Degustando O Corpus Christi

Padre Roberto Lettieri
Foto: Wesley Almeida / Fotos CN

Devemos ser desejosos em unir nossos corações ao Senhor em comunhão.
É Ele mesmo quem nos diz: “Quem come a minha carne e bebe o meu sangue permanece em mim e eu permaneço Nele” (João 6, 56).
Certo padre teve uma visão no momento da consagração do Santíssimo Sangue, onde havia um cálice do lado aberto do Senhor e caiam algumas gotas de sangue e quando ele diz, isto é o meu sangue, então o coração do Senhor se dilata e como se fosse uma cachoeira de sangue cai no cálice e o transborda e inunda toda a Igreja. O interessante é que uns tomavam uma gota do sangue, outros duas, e outros se inundavam com o Sangue do Cristo, isso significa que cada um recebe o Sangue do Senhor de acordo com o anseio de sua alma.
O desejo de querer ter Jesus, de comungá-lo, é extraordinário para cada coração e nós devemos ter a disposição, o desejo ardente de querer comungar Jesus sempre.
Como manter uma santa união com o Senhor? Primeiro pelo desejo, pelo querer, tudo o que fazemos durante o dia temos que estar em comunhão com o Senhor, não devemos tirar nosso coração do Senhor.

Santa Teresinha dizia: “quando eu comungo o Senhor sinto o meu coração arder”, e ela ainda diz,”eu gostaria que o Senhor ficasse ardendo no meu peito por mais tempo”, e o Senhor respondeu a ela, “Teresinha eu faço isso pelo amor que tu tens por mim, quanto mais tiver o ardente desejo de me comungar, o ardente desejo de estar junto a mim, mais eu permaneço em ti e mais você sentirá minha presença”. Temos que ter este desejo ardente de comungar o Senhor e não deixar que nada desvie este desejo pelo Senhor, de uma missa para outra não podemos esquecer que carregamos o Senhor dentro de nós, mesmo que não o sintamos.

Quando comungamos, degustamos a carne de Jesus, é um momento único nosso com o Senhor. Antes do Concilio não podíamos mastigar o corpo de Cristo, quando o comungávamos, exatamente para o degustarmos. A Igreja desejava com isto fazer com que realmente pudéssemos degustar o Senhor como alimento, fazendo uma pobre comparação podemos dizer que assim como degustamos um alimento saboroso, o Senhor é o alimento celestial o qual devemos degustar.
Outro fator que merece atenção é a comunhão do Senhor com as mãos, o único problema é que nem todos estão preparados ou devidamente catequizados para receber o Senhor nas mãos, porém não há nenhum erro litúrgico em recebê-lo nas mãos.
São Cirilo de Jerusalém vai nos dizer em um de seus escritos, “ao te aproximares do altar estenda a tua mão esquerda sobre a direita em forma de trono, receba o Senhor em tuas mãos, olhe, adore, e leve aos lábios e o comungue, veja se não ficou nenhum fragmento em tuas mãos, pois é melhor perder um membro do teu corpo do que perder um fragmento do corpo do Senhor. Se deixamos cair pó de ouro no chão, nós iremos buscar este pó com todo carinho, quanto mais devemos zelar pelo corpo de Deus”. O problema é que hoje não há uma catequese profunda e há um aumento muito grande das 'missas negras', onde há profanação do Corpo de Cristo. O Santíssimo é levado para as casas, onde fazem simpatias e outras práticas profanadoras.

“Quem comer a minha carne, quem beber do meu sangue, permanece em Mim e eu nele”
Foto: Wesley Almeida / Fotos CN

O modo em que se entrega o Santíssimo nas mãos muitas vezes não é o desejado pela Igreja. Outro problema delicado é quando se perde a fé, é quando o Senhor é profanado, o problema fundamental de tudo isso está em não reconhecer a presença real de Jesus no Santíssimo Sacramento.
Se recebermos o Senhor com os lábios, com as mãos, que o façamos com toda a adoração e não de qualquer jeito. É importante que ao recebermos o Senhor possamos senti-lo como comida, como alimento da Igreja.

A Missa é consumada quando o padre se alimenta da Carne e do Sangue do Cristo e nós não podemos deixar de chamar assim mesmo, carne e sangue, embora a aparência seja de pão e vinho, já não será isso, pois a consagração os tornou em Carne e Sangue de Jesus.
Muitas vezes falta o zelo necessário e até mesmo as próprias paróquias não ministram bem o momento da Santa Comunhão, este deve ser um momento bem vivido, para que possamos degustar e comungar o Corpo e o Sangue do Cristo verdadeiramente.
Nós católicos somos os únicos que podemos dizer que comungamos, degustamos a carne, o Corpo, e o Sangue de Jesus. Por isso devemos fazê-lo muito bem feito.

São Cirilo de Jerusalém diz também: “Sê vigilante, para que não percas nada do corpo do Senhor…”, se comungamos nas mãos devemos viver isso que ele diz.
O que leva o Santíssimo Sacramento ser tratado de uma maneira tão dura é a falta de fé na presença real de Deus.
O padre seria o homem mais infeliz do mundo se adorasse um símbolo, ou se desse aos fiéis pão pra comer, após a consagração não é mais pão, não é mais vinho, mas o próprio Corpo e Sangue de Jesus.

Toda Missa é um ato de adoração ao Pai, ao Filho e ao Espírito Santo, e o Papa João Paulo II disse: “a Missa é Sacramento Presença, de nosso grande Deus e Nosso Senhor Jesus Cristo, Sacramento Sacrifício, porque nos colocamos diante do Calvário, e Sacramento Comunhão, porque comungamos, porque degustamos o Corpo de Jesus.
O que norteia tudo isso, ou seja, o que dá sentido a tudo isso é o Evangelho de Jesus que diz: “quem comer a minha carne, quem beber do meu sangue, permanece em Mim e eu nele”.
Santo Agostinho diz: “Ninguém coma deste pão do céu sem primeiro ter adorado, pecaríamos por não adorá-lo”. Papa Bento XVI diz: “comungar é adorá-lo”, e só sabe comungar quem adora, assim podemos dizer que degustamos o Senhor, e não devemos temer em dizer que Jesus é comida.

Que possamos ter este zelo pelo Corpo e Sangue de Cristo que comungamos e possamos sentir sua presença real de uma Missa para outra.

Transcrição: Flávio Costa

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