Eu vim ao mundo como luz

Há algum tempo, escrevi um tema que se chama "Submissão, um significado diferente". Neste artigo, eu digo que "aqueles que se dispõem a viver um relacionamento estão, de certa maneira, dispostos a aprender com aquilo que a outra pessoa tem a lhe oferecer." Não tem como vivermos um relacionamento fechado; é preciso nos abrirmos, pois, na amizade, também aprendemos. Podemos dizer que, na caminhada com Cristo, não é diferente.

Dado Moura
Foto: Wesley Almeida/cancaonova.com

Se estivermos atentos aos movimentos, vamos aprender a conviver como o Mestre convivia. Vamos aprender que Jesus preza muito mais pelas manifestações de nossos corações do que por aquilo que rege a nossa racionalidade.


Chegando ao território de Cesaréia de Filipe, Jesus perguntou a Seus discípulos: No dizer do povo, quem é o Filho do Homem? Responderam: Uns dizem que é João Batista, outros Elias; outros dizem que é Jeremias ou um dos profetas. Disse-lhes Jesus: E vós, quem dizeis que eu sou?”

Jesus perguntava àqueles que caminhava com Ele, participava do Seu dia a dia, viviam com Ele uma experiência, pois um conhecimento não se vive lendo um relato. Alguém só pode traçar o que somos a partir do momento em que convive conosco. Não podemos passar na vida das pessoas como vento; é preciso que haja dois momentos: antes de conhecer e depois; essa é a experiência que Jesus quer saber de Seus discípulos.

Simão Pedro respondeu: Tu és o Cristo, o Filho de Deus vivo! Jesus então lhe disse: Feliz és, Simão, filho de Jonas, porque não foi a carne nem o sangue que te revelou isto, mas meu Pai que está nos céus. E eu te declaro: tu és Pedro, e sobre esta pedra edificarei a minha Igreja; as portas do inferno não prevalecerão contra ela. Eu te darei as chaves do Reino dos céus".

Quem daria a chave do seu reino para um homem que, talvez, mal soubesse ler, para um simples pescador?

“Tudo o que ligares na terra será ligado nos céus, e tudo o que desligares na terra será desligado nos céus. Depois, ordenou aos seus discípulos que não dissessem a ninguém que ele era o Cristo” (Mt 16,13).

Jesus quer que testemunhemos a partir da nossa vivência.

O Senhor não tentou mudar o mundo com um conjunto de regras ou conceitos filosóficos que poderiam ser transmitidos de modo acadêmico. Isto é você pegar um livro, estudar, decorar as regras e entrar no céu. Jesus acreditou que o Reino de Deus seria difundido pelo impacto daquilo que as pessoas sentiam no coração. Aliás, a transmissão da nossa fé não é outra senão o reconhecimento daquilo que experimentamos no coração.

Nem Pedro entendia que foi o Espírito Santo quem o impulsionou a dizer. Precisou Jesus alertá-lo. A resposta dele foi uma ação de Deus. É assim que Ele age.

A mesma coisa acontece conosco quando afirmamos para alguém: “Eu o amo”. Não falamos levando em consideração um conjunto de regras, o que a pessoa tem, se é bonita ou feia, baixa ou alta. Consideramos os sentimentos que a presença dela gera em nosso coração. A mesma coisa acontece em nossos convívios. Nossa história ou espiritualidade não será contada por quem leu nossa biografia, mas por aqueles com quem, pela amizade, experimentamos um diferencial. A convivência nos leva à maturidade, a uma mudança de vida e de conceitos.

"Jesus quer que testemunhemos a partir da nossa experiência", disse Dado Moura.
Foto: Wesley Almeida/cancaonova.com

Eu só serei capaz de decidir ou assumir um posicionamento por algo quando, realmente, eu for tocado por uma experiência, como aconteceu com Pedro.

Nós seguimos o coração para tomar as nossas decisões, mesmo quando pensamos estar sendo racionais.

Jesus não agia conforme as respostas de Suas analises racionais. Frequentemente, seguia o impulso do Seu coração, mesmo quando não fazia nenhum sentido lógico para aqueles que o cercavam. O que estava em Seu coração era fazer a vontade do Pai.

Nós também podemos dividir, partilhar e ajudar quando estamos dispostos, pois a nossa racionalidade não pode sobrepor os nossos sentimentos.

Quando Jesus decidiu escolher Seus discípulos, Seu critério principal não foi a formação acadêmica, a educação ou a inteligência. Se assim fosse, Ele iria estabelecer vínculos com os doutores da lei e, certamente, Ele iria buscar Seus discípulos nas sinagogas. Mas Ele quis estabelecer amizade com aqueles que poderiam ser capazes de entender as coisas com o coração.

Nós temos de perceber, na nossa caminhada, que precisamos viver esse tempo diferente, conhecer e aprender com Jesus Cristo. Precisamos saber como o Mestre agia, e para isso é preciso abrir o nosso coração. Muitas vezes, quando abrimos nosso interior a chance de errar é menor.

Quando estamos tenso com alguma coisa, é preciso parar para refletir e, às vezes, deixar para falar em outro momento. É preciso ser sensível e escutar o coração, pois, muitas vezes, nós não queremos dialogar, escutar o próximo; precisamos saber escutar aos nossos. Dialogar nos dá a graça de crescer!

Sabem por quê? Porque Jesus acreditou que o Reino de Deus seria difundido pelo impacto daquilo que as pessoas sentiam no coração. A racionalidade é importante, mas a nossa sensibilidade é fundamental na nossa vida.

Que possamos aprender, neste tempo do Advento, a abrir os olhos e os ouvidos para escutar o que Deus tem a nos dizer. Assim podemos fazer uma caminhada fecunda. È necessário buscar o conhecimento, mas é preciso também deixar o coração falar.

Transcrição e Adaptação: Thaís Rufino de Azevedo

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