Libertação da corrupção da alma

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Eros Biondini. Foto: Arquivo/cancaonova.com

Eros Biondini: Deus quer sempre tocar o nosso coração. Essa é a coisa mais importante que Deus quer fazer em nossa vida para que sintamos a presença d’Ele. Um Deus que nos quer dar a oportunidade de senti-Lo.

A nova evangelização também requer uma “re-evangelização”. Como Nicodemos que foi tomado pela unção de Deus ao procurar ouvir as palavras renovadoras de Jesus: “É preciso que você renasça novamente”. Quem de nós, muitas vezes, mesmo com essas experiências, ainda nos sentimos vazios e tristes?

“Kairós” significa “o tempo da graça”. A Leitura de segunda-feira nos diz: “Não perca a graça! Não deixe passar a salvação”. Por isso eu digo: hoje é o tempo da graça, o dia da salvação.

Todas vezes em que, na Canção Nova, é promovido algum encontro, nós estamos na presença de Deus, por isso prodígios, curas e milagres acontecem. Quantas pessoas que estão vivas por causa de uma palavra abençoada [que ouviram por intermédio dessa obra de Deus]! Não me esqueço de um caso em Governador Valadares (MG), onde uma moça estava disposta a se matar e, ao sair do quarto, na porta da sala ela viu o televisor da sala ligado no canal da Canção Nova e me ouviu cantar a música: “Eu tomo posso da graça de Deus”. Ela não só desistiu desse gesto de se matar, como também hoje é uma das grandes lideranças da Igreja Católica em Governador Valadares. Precisamos tomar posse da bênção!

A fé que Deus nos dá não nos faz melhores do que ninguém! É graça de Deus, porque, um dia, nós abrimos o nosso coração para o Senhor entrar. Aquilo que antes era a minha busca, com as drogas e as festas, Deus entrou na minha história e também mudou algo concreto na minha vida e na vida daqueles que comigo eram usuários de maconha. E é esta consciência que nós precisamos ter: tudo pode ser mudado pela civilização do amor, tudo!

Muitas passagens da Bíblia nos mostram que, além de uma mudança de vida, nós precisamos ter uma mudança social e política também. Jesus nos convida a fazermos da nossa fé um instrumento de salvação na vida daqueles que estão sofrendo. São Paulo diz: “Não vos conformeis com este mundo!” (Rm 12,2). Nós não podemos ser como no filme “Titanic”, no qual o navio está afundando e os músicos continuam cantando, indiferentes. Precisamos fazer a nossa parte.

Quem vê Dom Azcona, um homem muito simples, que dá a sua vida ali na Ilha do Marajó pelos filhos de Deus, vê um autêntico testemunho de vida cristão! Pessoas como ele fazem estes trabalhos movidos pela fé. Não podemos fazer a caridade só quando temos algo sobrando em casa. Não! Pela nossa fé, devemos ter atitudes concretas de ação.

Quando queremos falar do Reino de Deus instaurado no mundo, podemos falar da civilização do amor. São João Paulo II diz que “quando nos encontramos com Deus, nós devemos fazer a civilização do amor”. Para isso São Paulo afirma, na I Carta aos Coríntios, 12, 1-11, que Deus distribui dons para todos, para cada um um dom, mas para o bem de todos.

Ouça esta pregação na íntegra:

Ninguém pode dizer: “Eu não sirvo para nada!”. Até mesmo os mais simples podem dizer: “Deus me quer e eu tenho valor para Ele!”. Deus dá dons a todos para o bem comum. Outro dia eu fui para uma cidade do estado do Piauí e lá estava escrito “Show de evangelização beneficente para a paróquia”. Tive a oportunidade de cantar em vários shows e, no sábado passado, quando eu estava me preparando para esta apresentação, desejei muito que várias pessoas fossem. E então senti Deus dizer ao meu coração: “O mais importante não é o show beneficente e o dinheiro que vai ser arrecadado, mas a vida de comunhão que eles experimentam, uma vida beneficente”. Precisamos beneficiar a vida de alguém, por exemplo quando a comunidade se une para fazer o bem e para tirar as pessoas das drogas.

Quando o padre Henrique foi lá a Belo Horizonte e me disse: “Vamos fazer algo juntos para a justiça e paz para ajudar o povo!” surgiu o projeto “Fé, justiça e paz”, porque está escrito na Palavra: “Um dia justiça e paz se encontraram” (Salmo 85,11). Por isso o objetivo deste encontro é que a nossa fé seja “desinstalada”, ou seja, que saiamos do comodismo e façamos algo concreto.

Como é o caso da Sociedade São Miguel Arcanjo, que foi fundada por Marco Roberto Bertoli em 1998. Ele cuida de mais de quatrocentas crianças, que estão na vulnerabilidade social e sem lar.

Marco Roberto Bertoli

A mim coube uma parte mais delicada nesta pregação. Neste ano faz vintes anos que estou no Brasil. E nestes vinte anos eu vi todo o tipo de abandono, de maus-tratos e sofrimentos com crianças maltratadas de quatro a cinco anos de idade. Mas uma das coisas que mais me doem aqui se chama corrupção. Das centenas e centenas de crianças que passaram por mim, vejo que existe um sonho na vida delas que em algum momento foi perdido. E eles dizem: “Pai Roberto, o que vou ser quando eu crescer?” Eu digo: “Vamos ver o que você vai ser. Mas vamos pedir a Deus que, com a Sua força, você possa ser honesto, porque não adianta você ir à Lua se você não for honesto”. A corrupção não está longe, ela está perto de nós, quando como uma professora que quer “estar de boa” pega um atestado médico para passear, mesmo não estando doente. E quando um médico que, por achar que ganha pouco, trabalha menos de oito horas por dia.

Eu não esqueço a história contada por um rapaz anos atrás: “Este ano eu me dei bem. Você acredita que o prefeito queria me dar trezentos reais para votar nele e me pagou quatrocentos certinho!?”. A corrupção entrou no Brasil, porque queremos resultados rápidos. Nós somos imediatistas. Muitas pessoas acreditam que, para ter tudo o que querem de modo fácil rápido, só há um meio: a desonestidade. Hoje o homem que é honesto é visto como bobo e o injusto como esperto. As pessoas querem se dar bem a todo o custo. E muitas delas dizem: “Precisamos de mais educação!”. E você acha que a educação vem da sala de aula? Não. Não é a matemática [nem outra matéria] que vai fazer com que as pessoas sejam educadas e honestas.

Eu conto a história do meu pai que foi trabalhar em plena Segunda Guerra Mundial. E havia um dia da semana em que ele me colocava para estudar. E certo dia, eu encontrei na gaveta dele o seu boletim da quarta série, e vi que ele tinha sido reprovado. Daí lhe perguntei: “O senhor foi reprovado?”. Ele disse que “sim”, mas porque não tinha sapato para ir à escola. E se vermos os nossos pais, talvez eles não tenham tido muito estudo, mas sustentaram nosso país. A honestidade e a força de vontade é que fazem reerguer um país.

Nós nos preocupamos se o governo é desonesto, mas primeiro devemos nos preocupar com a nossa honestidade. É um povo honesto que vai fazer o país ser honesto. É com exemplo, dentro de casa, com exemplo de pai e mãe e de irmãos que isso vai acontecer. Quais são os exemplos que nós vemos? Vejo pequenos exemplos de homens que iluminam a nossa história, como os do Corpo de Bombeiros, que arriscam a vida para salvar a vida de outras pessoas. Nós não somos apenas filhos de portuguesas, de africanos nem de italianos, somos filhos de Deus! Vamos honrar o nosso país e fazer aquilo que a música do Eros diz: vamos viver a civilização do amor.

Transcrição e adaptação: Jakeline Megda D’Onofrio.

Adquira esta palestra pelo telefone: (012) 3186-2600

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