Eu serei feliz se a Deus eu me confiar

Pensamos que Quaresma é um tempo triste, precisamos sim nos interiorizar mais para rezar e, por isso, alguns pensam que têm que ficar com a cara mais fechada. Mas, o salmo neste segundo dia da Quaresma, vem dizer que somos felizes, porque confiamos a Deus nossa vida.

Deus quis fazer de cada um de nós pessoas livres. Seja na Primeira Leitura ou no Evangelho esse ser livre que Deus constitui a nós é confirmado, para depois trilharmos o caminho da verdadeira felicidade.

“Moisés falou ao povo dizendo: “Vê que eu hoje te proponho a vida e a felicidade, a morte e a desgraça”(Dt 30,15). Moisés está dizendo da parte de Deus e se é uma proposta, está usando da liberdade que Ele mesmo nos deu. A leitura segue e, para termos a vida e a felicidade, vemos que há uma condição. Deus nos coloca as duas coisas, mas não porque a morte e a desgraça vêm Dele.

“Se obedeceres aos preceitos do Senhor teu Deus, que eu hoje te ordeno, amando ao Senhor teu Deus, seguindo seus caminhos e guardando seus mandamentos, suas leis e seus decretos, viverás e te multiplicarás, e o Senhor teu Deus te abençoará na terra em que vais entrar, para possuí-la” (Dt 30,16).

Você não é obrigado a seguir a Deus, mas quem quiser seguir há condições. A liberdade gera felicidade, porém Deus não nos engana. No Evangelho Deus mostra que a verdadeira felicidade constitui em segui-Lo, mas renunciando a si mesmo e não é fácil.

Se somos livres, porque assim Deus nos criou, se temos a proposta de Deus, vida e felicidade, morte e desgraça, se dou um passo na verdadeira liberdade e se quero a felicidade e a vida, há uma outra proposta. A felicidade que o mundo propõe não é a felicidade que Deus propõe.

A felicidade proposta pelo mundo e a felicidade proposta por Jesus

A felicidade que o mundo propõe é a dos prazeres, eu só serei feliz se tiver prazeres na vida, dizendo que você é livre para fazer o que quiser do seu corpo, formando uma geração de fracos, de pessoas que acreditam que somente o prazer traz felicidades. Formam uma geração de pessoas fracas que não sabem escolher.

A felicidade que o mundo nos oferece hoje, que é um sistema anticristão, e tudo aquilo que me oferece prazer por prazer é anticristão. Até a palavra amor perde sentido, porque o verdadeiro sentido do amor é a capacidade de dar a vida por quem se ama. Ao mesmo tempo que a felicidade que o mundo nos propõe vem com o prazer por prazer, vem também com as facilidades.

Facilidade de nos conectarmos com todo o mundo, mas uma geração que não sabe criar um texto, que não tem capacidade de criticar. Tudo é muito fácil no meio de nós, entre nós, podemos até trocar o sexo, podemos matar quem está no útero da mãe. É muito fácil nos vingarmos de alguém, nunca houve tanta facilidade em matar alguém. E essa proposta de facilidades, não é a proposta de felicidade de Jesus.

O mundo nos oferece, também, a felicidade do gozo sem sofrimento, mas o sofrimento faz parte da vida. Se, hoje, o sofrimento bate à minha porta, não sei sofrer, mas deveríamos saber que o sofrimento faz parte da vida. A felicidade pregada pelo mundo é que temos direito de prazer e vamos reivindicando direitos e mais direitos, só que vai sendo criada uma geração de fracos e que está em crise não de gênero. A crise em que estamos entrando, por assumir a felicidade proposta pelo mundo que é contrária à felicidade proposta por Deus, é a crise de identidade, pois não sabem porque vieram a este mundo. Será que estamos atentos a isso?

A felicidade proposta por Jesus está no Evangelho: “Se alguém me quer seguir, renuncie a si mesmo”, é a felicidade da oferta da própria vida que significa não ser dono mais de si mesmo, pois já me entreguei para Deus. Esquecemos que já entregamos a nossa vida e podemos estar buscando a felicidade do prazer pelo prazer. Uma vez que você ofertou sua vida para Deus, não tem mais direito sobre ela. Quanto mais sou de Deus, mais eu serei feliz.

Muitas vezes, somos vencidos pelos sentidos, por aquilo que vemos, saboreamos. A felicidade proposta por Jesus é a felicidade da oferta da própria vida. Segunda face da felicidade oferecida por Jesus: “Se alguém me quer seguir, renuncie a si mesmo, e tome a sua cruz”. Seguir a Cristo não é fácil, temos que carregar a cruz com Ele até o fim. Muitos O seguem, porque está fazendo curas, milagres. A felicidade que Ele propõe é da cruz redentora, pois foi nela que nos salvou e nos deu a herança, o Espírito do Filho, somo filhos da cruz. Jesus nos deu a segunda herança, que é sua mãe e a terceira herança que é a Eucaristia. É a felicidade da cruz redentora.

Se o mundo nos propõe a felicidade do gozo sem sofrimento, Jesus não nos engana, Ele diz que a verdadeira felicidade está no céu. O verdadeiro gozo é uma vida cheia de Deus, uma vida cheia de Deus é pensar em Deus, contemplar Deus, seguir a Deus. Onde está sua cabeça, onde estão seus pensamentos? Você pensa em Deus? Contemplar é saber que Deus está constantemente a seu lado. Uma vida de seguimento a Deus é a que busca a verdadeira felicidade que não passa. Que possamos viver a Quaresma com as faces da felicidade que Deus nos propõe.

Jesus não buscou o prazer, não buscou facilidades, Ele morreu por mim e por você. Que tipo de felicidade você tem buscado? A quem você quer seguir? Deus não nos engana e a verdadeira felicidade está lá no céu. “É feliz quem a Deus se confia!” (Salmo 1). A verdadeira felicidade é daquele que se confia a Deus e não ao mundo.

Transcrição e adaptação: Míriam Bernardes