e nunca deixar. É bônus, acréscimo… Mas quando encontramos o Cristo e temos uma experiência com Deus, fazemos uma experiência de deixar. Nosso pai fundador, Monsenhor Jonas Abib, nos ensina que precisamos constantemente ter um encontro pessoal com Jesus, se possível todos os dias.

No dia que seu pai e sua mãe se uniram e ele colocou a sementinha lá e fecundou o óvulo, passamos a existir e fomos sendo gerados no ventre da nossa mãe. O seu nascimento já é uma ação natural que revela o espiritual. Precisamos deixar o ventre da nossa mãe, a alimentação que vinha dela, tudo o que vivemos durante 9 meses. Nascer requer essa capacidade de deixar.
A segunda coisa que devemos deixar é a amamentação. Precisamos desmamar. Depois a criança entra no período da infância e precisa depois deixá-la para entrar na adolescência e deixar a adolescência para entrar na juventude e depois a vida adulta, a melhor idade…

O processo da natureza humana é um processo de deixar. “O filho deixará o pai e sua mãe e se unirá a sua esposa”, diz a Palavra. É um processo natural. O filho um dia vai ter que deixar os pais para se casar, se ele tiver a vocação matrimonial. Se ele tiver vocação à vida religiosa, vai deixar a casa para entrar no seminário, ou numa comunidade…

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“Eu deixo para vocês meu testemunho pessoal: eu deixei tudo para seguir Jesus e hoje sou plenamente realizado.”, afirma padre Roger Luís. Foto: Arquivo/cancaonova.com

Quero dizer aos que estão sendo chamados ao sacerdócio que não tenham medo de deixar. Moças que estão sendo chamadas à vida religiosa ou a uma Comunidade, não tenha medo de deixar! Jesus chama rapazes ao sacerdócio, moças à vida religiosa… Não tenha medo de deixar tudo se esse é o chamado de Deus para sua vida.

Eu deixo para vocês meu testemunho pessoal: eu deixei tudo para seguir Jesus e hoje sou plenamente realizado. Passo por perdas, por decepções, provações, mas vale a pena! Minha vitória está na eternidade!

Mateus 4, 18:

“Caminhando à beira do Mar da Galileia, Jesus viu 2 homens: Simão, chamado Pedro, e André, seu irmão, os quais lançavam as redes ao mar, porque eram pescadores. E disse-lhes: Vinde após mim, e eu vos farei pescadores de homens. Então eles, deixando logo as redes, seguiram-no.”

Entendam a rede como a vida velha. Não era pecado pescar, mas existia um projeto de Deus para eles: fazê-los pescadores de homens. Precisamos deixar o que nos retira de Jesus, do Evangelho, do seguimento a Cristo.

 “Ao passar Jesus viu um homem chamado Mateus e disse: segue-me. Ele se levantou e o seguiu.”(Mateus 9,9).

Mateus deixou tudo para trás, a corrupção a qual estava submetido, porque ele cobrava impostos acima do que devia. Ele não veio chamar os justos, mas os pecadores, para que caminhem na justiça, na santidade. Encontrar o Cristo requer de nós essa decisão: deixar tudo para segui-lo.

O Papa emérito Bento XVI disse em uma homilia que se engana aquele que pensa que Jesus nos tira algo. Na verdade, ele nos dá. Ele retira aquilo que não deve ser nosso. E não tira, mas dá tudo, nos purifica, nos leva à originalidade. Diga comigo: eu preciso desse novo! Eu quero encontrar-me contigo, deixar o que era velho para viver essa vida nova!

Aqueles que se decidem viver a vida nova em Cristo vivem uma vida abundante. Não é ausência de problemas, mas é saber que a benção de Deus está sobre mim e por isso eu vou ultrapassar esses problemas. É encarar a enfermidade sabendo que Cristo pode curar e, se não me curar, é saber que posso oferecer a minha dor pela minha salvação e a salvação dos outros.

E temos outros exemplos de pessoas que deixaram a vida velha: Zaqueu (relatado no Evangelho de Lucas 19), também a adúltera que deixou o adultério, deixou a vida errada…

É decisão pessoal. Jesus não te obriga a nada. Tantas pessoas estão tristes porque estão apegadas ao cargo, ao nome, aos prazeres… E vão se infernizando, vão vivendo uma vida infeliz. Pessoas que se negam a ser pessoas para ser personalidades, numa vida falsa, de internet, de mentira…

Deus não quer que sejamos personalidades, mas pessoas que nasceram da água e do Espírito, que se encontraram com Jesus e tiveram a coragem de deixar a vida velha, a tristeza, os vícios, os ressentimentos, o espírito de vingança, o orgulho, de achar que é o sabichão, o sensual, a sensual, o tráfico, o crime, o pensamento de morte, a corrupção…

O que me ajuda a deixar é saber que um dia vou morrer. Só temos o hoje! Preciso deixar a negligência, a malevolência, a concupiscência, porque o sangue de Jesus foi derramado para nos lavar. Foi por mim, foi por você! Passou o que era velho! Eis que tudo se fez novo!

Transcrição e adaptação: Thaysi Santos.

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