Aprender com os sofrimentos


Como reinflamar o carisma neste tempo de Quaresma? Eu encontrei a explicação disso em uma encíclica do papa João Paulo II, que fala dessa preparação, sobre a qual fala o Evangelho de São João também, que relata sobre o Espírito Santo na vida da Igreja.

Interessante notar que Jesus falava que se Ele não passasse pelo sofrimento, o Espírito Santo não viria a nós. E nós não estamos acostumados – na hora do sofrimento – a deixar que o Ele [Espírito Santo] venha agir nas nossas vidas. No entanto, esse tempo é o momento mais fecundo, mais transformador, por meio do qual vamos experimentando mais a ação do Senhor em nossas vidas.

E como falar de Quaresma sem falar da ação do Espírito Santo? Não podemos viver na expectativa da Ressurreição sem viver bem o sofrimento. Nós precisamos passar pelos momentos difíceis, no entanto, queremos experimentar apenas a Ressurreição. A razão do seu sofrimento não tem sido em vão. O Senhor tem algo muito maior para você, basta se abrir, deixar que Ele faça a obra. E por maior que seja o seu problema, este não é maior que o Espírito Santo que está em você. É só deixá-Lo agir e Ele fará maravilhas em sua vida. O Divino Amigo transforma o sofrimento em amor salvífico, segundo João Paulo II.

Às vezes, comparamos a nossa misericórdia com a do Senhor, mas o Senhor transforma os nossos sofrimentos em algo muito maior. Você está disposto a viver uma entrega total? Pois estar com o Senhor na hora da alegria é fácil, e até os pagãos fazem isso. Mas, e na hora do sofrimento, como você reage?


Ouça: "Viver bem a Quaresma" 


Nós precisamos mudar o nosso modo de proceder, e um jejum que devemos fazer é o de parar de reclamar. Como por exemplo, passar o calor, em que estamos, sem murmurar. E oferecer nosso sofrimento, desde os mais simples até os maiores, pela nossa conversão.

Eu venho de uma história de muito sofrimento. Meu pai, há alguns anos, quando eu tinha cerca de oito anos de idade, foi acusado de matar alguém a quem ele não tinha matado. Eu me lembro dos policiais entrando na minha casa, armados. Aquilo ficou marcado em mim, profundamente, de forma negativa. Mas depois, graças a Deus, tudo ficou provado, pois a verdadeira pessoa culpada por essa morte, se entregou. Mas, eu, como criança, com um temperamento forte, queria vingança. E o que transformou o meu coração foi a atitude do meu pai de aquilo deixar passar, e perdoar. E você pode pensar: Mas isso não é justiça?. Não é a justiça dos homens, mas sim, a de Deus!

Muitas vezes, colocamos a nossa confiança em pessoas, em governos, e dessa forma, mais e mais a gente se decepciona. Nós a colocamos erroneamente até em Deus, achando que, estando n’Ele, tudo vai ficar “às mil maravilhas”. Digo “erroneamente”, porque nós vamos passar pelo sofrimento mais cedo ou mais tarde, assim como os discípulos, que também não compreendiam isso. Mas Jesus nos responde que se Ele não passasse por tudo aquilo, nós não iríamos ter a ação do Espírito Santo em nossas vidas. Talvez você precise passar pelo sofrimento ou já tenha experimentado isso, mas é importante saber que ele [sofrimento] pode levá-lo a este amor salvífico.

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