Gente do Bem na ousadia da fé

Padre Adriano Zandoná
Foto: Wesley Almeida/cancaonova.com
Celebrar 15 anos de PHN é o mesmo que celebrar 15 anos de vida nova, de muitos jovens sendo libertos de seus vícios e gestações de homens novos para um mundo novo.

Quando a liturgia fala de Isaac, estamos falando de um novo nascimento. No parto de Sara, Isaac nasce para a carne, mas, no sacrifício do monte, ele nasce para a fé. Aquilo que, aos olhos humanos pode parecer uma atrocidade, aos olhos da fé é sinal de um novo tempo.

Deus mostrou para Abraão que não queria o sacrifício humano, como acontecia até então, mas sim um sacrifício de fé, capaz de deixar tudo pelo Senhor.

É difícil estar sobre o monte do sacrifício, afinal, ninguém gosta de experienciar o sofrimento que, muitas vezes, sequer sabemos dar nome. Aquela dor, angústia, carência e vazio, que vem de algum lugar e invade nosso ser.

Quantos jovens não conseguem se libertar de drogas e vícios, porque não conseguem dar o passo de iniciar a subida? O que hoje o Senhor o pede a ofertar, mas lhe causa medo?

A verdadeira fé é capaz de se desinstalar, sair do seu comodismo e ir até onde está a vontade do Pai. Esta mesma fé não questiona, não barganha, muito menos cobra uma postura de Deus.

Abraão compreendeu que para receber algo era preciso dar tudo o que tinha. Quando ele entrega aquilo que tinha de mais precioso, esvazia todo seu coração, dando espaço para que o Senhor possa agir.

Podemos dizer que Abraão foi o precursor do projeto 'Gente do Bem', pois ser bom é ser dócil ao Espírito. Será que temos a mesma atitude diante daquilo que Deus nos apresenta?

Quantos passos de ousadia o Senhor tem inspirado em seu coração? Imagine como as coisas poderiam estar diferentes se tivéssemos aprendido a dizer 'sim' ao chamado de Deus!

Ousar significa perder o equilíbrio momentaneamente, porém, quem não ousa, perde o equilíbrio de toda sua vida. Nós temos medo do que é novo e nos desafia, mas se não compreendermos que este tempo é necessário, não seremos capazes de alcançar o topo do monte.

"É preciso dar tudo para receber tudo de Deus", ensina padre Adriano Zandoná.
Foto: Wesley Almeida/cancaonova.com

A fé de Abraão nos ensina a ousadia e o sacrifício. Não ter medo de ofertar tudo para receber tudo! Qualquer “teologia da facilidade” que lhe apresentem, acredite, ela não vem de Deus, pois Ele nunca prometeu facilidades para Seus seguidores, mas a vida eterna.

A maturidade da fé só é alcançada quando ela consegue transpor a barreira da decepção. A maneira mais fácil de tornar uma pessoa infeliz chama-se expectativa. Quando você começa a colocar sua esperança em alguém, mais cedo ou mais tarde irá se decepcionar.

Existem muitas pessoas que se agarram em suas fraquezas para usá-las como desculpa, pelo fato de não conseguirem se entregar nos braços do Pai. Mas não use muletas para justificar sua falta de ousadia, seja sincero e peça a Deus a graça de confiar cada dia mais.

Ninguém consegue subir a montanha sem o combustível da oração, da Eucaristia, da adoração, do Santo Terço, entre tantas outras práticas de oração. Por isso, assim como um atleta, antes de se aventurar em qualquer caminho, é preciso estar bem preparado.

O próprio Cristo nos deixou as melhores armas para usarmos nessa batalha, a única coisa que precisamos fazer é deixar que elas façam parte da sua vida. Busque auxílio n'Aquele que pode salvá-lo, e você encontrará uma fé que não tem medo de perder para ganhar.

 
Transcrição e adaptação: Gustavo Souza

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