As dores que enfrentamos são necessárias para a nossa conversão

Padre Fabrício de Andrade
Foto: Robson Siqueira
Você já deve ter testemunhado, em sua vida, que uma mãe, quando vê seu filho ameaçado, vira um “bicho”. Também saiba que o sofrimento do filho dói também na mãe.

A mulher do Evangelho de hoje, desesperada, pede a Jesus: “Senhor, tenha compaixão de mim”. Aquela mulher, em meio ao desespero, pediu a libertação de sua filha. Mas o Senhor, em resposta, lhe deu o silêncio. No entanto, ela sabia esperar.

Quantos de nós já vivemos essa experiência de rezar e o Senhor silenciar-se? Aquela mulher, contudo, resolveu aguardar com persistência, com perseverança. Os discípulos, vendo a atitude dela, mandaram-na embora, pois ela vinha gritando atrás de Jesus. Esse é um testemunho dos judeus que não se misturavam com os pagãos. Mas o Senhor veio para fazer a diferença, para alargar as fronteiras do Reino para além do judaísmo. E nós fazemos parte de um povo que não é judeu. Assim, essa atitude de Cristo incluiu a mim e a você.

O Evangelho diz que Jesus tomou a palavra e disse a ela: “Eu fui enviado somente às ovelhas perdidas de Israel” (Mt 15,24). A mulher, que foi desesperada até Ele, recebeu, além do silêncio, um “não” do Senhor. Mas ela (ainda bem que era uma mulher!) depois de ouvir o “não” de Jesus, veio prostrar-se diante d'Ele e começou a implorar. Ela era pagã, não tinha fé, mas agiu por instinto maternal. Prostrando-se, reconheceu que Jesus é o Maior. Assim, começou o processo de conversão dela.

"Deus não resiste à oração de uma mulher que se humilha e que se prostra diante d'Ele!".
Foto: Robson Siqueira

Muitas vezes, as dores que enfrentamos são necessárias para a nossa conversão. “Senhor, socorre-me!” A mulher, então, muda sua oração; ela já não diz mais o que o Senhor precisa fazer. Olhe que lindo! No tempo da espera ela fez a experiência da conversão.

Depois de passar por tudo isso, Deus vai atender a oração dessa mulher? Não. “Deixa primeiro que os filhos fiquem saciados, porque não está certo tirar o pão dos filhos e jogá-lo aos cachorrinhos” (Mc 7,27). Ela, novamente, ganhou um “não”. Essa mãe, então, fez a oração humilde que toca o coração de Deus: “É verdade, Senhor; mas também os cachorrinhos, debaixo da mesa, comem as migalhas que as crianças deixam cair” (Mc 7,28). Aquilo mexe com o coração de Jesus.

Ela, agora, ouve da boca do Senhor: “Mulher, grande é a tua fé”. Ela ouviu isso porque soube esperar a graça de Deus. No Evangelho de São Marcos,  Cristo diz: “Por causa do que acabas de dizer, podes voltar para casa. O demônio já saiu de tua filha” (Mc 7, 29).

Que essa experiência da mulher pagã sirva de exemplo para as mulheres cristãs. Não percam as esperanças, Deus não resiste à oração de uma mulher que se humilha e que se prostra diante d'Ele!

Essa experiência nos ensina a nos convertermos. Essa mulher nos dá um banho de fé.

“Senhor, socorre-me. Senhor, tem compaixão de mim”.

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