Cinco dicas para liderar pessoas difíceis

Padre Joãozinho

Há cerca de dois anos lancei um livro pela Editora Canção Nova chamado “As sete virtudes do líder amoroso”. Agora, mostro o outro lado da moeda com a obra “Como liderar pessoas difíceis” – que lancei recentemente pela mesma editora. É o mesmo lado da moeda porque precisamos ser amorosos, mas, como Dom Bosco nos lembra: não basta amar, é preciso demonstrar, é preciso fazer-se amar.

Você precisa dizer todos os dias: “Quero ser amoroso, mas também quero ser amável”. Não basta amar e é preciso saber amar, e ainda que a amorosidade não nasça conosco, precisamos exercitar essa virtude. É preciso praticá-la: 1% de inspiração e 99% de transpiração. É necessário ser paciente e trabalhar muito para isso.

Em Coríntios 13, 4-7-13 está escrito: “O amor é paciente, o amor é bondoso. Tudo sofre, tudo crê, tudo espera, tudo suporta. […] Assim permanecem estes três: a fé, a esperança e o amor. O maior deles, porém, é o amor”.

Muitas vezes, nós damos amor e recebemos horror, damos carinho e recebemos um “murrinho”. Temos a sensação de que não somos correspondidos no nosso amor. Nós sofremos por não sermos amados! Com essa realidade, podemos perguntar: Como eu posso viver de modo inteligente o amor? Muitas vezes, há o amor ignorante. Apanhar do marido e não fazer nada é amor inteligente!? Não!

O amor de Jesus é inteligente. Ele tinha discípulos e um era traidor. Você acha que o Senhor só escolheu pessoas fáceis para construir a Igreja? Você acha que era fácil domar Pedro, que se tornou o primeiro Papa? Cristo precisou lidar com pessoas difíceis, mas nunca as deixou de amar.

Gente nós amamos, precisamos amar e mostrar esse sentimento. O nosso amor precisa crescer do apenas “gostar” para a “entrega”, da “paixão” para o “amor”. Amar, às vezes, exige sofrimento, principalmente porque o amor nem sempre vem com a reciprocidade.

A primeira coisa que precisamos fazer quando amamos alguém e essa pessoa nos trata mal é manter a serenidade diante dela. Conte até 10, respire fundo e responda. Assim, a resposta vem diferente. Jesus não respondia com uma resposta, Ele respondia com uma pergunta.

É a poderosa pedagogia da pergunta. Quando questionamos pessoas difíceis, as fazemos pensar no que disseram e também as obrigamos a se soltar mais. Não seja precipitado em reagir antes de pensar. O vencedor é aquele que antecipa o golpe. Algumas vezes, precisamos “engolir uns sapos”, mas isso faz parte.

Judas arquitetou contra Jesus, querendo dar-Lhe o golpe. Antes disso, o Senhor disse que alguém iria traí-Lo. Antes de deixar o problema “explodir”, é preciso chamar a pessoa para conversar e ouvi-la. Uma vez me perguntarem se bater no filho era pecado, eu voltei com outra pergunta: “Você bate com raiva?” A mãe disse que “sim”. Será pecado se batermos para nos vingar do que os filhos nos fizeram. É muito melhor antecipar os passos dos filhos e chamá-los para conversar, prevenir em vez de remediar.

Nós precisamos viver como patos e não como esponjas. Os patos têm uma glândula que distribui óleo em suas penas para torná-las impermeáveis. Depois que eles mergulham, sacodem as penas e já estão prontos para outra. Tudo fica por fora deles, nem a água nem a sujeira os atingem. Por outro lado, quando vivemos como esponja, absorvemos tudo que as pessoas nos dizem e acabamos nos tornando complexificados, cheias de ressentimento. Combata o bom combate, viva o sofrimento sem deixar de amar e ser amável!

Quero dar algumas dicas para você para lidar com pessoas difíceis, inspiradas na vida de Jesus:

1 – Parta do perdão, antes de ser agredido. Faça como Jesus disse: perdoe 70 x 7 a pessoa, se necessário; pense o que o Senhor faria no seu lugar com aquela pessoa;

2 – Conte até dez e respire! Fomos criados pelo respiro de Deus, precisamos de calma. Não dê a resposta apressadamente, pois uma pergunta vale ouro;

3 – Fale de outra coisa, mude de assunto para não brigar. Não “dê corda” para a discussão;

4 – Procure entender o ponto de vista do outro. Jesus já dizia que precisamos fazer aos outros o que gostaríamos que fizessem conosco. É a regra de ouro para o tratamento das pessoas difíceis;

5 – Com algumas pessoas, não adianta nos relacionarmos. Não dá para fazer amizade com o diabo, e há pessoas que o encarnam em nossa vida. É preciso nos distanciarmos delas, amando-as de longe.

Agradeçamos a Deus por nos ensinar a sofrer e a amar do jeito certo. Peça as bênçãos de São Pio de Pietrelcina, o santo do dia, para ajudá-lo nessa missão.

Transcrição e adaptação: Ariane Fonseca

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