Eis aí a tua Mãe

Nesta Quinta-feira de Adoração, temos, na Canção Nova, de modo especial, a imagem da Virgem de Fátima.

No ano de 1916, o Anjo de Portugal apareceu aos três pastorinhos – Jacinta, Francisco e Lúcia – e lhes deu a comunhão. Irmã Lúcia conta em suas memórias que, em maio de 1917, na Cova da Íria, as três crianças viram uma senhora muito linda e perceberam que era a Virgem Maria. Os meninos tinham 9, 10 e 11 anos respectivamente.

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Luis Felipe

Nossa Senhora disse aos pastorinhos: “Não tenhais medo! Eu não vos faço mal. Quereis unir-vos a Deus pelos sofrimentos para reparação aos pecados? Rezem o terço todos os dias para alcançar a paz no mundo e o fim da guerra”.

Além de a Mãe interceder por nós, ela nos faz filhos de Deus. Precisamos nos converter e tomar a oração como oxigênio de nossa alma. Nossa Senhora quer nos abrir os olhos para a verdade.

Os pastorinhos tinham uma relação muito singela e filial com a Senhora. Um dia, eles foram ameaçados por um governador do local, que queria saber qual era o segredo da Virgem Maria. Esse governador ameaçou as crianças, querendo jogar neles um caldeirão de água fervente. Mas eles não contaram, porque Nossa Senhora não os tinha autorizado. O homem, então, ameçou Lúcia, a mais velha, dizendo: “Você vai deixar seus irmãos morrerem?”.

Nessa época, quando Lúcia andava pelas ruas daquela pequena cidade, as pessoas a chamavam de mentirosa, até mesmo sua mãe dizia que a filha estava arrumando confusão. O governador ainda insistia para Lúcia contar os segredos, mas ela não os contava.

Francisco era um menino muito arteiro. Nossa Senhora havia lhes dito para assumir os sofrimentos em reparação dos pecados. Mas como Francisco era um menino muito arteiro, a Virgem disse que ele teria de rezar muitos terços para entrar no céu, porque, quando rezava, ele pulava algumas ave-marias.

Hoje, nós estamos em uma sociedade muito leviana, onde tudo é comodismo, e não queremos nos sacrificar. Fazemos tudo o que queremos, sem sacrifício. Mas se você os evitar, eles virão do mesmo jeito.

O que é sacrifício? É evitar algo que seria bom, mas, pela liberdade, optamos por algo maior. A falta de sacrífio nos leva a não enfrentar de maneira sábia aquilo que nos acontece.

Você precisa aprender a sofrer! Se não enfrentar os sofrimentos de forma madura, nunca crescerá. Eles são inevitáveis. Os pastorinhos foram mestres em enfrentar os sacrifícios.

Nossa experiência com Deus, aquilo que fazemos deve ser para agradar o coração d’Ele. Quando Nosssa Senhora aparecia para eles, ela dizia que “Deus estava muito feliz com eles”.

O papel da Mãe de Jesus não é fazer milagres em nossa vida. Como disse São João Maria Vianney: “Nossa Senhora já nos deu o verbo encarnado, por Ela já passam todas as graças”.

A mesma Nossa Senhora que é mãe dos apóstolos é também mãe dos pastorinhos e nossa mãe. Maria quer abrir os nossos olhos para entendermos que a salvação vem de Deus. A Virgem nos aponta Jesus.

Maria nos ensina que nosso olhar não deve ser para ela, mas para Jesus. “Meu Deus, eu creio, adoro, espero e amo-Vos”.

Quando morei em Fátima, Portugal, nosso lazer era ir ao Santuário de Fátima rezar. Lá, tinhamos um olhar diferente sobre a vida, um olhar de renúncia.

Precisamos ser sábios e compreender que a própria vida nos traz sofrimentos. Aquilo que os pastorinhos sofriam, Nossa Senhora os ensinava a oferecer a Deus.

Em 2008, fui mandado para Fátima. Em 2009, minha mãe foi me visitar e conhecer Portugal. Após algum tempo, soube que ela estava com câncer. A Canção Nova trouxe-me de volta ao Brasil para cuidar dela.

Eu já tinha visto muitas coisas que Deus havia realizado, muitas curas, mas, num momento de crise, eu perguntava a Ele: “Onde o Senhor está?”.

Minha mãe era enfermeira. Em uma consulta, ela perguntou ao médico se com aquele remédio ela teria chance de viver. Ele disse que não. Eu perguntei a ela: “Você entendeu o que o médico disse?”. Ela disse que sim, que precisava viver em Deus. Percebi, naquele momento, que ela havia dito aquilo que eu aprendi em Fátima: o mais importante não é a cura física, mas o “estar em Deus”. Nesse tempo, vivemos momentos lindos de aproximação.

Todos os dias, nós rezávamos juntos. Ao rezar por ela, eu lhe perguntei: “Mãe, posso conversar com a senhora?”. Ela só mexeu a cabeça. Eu lhe disse: “A senhora sabe que eu sou feliz na Canção Nova. A senhora conseguiu se casar, ter os seus bens, realizar-se na vida. Não está na hora de ir embora para descansar?”.

Você acha que isso é fácil para um filho dizer isso a uma mãe? Mas, nesse momento, eu estava vivendo a mensagem de Fátima. Não era Deus quem nos tinha dado o sofrimento, mas Ele o permitiu para a nossa purificação. Logo depois, minha mãe morreu, no dia de Nossa Senhora.

A mensagem de Fátima vibra dentro de mim, porque eu tive a oportunidade de viver ao lado da minha mãe.

Eu o convido a pegar a dor que você tem hoje e levá-la a Deus. Eu não tenho mais minha mãe, não tenho mais meu pai, mas isso não tira de mim duas certezas: “A minha mãe está com Deus”. E outra: “Eu quero lutar para estar, no céu, ao lado daquela que mais me amou!”

Precisamos parar com essa mentalidade humana de dizer “cada um que se vire!”. Nós precisamos estar em Deus, viver nossas renúncias e dores no Senhor para alcançar a nossa meta que é o céu.

Deus nos ama e nos cura do medo do sofrimento, do medo da morte. Peçamos a Nossa Senhora a graça de sofrer em Deus como ela sofreu.

Transcrição e adaptação: Jakeline Megda D’Onofrio.

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