A alegria é dom do Espírito Santo

Padre João Gualberto

A alegria vem de Deus, porque Ele é alegre, é plenamente realizado. Por isso, olhando para nosso Deus, dizemos que Ele é fidelidade, é bondade e justiça. Nossa vida é marcada por coisas que gostaríamos que perdurassem para sempre. Mas, muitas vezes, é preciso reconstruir a alegria, retomá-la.

No começo da Sagrada Escritura, vemos Deus criando todas as coisas; no final, vemos: “E Deus viu que isso era bom”. Quando tudo é bom, isso é plenitude. Deus criou tudo com finalidade, com sentido; basta olharmos para a natureza e ver a perfeição em cada coisa.

A primeira expressão de alegria que encontramos na Bíblia é o homem. Adão, quando vê Eva, diz “Eis agora aqui, disse o homem, o osso de meus ossos e a carne de minha carne; ela se chamará mulher, porque foi tomada do homem” (Gênesis 2,23). Com ela o homem pôde compartilhar, estar junto, dizer do seu coração. Que beleza contemplarmos esse momento de Adão, porque precisamos estar em comunhão com Deus, mas também com o irmão que está próximo de nós!

As expressões de alegria são dons do Espírito Santo. Ela consiste em escutar a mensagem de amor do Evangelho, em ser encontrado por Cristo, é presença de Deus no meio de nós.

Outra expressão de alegria é a prática da caridade, que se realiza a partir da nossa experiência com Deus, de como Ele nos ama. Precisamos mudar a mentalidade de que o outro, por não corresponder ao que queremos, é odiado por nós. De jeito nenhum! O Senhor nos ensina: “Amai o seu inimigo e orai por aqueles que o perseguem” (Mt 5,44).

Ocasião de agradecimento e louvor, a família é uma vocação primeira do homem e da mulher. Deus não constituiu o sacramento do matrimônio para a tristeza do casal, mas para a plenitude; por isso precisam saber superar, com confiança, as fraquezas um do outro. Quando um casal não está em harmonia, precisa buscar a unidade, pois o amor é uma ponte que os edifica. Os esposos devem olhar um para o outro com amor. A esposa ergue o marido e o marido põe a esposa em pé.

O matrimônio é um caminho que se faz a dois, mas esse caminho, muitas vezes, passa pela cruz. Nós queremos que Deus faça milagres em nossa vida, mas não movemos um dedo para que isso aconteça. Há muito pouco empenho de nossa parte. Em vez de exigirmos que o outro seja perfeito, sejamos perfeitos primeiro. Para que eles, vendo nosso empenho, acreditem em nós.

Por sermos cristãos, temos de ter um critério de seleção das coisas, sabendo que Deus criou tudo para o bem. Com essa consciência, também devo fazer a mesma reflexão. Isso que estou fazendo é bom? Faz bem para alguém? É o que Deus quer para mim? A Igreja não proíbe seus filhos e filhas de terem acesso aos meios de comunicação, mas ela quer que eles tenham consciência dessa “malha” que os prende e o leva para longe de Deus. O Senhor nos deu inteligência para refletirmos sobre as coisas que Ele criou e as coisas que os homens fazem.

Nosso tempo livre também é um momento de alegria. É ocasião para exercermos nossa liberdade; é quando podemos estudar, pesquisar, ler, nos divertir ou simplesmente fazer nada, ficar em silêncio, ouvir a Deus. É quando nos abrimos à presença d’Ele e nos permitimos ouvir a Sua voz. Todo cristão deve ouvir a voz do Senhor diante de qualquer situação. O tempo livre para cultivar as relações humanas também constitui um valor inestimável. É falar de si, ouvir do outro.

Esta vivência alegre precisa ser formada na experiência cristã, porque a diversão educa no relacionamento, na compreensão e na proximidade do outro. Os escoteiros, por exemplo, incutem em seus membros o respeito, a sobrevivência, a compaixão e a solidadriedade. Também os centros juvenis inspirados em Dom Bosco fazem isso, pois esse santo trazia os jovens de rua para o oratório por meio de jogos e brincadeiras. Nesses momentos, o fundador dos salesianos lhes dava uma palavra de formação.

Alegria é festa. E como é bom uma festa! A nossa fé é festejar um Deus que nos salvou e nos libertou de nossos pecados.

Deus nos oferece uma alegria plena, porque entre nós e Ele não há barreiras, então a paz se estabelece e nos faz alegres. É essa alegria que o Senhor quer dar a cada um de nós.

Transcrição e adaptação: Michelle Mimoso

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