É preciso ler os sinais dos tempos

Daniel Machado
Foto: Daniel Mafra/cancaonova.com

Nós não fomos criados apenas para esta vida, mas para a vida eterna. Depois da morte vem a ressurreição. Nós temos o céu para morar. O próprio Jesus disse: "Na casa de meu Pai há muitas moradas; se não fosse assim, eu vo-lo teria dito. Vou preparar-vos o lugar" (João 14,2).

A palavra "escatologia", no grego scatom, significa "últimas" e está relacionado ao céu, ao inferno e ao purgatório. A Igreja, apoiada na Sagrada Escritura, diz que estamos aqui, nesta terra, de passagem, porque fomos feitos para céus novos e terra nova.

Quando falamos de céu, de inferno e purgatório, falamos de um dogma de fé da Igreja Católica. Todos os domingos, quando professamos a nossa fé, professamos o símbolo dela: o Credo. Nós professamos o Deus que veio do seio da Virgem Maria, que morreu e ressuscitou.

Jesus está sentando à direita de Deus Pai Todo-Poderoso. Assim como Cristo ressuscitou, nós também vamos ressuscitar em Cristo. Nós cremos que, um dia, Ele há de julgar os vivos e os mortos. Jesus ressuscitou e virá uma segunda vez. E é na segunda vinda d'Ele que ressuscitaremos. As pessoas que morreram ressuscitarão e todos nós teremos um corpo glorioso. Precisamos acreditar na Ressurreição, porque, se não acreditarmos nela, não seremos, de fato, católicos. São Paulo diz que se não acreditarmos na Ressurreição, a nossa fé será vã. 

O Senhor virá julgar os vivos e os mortos. Quando pensamos que Jesus está sentado à direita de Deus, pensamos que, talvez, Ele esteja parado. Mas não! Cristo está agindo. Diante de tanta injustiça, podemos pensar: “Parece que Jesus está de férias no céu!”. Mas quando Ele voltar, toda a justiça de Deus será em plenitude. Tudo mudará.

Com quem você vai querer estar na vida eterna? Aqueles que não aceitarem o amor de Deus também terão a vida eterna, mas no inferno. Aqueles que forem pessoas retas e se decidirem pelo amor, viverão eternamente no céu. Também aqueles que foram bons, mas não se deixaram purificar e tiveram inclinações para as coisas erradas, vão passar pelo purgatório para serem purificados.

A Igreja diz que, antes da vinda de Cristo, ela passará por uma grande tribulação. Todos nós somos Igreja. Não sabemos quando Jesus virá, mas passaremos por uma prova de fé. E mesmo que Cristo não volte amanhã, muitos de nós poderemos ir até Ele. Por isso, o Evangelho nos chama a uma conversão. 

No Catecismo da Igreja Católica lemos: “Antes da vinda de Cristo, a Igreja deverá passar por uma prova final, que abalará a fé de numerosos crentes (639). A perseguição, que acompanha a sua peregrinação na terra (640), porá a descoberto o 'mistério da iniquidade', sob a forma duma impostura religiosa, que trará aos homens uma solução aparente para os seus problemas, à custa da apostasia da verdade. A suprema impostura religiosa é a do anticristo, isto é, dum pseudomessianismo em que o homem glorifica a si mesmo, substituindo-se a Deus e ao Messias Encarnado (641). 676. Esta impostura anticristã já se esboça no mundo, sempre que se pretende realizar na história a esperança messiânica, que não pode consumar-se senão para além dela, através do juízo escatológico. A Igreja rejeitou esta falsificação do Reino futuro, mesmo na sua forma mitigada, sob o nome de milenarismo (642), e principalmente sob a forma política dum messianismo secularizado, 'intrinsecamente perverso' (643)."

Você pode pensar: “Está muito longe para isso acontecer!”. Mas já há muitos lugares onde as pessoas estão sendo perseguidas. Não quero ser o profeta do desespero, como alguns fazem, dizendo que Jesus virá tal dia e que o mundo vai acabar logo. Não! Ninguém sabe quando isso vai acontecer; só o Pai, como nos diz a Palavra. O primeiro sinal, no entanto, como nos diz o Catecismo, será a perseguição.

Já neste primeiro milênio, existem mais mártires do que no primeiro milênio do Cristianismo. Talvez, você nem sabia disso, porque essas notícias não aparecem nos jornais, mas há lugares onde os cristãos estão sendo dizimados. O Papa Francisco, em uma entrevista, emocionou-se ao dizer: “Hoje, há mais mártires que no primeiro Cristianismo.”

"É preciso que tenhamos claro diante de nós: Jesus voltará", disse Daniel.
Foto: Daniel Mafra/cancaonova.com


Nós, no Brasil, não sofremos essa perseguição de açoites, mas sofremos a perseguição velada.
Nós vivemos tempos tristes, quando até o coroinha questiona o Papa, a Igreja, a verdade da fé. Quando o Santo Padre fala alguma coisa, há pessoas que dizem: “Não, não é bem assim”, mas elas estão lá, no domingo, professando o Credo. Hoje, pensamos que tudo é normal, porque fomos nos deixando contaminar pelas mídias.

Na própria Europa, berço do Cristianismo, houve uma perseguição nos locais onde havia crucifixo. Se você pegar algumas leis para ler, como essa caça aos crucifixo, do aborto, da eutanásia, verá que é a mesma coisa. 

Vocês sabiam que, há alguns meses, na Bélgica, foi aprovada a eutanásia infantil? É um absurdo! Eu quero chamar a atenção de vocês para esses sinais dos tempos. 

Outro ponto é o avanço da perseguição à Doutrina da Igreja, ao Cristianismo. Nós temos pessoas que dizem “não" a Deus. A consequência disso é dizermos "não" ao homem; por isso matar o idoso que está ali, no leito do hospital, sem condições financeiras, “é normal” para eles. Num ano, há mais de 50 milhões de abortos. Quando o demônio quer agir, ela vai na destruição do ser humano. Nós vivemos tempos em que a sociedade tem colocado o ser humano sem nada de valia.

Dizer que o ser humano é o parasita da terra, o câncer dela, é uma negação do ser humano. Outro dia, um rapaz me perguntou: “Qual a religião certa?". Eu disse a ele que existe uma diferença muito grande nas religiões. Que, se nas outras religiões, os deuses estão distantes, a religião católica é a única que tem um Deus que veio até nós, encarnou-se no seio da Virgem Maria, morreu na cruz e ressuscitou. 

Talvez você pergunte: “Como será a nossa fé daqui a vinte anos?”. Digamos, de forma positiva, que o futuro da nossa Igreja ficará marcado pela postura dos santos e dos mártires. Não permanecerá a Igreja do culto político, mas a Igreja da fé. No último sínodo, os bispos já chegaram à conclusão de que está havendo uma ruptura da fé, pois os pais já não ensinam mais aos seus filhos sobre a fé.

Você só poderá suportar essas provações que virão se estiver em uma comunidade. É o que diz Bento XVI. É preciso que tenhamos claro isso diante de nós: Jesus voltará. Se Ele voltasse hoje, como estaria a sua fé?

Transcrição e adaptação: Jakeline Megda D'Onofrio.

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