Músico, vai escrever a sua história

Eugênio Jorge
Foto: Wesley Almeida/CN

Maior que tudo é o amor de Deus por cada um de nós! Se nós não podemos ser exempos, ídolos é que não podemos ser. Nós músicos católicos mais antigos trazemos em nós o desejo ardente de ser exemplo. Uma vez Maradona foi visitar o Papa João Paulo II, mas ele se apresentou ao Papa como ídolo de sua nação. E o Papa, amorosamente, lhe disse: "Maradona, os jovens não precisam de ídolos, precisam de exemplo!"

Mas, enfim, isso também se aplica a nós. Nosso ministério nos proporciona muitas coisas, mas o que somos chamados a ser é testemunhas. E "serei minhas testemunhas" exorta-nos o Senhor, e testemunhas do Evangelho de Cristo.

Quero lhes dar uma notícia e partilhar que, ontem à noite, estava em Passa Quatro (MG). Tivemos uma noite de adoração maravilhosa e vimos mais uma vez a vitória de Deus na vida daquelas pessoas que estavam naquele evento. Era a música, eram os músicos cumprindo sua missão. Não podemos ficar fora da missão para a qual fomos chamados, designados por Deus a fazer. Como agradecer por tanto bem que fizeste a mim, Senhor?

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Eu tive meu encontro pessoal com Jesus por meio da música. Eu era da escola de samba junto com meu irmão e me encontrei com Jesus. Ensaiávamos muito e, naquele dia, cheguei um pouco antes no ensaio e não imaginava que Deus tinha um encontro pessoal marcado comigo. Foi aí nessa ocasião, no ensaio da escola de samba, que eu comecei a ouvir uma música longe, bem longe… E na música dizia assim:

Muito alegre eu te pedi o que era meu, partir, um sonho tão normal. Dissipei meus bens e o coração também, no fim meu mundo era irreal. Confiei no Teu amor e voltei. Sim, aqui é meu lugar Eu gastei. Teus bens, oh Pai, E te dou este pranto em minhas mãos. Mil amigos conheci, disseram adeus. Caiu a solidão em mim. Um patrão cruel levou-me a refletir: Meu pai não trata um servo assim. Nem deixaste-me falar da ingratidão, Morreu no abraço o mal que eu fiz. Festa, roupa nova, anel, sandália aos pés Voltei à vida, sou feliz.

"Confiei no teu amor e voltei. Sim, aqui é meu lugar" [trecho música].
Foto: Wesley Almeida/CN

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Essa canção mudou meu coração e eu fui embora do ensaio. Não sabia o que estava acontecendo e fui embora. Meu irmão queria me matar e dizia: "Tá louco, Eugênio, eu conto com você". Eu já tinha 17 anos e amava o Carnaval, era nossa vida. Mas dentro de mim eu dizia: "Não quero mais, não consigo mais!" e aí então eu voltei à vida e sou feliz!

Devo testemunhar para que todos vocês saibam que não foi por um show ou grande evento que fui conquistado para Deus. Foi por meio de um ensaio. Como um ensaio feito com amor e com dedicação tem a força de mudar a vida de alguém! Foi por meio de um ensaio que voltei para Deus. Foi por meio da canção do filho pródigo que era eu que voltei para o Senhor. Isso foi 1979.

Tenho muita gratidão a tantos irmãos evangélicos, que com suas canções nos ajudaram tanto no início da nossa caminhada com Deus, com suas belas canções de adoração e louvor. Tivemos que ouvir muitos LPS evangélicos para aprender a cantar. Só depois fomos descobrindo que éramos capazes de cantar nossas próprias canções.

Eu me encontrei com o diácono Nelsinho Corrêa, que foi meu mestre, porque ele me ensinou a cantar. Ele surgiu cantando "Anuncia-me". Nós não nos conhecíamos e nos encontaramos num Festival chamado FEMUC. Eu o vi cantando essa música [Anuncia-me].

Em 1982 nos conhecemos, cantamos e passamos por todas as fases até chegarmos ao final do festival. Monsenhor Jonas era júri do festival. Chegamos ao final juntos. Diácono Nelsinho Corrêa: categoria coral e eu: primeiro lugar no individual. E naquela noite pela primeira vez padre Jonas, hoje monsenhor Jonas, falou comigo e minha vida mudou a partir daquela noite.

Temos muita história para contar, mas naquele tempo nos sentíamos pequenos diante da gradiosidade do que Deus queria para nós. Como a música do Nelsinho diz: "Eu não sei falar, sou apenas uma criança!" Padre Jonas dizia: "Vai, Negão! Estou aqui". E quando viámos o Espírito Santo começava a agir.

Não podemos nos acovardar! Somos aqueles chamados a fazer a história do músico católico. Como não lembrar do nosso querido padre Zezinho com a sua música profética: "O trigo já se perdeu. Cresceu, ninguém colheu. E o mundo passando fome. Passando fome de Deus”.

Ouvindo uma canção como essa do padre Zezinho, não podíamos ficar parados! Tínhamos que dar um passo à frente. Ela era um impulso para quem queria ser um músico de Deus! Como vocês podem ficar aí parados?! Nós tínhamos, sim, que cantar nas Missas, nos grupos de oração, não estávamos fazendo mais do que nossa obrigação.

A música do padre Zezinho continua ecoando entre nós como naquele dia: “O trigo já se perdeu, crescer ninguém colheu. E o mundo pasando fome, passando fome de Deus". A decisão é sua! "São muitos os convidados, quase ninguém tem tempo!" Essa música é mais atual do que nunca.

Quero citar aqui a Rádio Canção Nova. Como era maravilhoso saber que as ondas de amor dessa rádio espalhava esse amor de Deus pelo ar. Essa emissora nos ajudou muito naquele tempo e continua até hoje levando essa canção de Deus, que estava nos LPs.

Quanta coisa linda aconteceu no tempo em que ainda não havia TVs católicas nem internet! Eu fui um dos primeiros sócios da Canção Nova. Contribuía com o dinheiro das roupas que passava numa lavanderia. Tinha prazer de enviar aquele dinheiro para essa obra de evangelização, porque ela me dava acesso e me ajudava a conhecer a música católica, que me sustenta até os dias de hoje.

Depois de 30 anos como ministro de música não é hora de cuidar de nós mais antigos, de cuidar das nossas feridas, mas sim de testemunhar aos jovens ministros de música que estão chegando. Quero dizer para você: É possível servir a Deus, servir a Igreja pela música. É possível levar a cura, a libertação e a cura de Deus pela música. Por isso se o trigo está se perdendo, diga ao seu irmão: Mãos à obra, meu irmão!

Você que estava desanimado, abra a boca e cante. Cante oportuna e inopornunamente. Se te aplaudirem cante, mas se te vaiarem cante também. Saia do casulo. Vai cantar, vai tocar! Pare de enterrar seu talento! O trigo está se perdendo enquanto você enterra seu talento!

Escreva o capítulo da música católica que cabe a você. Não fique só achando bonito. Escreva o capítulo que lhe cabe. Faça sua parte na história e testemunhe aquilo que Deus fez com você. Tem uma parte que só você pode fazer na história da música católica.Dê thau ao carnaval e diga: agora vou cantar pra Deus!!! Vai construir sua história de musico católico.

Vá fazer história na sua paróquia. O grupo mensagem 2000 cantava na missa todo domingo. Todo domingo nós chegávamos lá as 15h pra ensaiar pra missa e10 anos foi assim. Foi isso que fecundou o nosso ministéri, estar aos pés da nossa paróquia Santa Cecília. Se hoje eu canto no Brasil inteiro, viajoo mundo, é graças a ter cantado primeiro na minha paróquia. Vai fazer o que lhe cabe, pega a caneta e vai escrever o capítulo da sua história la na sua paróquia.

"Deus faz história com aquele que se abre à Sua graça", afirma Eugênio Jorge
Foto: Wesley Almeida/CN

Que triste irmos a uma Missa em que não há um músico e o padre está sozinho! Da mesma forma, quão triste é chegar a um velório com tantos músicos e ninguém ter coragem de puxar uma música para consolar aquela família que sofre! Ficamos esperando os holofotes, quando Deus nos dá as situações para servirmos.

E você que foi embora e desistiu no meio do caminho, porque não fez sucesso saiba: Você não tem que fazer sucesso! Você tem que servir a Deus sem nada esperar. E se Deus quiser honrá-lo, Ele vai colocá-lo no lugar que Ele quiser. Vocês acham que eu tinha ideia de que ia, um dia, cantar para o Papa em sua visita ao Brasil?

O nosso ministério, irmãos, é chamado a viver duas realidades: Primeiro: glorificar a Deus. Fomos criados para a glória de Deus. Glorificar a Deus, tirar o olhos da miséria do mundo e olhar para a cruz. E com isso se levantem do torpor de onde caíram e voltem à vida. Segundo: Edificação da Igreja: Exortação do nosso povo, desperar o nosso povo, edificar o povo que não reage diante de aprovações de leis que são contra a vida. Nossas canções precisam ser capazes de despertar o povo para um novo tempo. Mas se eu continuo a esconder o meu talento, o trigo vai se perder, o mundo vai morrer de fome e sede de Deus.

E de quem é a decisão? É minha! Diga de você que eu digo de mim! Você vai enterrar seu ministério? Você acha que todo dia vai haver gente o aplaudindo?
Haverá dias em que você nem será notado pelo padre, e aí: o que você vai fazer? Cantar e glorificar a Deus! Você tem tempo? Nós estamos correndo o tempo tempo, andando de um lado para o outro e uma das consequências graves disso, que tem nos assolado, é a insensibilidade. Estamos perdendo a sensibilidade. Alguém semialfabetizado pregava e todos eram tocados nos grupos de oração. Hoje temos uma banda com instrumentos maravilhosos importados, som de primeira qualidade, músicos espetaculares, muito capazes e, por vezes, nossa canção não é capaz de fecundar pessoas. Vivemos um momento de insensibilidade ao toque de Cristo.

Na correria que o nosso próprio ministério nos impôe, nos envolvemos com a obra de Deus e não nos encontramos com o Deus da obra.“ Buscai ao Senhor já que ele se deixa encontrar, invocai-o enquanto está perto.”

Existe muita gente perdendo a sensibilidade por aí. Não deixe que o seu ministério perca a sensibilidade. Pararelo a nosso ministério há a nossa vida. O nosso ministério deveria ser o transbordamento da vida que vivemos, da relação que mantemos com Jesus. E o mundo sabe quando a nossa música é fruto desse transbordamento. Saiba: Deus faz história com aquele que se abre à Sua graça.

Transcrição e adaptação: Cristiane Viana

Veja um trecho da pregação:

 



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