Como Maria, em pé diante da cruz

Padre Fabrício Andrade

A Liturgia de hoje nos mostra os sofrimentos da Virgem Maria para que nós possamos entender os sofrimentos pelos quais passamos.

E mais do que entender suas origens, precisamos aprender a lidar com eles, pois não nascemos para sofrer, mas sim compreender as dores da alma e encontrar o caminho da salvação.

Os sentimentos que colecionamos durante a vida vão nos adoecendo, enfraquecendo nosso espírito, e quando nos damos conta, já não nos pertencemos mais, estamos entregues ao fracasso.

Não conseguimos encarar os sofrimentos como deveríamos. Nós nos lamentamos durante nossas dores e ainda tentamos trazer para perto de nós, nesses momentos, pessoas que não podem fazer nada por nós, enquanto afastamos as pessoas que realmente já estiveram ao pé da cruz e possuem a experiência necessária.

Acredite, você nunca está sozinho durante seu sofrimento! Nossa Senhora sempre está ao pé da sua cruz, compartilhando suas dores, intercedendo por seu bem, assim como fez por seu Filho Jesus Cristo.

No momento da dor, precisamos de alguém que seja presença, mesmo que não diga nada, mas que esteja ali. Não estamos dispensando as palavras, mas, muitas vezes, o momento da dor é tão intenso que não requer palavras, mas sim atitudes.

Na cruz, foi o momento em que Jesus mais se calou durante toda Sua passagem pela terra, mas, ao mesmo tempo, foi nesse momento que Ele mais se comunicou por meio do ato de amor que teve por nós ao estar ali, mesmo sem precisar.

Nós desenvolvemos a postura de querer acabar com o sofrimento do outro. Mas o filho que Deus nos deu veio justamente para sofrer por nós, e, por meio desse sofrimento, mostrar-nos a compaixão e a misericórdia do Pai.

A Liturgia de hoje quer resgatar nossa esperança, mostrando que Deus não está perto de nós só nos bons momentos, mas principalmente nos ruins.

O que falta na vida do cristão hoje é a direção, pois ele busca muitos outros antes de encontrar o único e verdadeiro caminho. Muitos buscam, na escola da autoajuda, como fugir do sofrimento, e quem faz isso vê Nossa Senhora de longe e não pode dar o testemunho da Mãe, pois ela vê o sofrimento do seu filho ao pé da cruz.

Você precisa ser assim como Nossa Senhora das Dores, ser a presença mesmo que silenciosa na vida daquele que necessita e busca por alento e paz. E nos momentos de dificuldades, devemos ter calma e discernimento para escolhermos a companhia que realmente queremos ter ao pé da nossa cruz. Não peça a Nossa Senhora uma solução mágica, mas sim a força que ela teve para ver a morte de seu Filho na cruz e, mesmo assim, ser presença até o fim.

 Transcrição e adaptação: Gustavo Souza
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