Da passarela para o sacrário

Eu me chamo Maria Mercedes Chaves, esse é meu nome de batismo. Quero dar um testemunho de vida do que eu passei e o Senhor fez o milagre acontecer, porque eu acredito nos milagres de Deus.

Ouça na íntegra o testemunho de Maria Lata d'água

Eu sou mineira, nasci em Diamantina (MG), em 1933, de família católica. Os meus pais também eram muitos religiosos, casaram e com nove meses eu nasci. Fui educada na Igreja Católica, fui batizada na catedral de Diamantina, onde todos se reuniam na missa das 4h. Fui crismada nesta catedral, quando fiz um ano de idade.

Meu pai foi assassinado, ele era militar. Ele saiu com amigo para se divertir e o amigo falou: “Vamos chamar uma moça para dançar?”. Então a moça não quis dançar com o amigo dele, mas quis dançar com meu pai. Já eram altas horas e meu pai lembrou-se que tinha que ir à missa com minha mãe às 4h. Ele saiu abraçado com o amigo. Quando foi às 7h da manhã encontraram meu pai morto. E o amigo confessou-se que era ele quem tinha matado meu pai. E minha mãe foi nos educando na pobreza.

Minha mãe veio ao Rio de Janeiro e encontrou um senhor que foi muito bom para mim. Ele me matriculou num colégio e fui estudar no Rio. Aí foi o começo do meu martírio. Muitos colegas me apresentaram outros caminhos. Eu fugia da escola e chegava em casa depois do horário do colégio.

Com 13 anos, eu já não agüentava mais ficara em casa e fugi. Minha mãe me encontrava, mas eu sempre fugia. Aquelas colegas que me davam conselho para eu não ir á escola, fecharam a porta para mim. E eu fui menina de rua dos 13 aos 16 anos. Apanhei muito, fui presa. Só não roubei e não usei droga.

Mas, um dia, quando fiz 15 anos de idade, disse que eu mesmo ia me dar o meu presente. Fui num lugar e comprei um cigarro de maconha. Preparei tudo, comprei coisas para comer, fechei as portas todas e as janelas, para me prevenir de todos os sintomas.

Fiquei ali esperando, fumei o cigarro todo, bebi, mas não vi acontecer nada. Mas só vim acordar dois dias depois com gosto horrível na boca e o quarto sujo. Eu disse que nuca mais eu ia por aquilo na minha boca.

Só que dali eu fui ser prostituta. Vivi até os 33 anos na prostituição. Voltando atrás, quando eu tinha 18 anos, fiquei grávida, mas não sabia quem era o pai. Conheci um rapaz que me convidou a ir morar com ele. Ele disse que ali não era vida para mim, e eu acreditei. Mas, passando uns tempos, a barriga foi crescendo e ele saia dizendo que trabalhava de noite, mas era batedor de carteira.

E ele tinha combinado com uma conhecida dele, que quando ele saísse elas me chamassem para ir para a rua me prostituir. Um dia, dois ou três depois, ele me deu um flagrante e fez aquela cena de ciúmes de mentira e veio me chutando. Eu já estava com quase 6 meses de barriga.

Ele disse para mim: “a partir de hoje, você vai ter que se prostituir todos os dias”. E ele ficava com todo o dinheiro. Ele foi preso e depois tive que arrumar dinheiro para ele ser solto. Ele foi solto, mas não voltou para casa.

Mandaram chamar a parteira. Eu ainda levantei e vi através do espelho uma “coisa esquisita”. Quando ela chegou, a criança já tinha nascido sozinha. Ela pegou uma garrafa de álcool e me mandou soprar na garrafa. Ela começou a rezar para Santa Margarida. Deu “aquele estouro” assim e saiu a placenta que já estava esfriando e eu poderia morrer. Não senti dores, porque Deus estava comigo e Nossa Senhora da Conceição.

Quando foi de manhã esse meu companheiro chegou e pediu para eu fazer café para ele. Eu o perguntei se ele já tinha visto o “nosso menino”, mas ele disse que era um afilhado da vizinha. Fui fazer o café para ele e uma senhora veio e me disse para me levantar, pois eu estava abaixada e devia estar de resguardo.

Foi um dia muito sofrido para mim o dia do nascimento do meu filho. Um dia, voltei em casa para apresentar a minha mãe o neném. Ela ficou muito contente e minha mãe arrumou um lugar para a gente ficar. Fizemos colchão com “melão de São Caetano”, mas ele murchou e no outro dia estávamos no chão.

Depois apareceu uma turma procurando meu esposo para matar, e tivemos que fugir. Ficamos dormindo na estação de trem para viajar para outro lugar com fome, sem nada para comer.

Fomos morar em outra casa e eu tinha que ir para a prostituição. Ele convidou o irmão dele para morar conosco. O irmão dele olhava a criança. Mas, com cinco meses, a criança teve desidratação e a moleira afundou. Fui ao hospital e vim dando soro a ele pelo caminho. Chegando em casa, o menino morreu. Fiquei sem o filho e tive que continuar na prostituição.

Nesse meio que eu vivia com ele, para fazer o prazer à minha mãe, eu casei no civil e religioso. Mas, depois de 25 anos, eu descobri que esse casamento não foi válido.

Mais tarde conheci outra pessoa que era do meio artístico. E vim sendo mais conhecida. Até que um dia nos convidaram para trabalhar num circo, em Nova Iguaçu.
Nós fizemos um show para “encher lingüiça” para grandes artistas chegarem, mas eles não chegaram. O patrão não sabia o que fazer, porque o circo estava cheio, e eu tive uma idéia. Disse a ele que eu poderia dançar com uma lata d’água na cabeça. Ele não concordou, mas tinha outra Maria da Bahia que dançava com a lata d’água na cabeça, e eu disse que fazia melhor do que ela. Ele disse para bolarmos um esquema de 2 horas de show. Eu disse a ele: “Deixa comigo”. No fim deu certo.

Um dia, fui apresentar essa dança no programa do “Chacrinha”. Eu fiquei no trono do programa dele e fiquei conhecida na cidade. Todo mundo dizia: “Maria Lata D’água”. Até que um dia me convidaram para sair numa escola de samba e eu saí no Salgueiro.

No Salgueiro não aceitaram que eu saísse com a lata d’água na cabeça. Mas eu fui para a Portela e eles me convidavam para eu dar um show. Eles gostaram e eu desfilei 45 anos na Portela e ficou o nome de Maria Lata D’água. Viajei, morei na Europa durante 30 anos. Todos os anos eu vinha e desfilava.
Em 1980, eu me casei na Europa com um suíço. E esse marido foi Deus quem me deu. Pela permissão do Vaticano nos casamos na Igreja Católica e ele saiu da Igreja Luterana, me acompanhando.

Quando começou a Renovação Carismática, em 1986, muitos amigos me apresentaram. Freqüentei muito as comunidades Bom Pastor e Emanuel.

Freqüentando a RCC, me convidaram para ir ao “Rio de Água Viva” no Maracanãzinho, onde quem pregava era o padre Jonas, a Canção Nova. Lá, eu fui convidada para dar o testemunho. Para mim, acabou o carnaval do mundo. Tudo para a honra e glória do Senhor.

Em 1992, fui convidada para ser adoradora perpétua. Em 1995, fui convidada para ser ministra extraordinária da comunhão eucarística.

Vale a pena, gente, seguir Jesus. Do jeito que você estiver, procure Jesus e venha.

Quem nos salva é Jesus. Depois que Ele nos perdoa, Ele não se lembra do que fizemos. Ele cura, salva e liberta. Eu sou uma nova samaritana na vida de Jesus. Tive sede, e Ele me deu de beber.

A primeira vez que eu fui evangelizar na rua, fui toda arrumadinha e a primeira coisa que arrebentou foi a minha sandália. E eu andei até as três horas da tarde descalça.

Esse lugar, agora, é o um céu inteiro, porque aqui é um lugar eucarístico. Hoje, Ele está aqui Vivo, 24 horas por dia, dia e noite. Ele está Vivo no meio de nós.

Venham todos para cá. Vamos brincar o carnaval com Ele que nos ama do jeito que somos.

É esta a Mãezinha, minha companheira: Maria.

Gostaria de dar um presente a vocês a “Água Viva”: a Bíblia e o terço. Reze também o Ofício de Nossa Senhora. Ela não nos abandona.

Lute, porque Jesus é o Salvador das nossas almas.

Transcrição: Maurício Rebouças
Fotos: Lucilene Silva


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