A arte de ser encontrado por Deus

Você já pode perceber o quanto uma pessoa, na hora da necessidade, se torna fácil? E tem pessoas que têm o dom de nos seduzir.

Este Evangelho que eu vou ler aconteceu no mesmo horário em que estamos agora – ao meio dia. E agora vamos ter a oportunidade de vivenciar, porque esta palavra se concretiza, hoje, na nossa vida. (São João 4).

Ouça: "Um erro na vida não pode ser uma vida de erros"

Essa mulher foi encontrada talvez no momento em que o corpo mais precisa de um cuidado, porque o meio-dia serve para nos separar daquilo que fizemos na manhã e o que vamos fazer à tarde.

Esta manhã é simbolizada naquele que está cansado do que já viveu e o perigo de fazer da tarde uma repetição daquilo que vivemos no nosso passado.

Estou correndo um risco de passar o resto da minha vida sem ser desejado, e o mesmo eu faço com os outros. Uma vida pronta para ser condenada, pois ela tinha tudo para uma condenação escatológica, mas não é desta que estou falando, mas da histórica: "fiz da minha vida um desastre, cometi tantos erros, que eu me tornei um erro nesta vida".

A manhã foi toda errada – ela não alcançou seus objetivos. Então entra aquele por quem eu me apaixonei um dia: Jesus.

É Deus que pede um favor para uma mulher que viveu uma manhã sem esperança.
Ela está se recordando da manhã, se reconhecendo não merecedora, totalmente tomando posse da derrota. Só um olhar como de Jesus para nos fazer esquecer tudo aquilo que não deu certo.

Às vezes, tão machucados pela vida, encontramos pessoas que nos fazem esquecer a nossa amargura. Jesus olhou para aquela mulher não para condená-la, mas para uma profunda cura interior.

Profeta não é aquele nos aponta um futuro glorioso, mas que nos aponta para aquilo que precisamos renunciar, para depois assumir o futuro glorioso. E o que aquela mulher precisava fazer era só ter a capacidade de dizer: "Eu sou isso". Diante de Deus, mascaras não funcionam.

Enquanto nós fingirmos para nós mesmos, nós não iremos a lugar algum; enquanto não reconhecermos as nossas necessidades, as nossas lutas, os nossos males, enquanto não dermos nomes aos nossos inimigos e olhar nos olhos deles, ele serão maiores do que nós; enquanto a gente temer os malefícios da manhã, nós não seremos capazes de entrar na tarde com as cores de ressurreição.

Quanto mais você conhece a Deus, mais você se torna exigente. É impossível amar o outro se antes o amor de Jesus não estiver amando em nós, não estiver nos devolvendo o tempo todo a nós mesmos. Quando a gente se ama o que na verdade estamos fazendo não é trazendo o outro para nós – isto é equivoco, isso é manhã que não deu certo. Amor de ressuscitados, amor de homens e mulheres que acreditam em Deus, não é amor que retém, é amor que devolve ele a ele mesmo.

Amor humano é devolução, é restituição. E aquele que aceita qualquer coisa, também será deixado por qualquer coisa.

Jesus é a Palavra. Aqui entra o poder redentor de Deus através do seu Filho Jesus. E o poder do olhar que restitui, faz com que aquela mulher possa descobrir as forças que antes ela não sabia que tinha e assumir que a vida não tinha dado certo.

Quantos de nós temos que passar pelo duro aprendizado de dizer "não deu certo". Por orgulho a gente mente para o outro. Jesus deu a força para aquela mulher de reconhecer: “Eu não nasci para viver essa condição de miserável eternamente”.

Eu preciso reconhecer que quem me leva para frente é o amor de Deus. Essa é a coragem de olhar para mim e reconhecer: "Não deu certo, mas ainda pode dar". Como eu disse, Deus não facilita as coisas, porque se Ele facilita Ele tira a sua parte, que só você pode realizar.

Sempre que eu ouvia esta música, a imagem que me vinha era da minha mãe, e eu fiz um esforço para não mostrar como eu estava frágil. Como é bom encontrar com olhos que nos reinaugura. Na vida de um cristão a vida está sempre recomeçando.

Na sua vida você faz a experiência de encontrar e de ser encontrado. Tantas vezes você esbarra naquele irmão que você já não vê há trinta anos, e que você já não sente mais nada. Quantas relações humanas estão falidas porque as pessoas não conseguem mais reinaugurar um ao outro.

Irmãos que há tanto tempo não se encontram, porque não têm a coragem de contar a sede que têm e o outro não sabe que você está sedento.

O mundo começa na palavra que a gente diz. Faça a experiência do silêncio e o mundo começará a partir da palavra que você vai dizer daqui a pouco.

Sempre tem um "espírito de porco" para nos lembrar o que a gente fez de errado ou daquilo que a gente não fez. E quantas vezes nós somos desumanos. Às vezes, somos especialistas em colocar os olhos somente naquilo que não deu certo em nós. Gente que assume a postura de acusador.

Muitas vezes, a pessoa está fazendo tudo errado, mas o que você não pode esquecer é que o diabo não tem o direito de dizer que você é errado, porque ele só sabe mentir. Por que você é pessoa certa, só que está no lugar errado; pessoas certas vivendo na vida errada. É igual a um diamante que está sujo de barro, mas não deixa de ser diamante.

Sabe o que mais me fascinava no padre Léo? A capacidade do padre de não olhar a prostituta, mas de ver a mulher.

Ouça: "O mundo será mais santo a partir das miudezas"

Comece pelos pequenos gestos, nem que seja lavando um copinho sujo de café.
Eu o desafio agora a estar sentado à beira do poço. Eu sei que você tem realidades muito concretas, nas quais você pode dizer: "Eu não fui fiel, eu não fui irmão e fui pelo caminho da prostituição. Eu corri atrás do retrocesso, ao invés de correr atrás do poço de água limpa, para por atenção na manhã que não deu certo. Confiei em estranho, ao invés de confiar naqueles que me colocaram no mundo. Permiti que muitos me jogassem no barro da indiferença, e me esqueci de quem eu era".

Ao invés de um rosto marcado pela revolta, no rosto de Jesus você encontra amor. Você pode correr para Jesus, pois a sua manhã só pode ser esquecida se você fixar o seu olhar neste rosto, neste olhar que pode te reinaugurar e tirar a placa que te dizia "falido".

Hoje, receba a placa que diz: reinaugurado por Jesus.

Transcrição: Célia Grego
Fotos: Lucilene Silva


 

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