A paz é feita de escolhas

Padre Adriano Zandoná

Hoje é solenidade, e dia solene precisa ser celebrado. Muito mais porque é o primeiro dia deste ano, mas porque hoje é Dia Mundial da Paz. E eu quero muita paz para mim, para minha família. É isso que todos querem para sua vida, todos nós desejamos a paz. Mas precisamos compreender o que, de fato, é ter paz, porque não podemos ter uma ideia desencarnada do que é ter paz.

Paz não é uma ausência de conflitos, é algo muito maior. Para nós cristãos paz não é um sentimento, uma moda, para nós a paz é uma Pessoa que se chama Jesus Cristo. Nossa paz tem nome: Jesus Cristo. Ele é a paz que Maria gerou para mundo. Celebramos hoje a Solenidade de Maria, Mãe de Deus.

É dogma da Igreja, Maria é Mãe do Verbo de Deus, não somente Menino Jesus homem, mas também do Menino Deus. Nossa Senhora está no centro do que celebramos hoje, porque ela soube gerar a paz, que se chama Jesus. Ela soube gerar essa paz para a humanidade, essa paz que chegou a mim e a você.

O mal deixa consequências ruins na humanidade, mas o bem não se compara à paz gerada por Maria que até hoje traz paz para nossa vida. Vemos muitas vezes na Bíblia a palavra “Shalom”, que não significa apenas paz, mas uma paz completa. E isso que nós estamos buscando.

Em Maria encontramos um caminho completo para possuirmos a paz que desejamos, uma paz que não é uma sensação, uma ausência de conflitos. “Quanto a Maria, guardava todos esses fatos e meditava sobre eles em seu coração”. Nossa Senhora tem muito a nos ensinar, porque ela escolheu guardar o bem no seu coração. Mas infelizmente nós guardamos dentro do nosso coração mágoas, intrigas, orgulho. E nesse coração tudo dói mais, precisamos ser mais firmes com as coisas.

Nossa Senhora teve vários motivos para se tornar uma pessoa “azeda”, ela era uma adolescente e chegou um anjo que lhe disse que ela iria ficar grávida por obra do Espírito Santo. E ela conta para o seu noivo que está grávida. Não deve ter sido fácil dar essa notícia a ele. José decide rejeitá-la em segredo. E ela não entrou em pânico, dizendo que estava sendo abandonada, sem ter tido culpa nenhuma. Ela confia em Deus, e o Senhor envia anjos para dizer a São José que era o Filho de Deus que Maria estava gestando.

Depois ela teve Jesus em um curral. Você que é mulher imagina ter um filho num lugar assim? Isso não é nada romântico, nossa Senhora poderia ter se amargado nessa situação. Pouco tempo depois os Reis Magos falaram com Herodes e ele manda matar todas as crianças. E Maria e José tiveram que fugir para o Egito, e naquela época não havia carro, ela com o bebê recém-nascido teve que sair às pressas para o outro lugar, outra cultura. E depois Simeão ainda disse a ela que uma espada de dor lhe transpassaria a alma. E ela não ficou com essas coisas que poderiam lhe amargar a alma. Ela guardou todas as coisas no seu coração. Precisamos proclamá-la bem-aventurada como a Bíblia nos diz. Ela teve motivos de sobra para se amargar, mas ela escolheu diferente.

 

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Muitas vezes, passamos por dores, mas temos que compreender que Deus está ali e temos que ter paciência para deixar o Senhor fazer aquilo que Ele nos ensina. Maria soube confiar em Deus, ela soube gerar a paz, ela soube guardar em si aquilo que é bom e não o que é ruim. Nós, geralmente, guardamos somente aquilo que ruim. Maria não guardou as coisas ruins, porque ela entendeu que seu coração era um santuário. O nosso coração também é um santuário, precisamos guardar somente as coisas boas e não os azedumes da vida nele.

A paz é fruto de escolhas. Papa Bento XVI disse que a paz não é um bem alcançado, mas uma meta. Assim como Nossa Senhora precisamos fazer escolhas maduras. Neste ano teremos muitas coisas boas sim, mas também teremos realidades ruins e, diante de cada situação, precisamos fazer uma escolha para ficar com o bom ou ruim.

Diante das coisas negativas que Maria viveu, ela fez o que nós devemos fazer: escolheu ficar com o bom. Na porta do nosso coração temos um porteiro, que somos nós mesmos, e esse porteiro vai dizer quem entra e quem não entra. Você é o porteiro do seu coração. E Deus nos convida para exercemos a nossa faculdade da escolha, o que você vai permitir que entre no seu coração? Como a Virgem Maria devemos permitir que entre somente o bem no nosso coração.

Seja um bom porteiro, e não seja negligente, não durma! Precisamos imitar Nossa Senhora, cuidado com a língua, com seus comentários. Porque isso começa a ganhar corpo dentro de você. Cuidado com sua língua, porque através dela podem entrar muita mágoa e ressentimento dentro do seu coração.

Neste primeiro dia o que iremos deixar entrar no nosso coração, e no coração dos nossos filhos, o que vamos ouvir? As músicas inspiram os sentidos mais profundos dentro de nós. Não permita entrar no seu coração coisas que o afastem de Deus, não se deixe dominar pelo pecado.

Exerçamos bem a nossa função de porteiros do nosso coração, de vigias. Se existe algo bagunçando seu coração, não tenha medo de tirá-lo neste ano. Quais são as coisas que estão aí dentro: medos, mágoas, culpas? Tire tudo isso do seu coração. E guardemos apenas as coisas boas, mesmo diante de situações ruins, colhamos os aprendizados e guardemos somente o que é bom.

Comece este ano de modo diferente, ele pode ser diferente porque Deus acredita em você. O Senhor não desiste de você, Ele tem visto suas lutas, quedas, mas Ele está ao seu lado e lhe diz: “Meu filho, minha filha, vem comigo! Vou te ajudar a arrancar tudo que é mau pela raiz, vou te ajudar a ser um bom vigia”.

Deus não desiste de você! Que nada tire essa certeza do seu coração. Precisamos educar nosso coração para sermos bons vigias.

Transcrição e adaptação: Regiane Calixto

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