Coração humilde e humano de Jesus

Padre Joãozinho, SCJ
Foto: Maria Andreia / CN

Ontem foi um dia da graça. Eu penso que o lar da família de Nazaré era um lugar de alegria, da graça de Deus. Aqui, estou falando de uma alegria, que é fruto do Espírito Santo e não de uma alegria que se assemelha a uma simples euforia, algo que logo passa. Peço ao Espírito Santo que nos conceda esta alegria, que somente Ele pode nos conceder.

Também, no dia de ontem, refletimos sobre a mansidão do Coração de Jesus. Pudemos ir constatando que o Senhor é quem nos concede este peso leve – como ensinava Santo Agostinho – que se assemelha às penas do pássaro que permitem a ele alçar voo. A cruz é este "fardo suave" que nos permite alçar voo rumo ao céu.

Jesus soube lidar com Seus apóstolos com um Coração manso. E Aristóteles já nos ensinava que a mansidão é este equilíbrio entre o excesso de ira – que podemos traduzir por violência – e a ausência dela. Vimos também que a mansidão de coração é o mesmo que ter um coração aberto.

Hoje, quero falar sobre a humildade do Coração de Jesus. Gente, desde 1976 eu estudo sobre a espiritualidade do Sagrado Coração de Jesus! E, somente hoje, O Senhor me revelou algo que eu não tinha percebido: que manso e humilde é praticamente a mesma coisa.

Em algumas boas traduções evangélicas da Bíblia, este “manso e humilde” é traduzido por “gentil”. E o que seria, então, este "humilde" de coração? Seria o mesmo que alguém pobre? Uma pessoa que não é orgulhosa? E Deus não parecia satisfeito com as minhas reflexões teológicas e filosóficas. Mas o Senhor dizia: “Joãozinho, você está chegando perto!” E eu achei que a humildade seria então esta necessidade de aprender mais, porque aquele que diz “saber de tudo” não consegue ser verdadeiramente humilde.

O humilde é aquele que aceita perder para ganhar. A humildade é o princípio da salvação. E Jesus me dizia: “É quase isso!” E eu consultei as minhas diversas Bíblias, as inúmeras traduções e, de repente, o Espírito Santo – como um raio – invadiu meu coração com estas palavras: “João, meu Coração é humilde porque é humano”.

A mansidão é a amorosidade de Jesus e a humildade de Seu Coração reflete sua humanidade. Jesus se fez humano para nos divinizar. Somos feitos à imagem e semelhança deste Amor eterno. Somos feitos à imagem e semelhança desta mansidão. Há aquele ditado que diz: “Filho de peixe, peixinho é!”. Meus irmãos, podemos afirmar que “Filho do Amor, Amorzinho é!”

O Coração de Jesus é inteiro, ou seja, é manso – revelando Seu lado divino – e humilde – revelando Sua humanidade, um Coração frágil como o nosso. É neste equilíbrio entre o divino e o humano que precisamos caminhar. A nossa caminhada se dá entre a militância e a mística.

"O Coração de Jesus é humilde porque é humano", ensina padre Joãozinho
Foto: Maria Andreia / CN

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Não há separação nem confusão no Coração de Jesus. Ele não é somente divino ou somente humano. Muitas heresias tentaram criar esta seperação. Mas, em Cristo, há esta plena comunhão entre o divino e o humano. O Senhor é verdadeiro homem e verdadeiro Deus. Ele não era “50% homem” e “50% Deus”. Não. Jesus é totalmente homem e totalmente Deus. Ele é totalmente manso e totalmente humilde.

E depois que eu aprendi esta lição, o Senhor me fez perceber que esta humildade do Coração de Jesus nos leva à oblação. Ele quer nos conduzir ao milagre da reparação. Há alguma coisa desajustada e distorcida em seus relacionamentos, em sua família, em sua vida, e espiritualidade do Sagrado Coração de Jesus é a espiritualidade da reparação. Ele quer nos consertar.

Volte-se hoje para Jesus e diga: “Senhor, eu tenho jeito! Eu tenho conserto. Repara-me. Restaura-me”.

Gente, a nossa boca fala do que o nosso coração está cheio. Se o nosso coração está cheio de miséria, nós não vamos pronunciar outra coisa a não ser miséria. Entende? Somos chamados a ser reparadores também. A trazermos dentro do peito um coração cheio de divina mansidão e humana humildade [de Jesus].

Veja: a Santíssima Trindade é maravilhosa! Nosso Deus é solidário. O Pai é “Pai” porque tem um “Filho”. O Filho é “Filho” porque tem um “Pai”. E esta relação de amor se faz no Espírito Santo. Deus não é solitário! Ele não vive sozinho “numa nuvem”.

Não basta você vir aqui e ficar “consumindo” livros, palestras, padres e assim por diante. E depois ir embora cheio das bênçãos. Não, meus irmãos! É preciso fazer a experiência da comunhão. O coração humano se “estende” e se “contrai”. E, se ele não faz este movimento a pessoa morre de infarto.

Tem muita gente “infartando” espiritualmente, porque não faz esta experiência da comunhão com Deus em primeiro lugar, ou seja, não vai à Santa Missa, não frequenta a Paróquia e também não vive em comunhão com o próximo. Meus irmãos, é uma verdadeira tragédia vermos – em nossas ruas – pessoas jogadas ao chão.

Se víssemos a Hóstia Consagrada jogada no chão na calçada, agiríamos prontamente para reparar tal situação, não é verdade? E quando é o nosso irmão que está jogado na calçada? O que temos feito a respeito? Peçamos hoje ao Senhor este coração com ardor missionário. É preciso evangelizar a partir de Jesus Cristo, de seu coração manso e humilde, divino e humano, aberto e solidário. E evangelizar na força do Espírito Santo.

Para terminar, vamos cantar esta canção que resume toda a pregação. A letra dela diz o seguinte: “Jesus, rosto divino do homem. Jesus, rosto humano de Deus”. É isso, meus irmãos, em Jesus Cristo, no Seu Sagrado Coração, encontramos – em plenitude – a mansidão e a humildade.

 

 

 

Transcrição e adaptação: Alexandre Oliveira

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