O melhor presente de Deus é a vida eterna

Padre Alexandre Paccioli
Foto: Maria Andréia

Hoje a liturgia tem um recado muito importante, por meio do qual Deus quer falar de forma muito especial neste tempo que estamos celebrando: a Quaresma. Qual o tempo de todo católico? Além do nosso relógio que marca as horas do nosso dia, deveríamos ter um outro relógio para medir o tempo litúrgico.

Existe uma tendência nos dias de hoje de viver a nossa fé de forma superficial. Eu pego o que me interessa e faço a minha de fé de acordo com o que eu quero. Muitos católicos não estão vivendo o tempo da Igreja, este tempo de oração de jejum e de caridade. Quem não gosta de receber presente? O presente é algo pelo qual não podemos pagar; do contrário, não é presente. Qual o melhor presente que você recebeu na sua vida? Talvez uma roupa, um creme para a pele, um estojo de maquiagem, um bicho de pelúcia…? O melhor presente que você já recebeu até o dia de hoje se chama Vida Eterna.

"Deus amou o mundo de tal forma que deu Seu Filho unigênito para que não morra todo que n'Ele crer, mas tenha vida eterna" (Jo 3, 16)

Esta passagem bíblica é uma palavra central da Bíblia, uma das mais importantes. Meus irmãos e irmãs, quando alguém lhes dá um presente não é correto perguntar 'quanto custou este presente?', isso seria uma falta de educação tremenda. Mas é engraçado que a Bíblia fala quanto custou este presente: custou a vida do próprio Filho de Deus. Quanto amor!

A sua vocação não é rastejar nesta terra, não é viver apegado às coisas deste mundo. Nossa vocação é a vida eterna e, para lá, não levamos nada a não ser o amor.

Nenhuma mulher ou homem de fé vive apegado às coisas desta terra, ele(a) busca as coisas do alto. É interessante que a imagem que a Sagrada Escritura retrata do diabo é uma serpente, e a serpente não voa, ela rasteja. Você não nasceu para rastejar sobre esta terra, você nasceu para buscar as coisas do alto e ter sabedoria é ter consciência deste presente que Deus nos deu, que é a vida eterna. O objetivo de Deus Pai, portanto, não é condenar ninguém, pois "De fato, Deus não enviou o seu Filho ao mundo para condenar o mundo, mas para que o mundo seja salvo por ele" (Jo 3, 17)

Padre Alexandre Paccioli
Foto: Maria Andréia

Meus pais, por exemplo, nunca deixaram de me mostrar o caminho e de colocar limites na minha educação, no entanto, eles não me ensinaram por meio do medo, mas sim do amor. Muitas vezes, nós temos uma pregação de condenação e isso não salva ninguém. Como o exemplo dos meus pais me ajudam na minha vida de sacerdote com o exemplo do amor!

Os jovens, por exemplo, dificilmente vão seguir mestres de 'palavras', hoje os jovens esperam pelos testemunhos. Será que o seu testemunho (pai e mãe) está sendo convincente para educar os seus filhos? Deixo aqui uma arma de combate espiritual para que vocês saibam se estão seguindo no caminho certo, esta arma se chama "discernimento dos espíritos". Diz a Palavra de Deus: "Quem pratica o mal odeia a luz e não se aproxima da luz, para que suas ações não sejam denunciadas. Mas, quem age conforme a verdade, aproxima-se da luz" (Jo 3, 20).

Então o discernimento é: quanto mais eu me aproximo de Deus tanto mais eu sinto esta luz, e quando mais me afasto de Deus tanto mais as trevas tomam conta de mim. E nós vemos que quem está nas trevas mais é atraído para dentro dela.

Muitas pessoas estão tão cegas na fé que não conseguem ver as coisas de Deus. E você que me escuta saiba: a sua vocação é a luz!

Transcrição e adaptação: Daniel Machado

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