O que se pode fazer para atingir as raízes e fechar as brechas

Irmã Maria Eunice
Foto: Maria Andrea/Cancaonova.com

“O que se pode fazer para atingir as raízes e fechar suas brechas é rezar, orar pelos falecidos da família, principalmente os que morreram em acidentes, nas guerras, os natimortos, os que cometeram abortos ou tiveram mortes violentas.

Se você levantar seu histórico familiar, vai perceber quantas famílias viveram essas realidades. Por isso é importante rezar pela nossa árvore genealógica.

Ninguém vai ver Deus face a face se tiver uma poeirinha de pecado. Então, todos nós possivelmente passaremos pelo purgatório. Alguns mais rápidos que os outros.

Muitos dos nossos familiares estão dependendo da nossa oração para contemplar Deus face a face, porque, após a morte, a pessoa não pode fazer mais nada por si mesmo, ela depende da oração dos outros.

Nossa família é formada pelos vivos e pelos que já morreram, por isso não podemos nos esquecer deles; precisamos enviar a eles nosso amor e carinho, pois isso pode tirá-los do purgatório.

Rezar pelos mortos não é invocá-los nem cultuar os antepassados, mas caminho seguro dado pela Palavra de Deus, a qual nos ensina e recomenda a orar pelos falecidos. A Missa é a oração maior, é a melhor oração que podemos fazer pelos nossos falecidos.

Já dizia São Jerônimo: “Por toda Missa devotamente celebrada muitas almas saem do purgatório”. O padre não participa sozinho da Celebração Eucarística, pois nós participamos com ele e precisamos vivenciar com devoção esta Celebração.

Pode achar o que você quiser, mas Deus não vai deixar de ser Ele, porque você "acha". O que o Senhor falou na Palavra não vai mudar.

Há os que rezam só no Dia de Finados, e olha lá! Há também aqueles que não rezam nem neste dia.

O que a Igreja nos ensina sobre a oração pelos mortos? O Catecismo da Igreja Católica (CIC 958) diz: “Reconhecendo cabalmente esta comunhão de todo o corpo místico de Jesus Cristo, a Igreja terrestre, desde os tempos primevos da religião cristã, venerou com grande piedade a memória dos defuntos (…) e, `já que é um pensamento santo e salutar rezar pelos defuntos para que sejam perdoados de seus pecados' (2Mc 12,46), também ofereceu sufrágios em favor deles." Nossa oração por eles pode não somente ajudá-los, mas também tornar eficaz sua intercessão por nós.”

No número 1689, que fala sobre a Santa Missa, o Catecismo afirma: "Quando a celebração tem lugar na igreja, a Eucaristia é o coração da realidade pascal da morte cristã (20). É então que a Igreja manifesta a sua comunhão eficaz com o defunto: oferecendo ao Pai, no Espírito Santo, o sacrifício da morte e ressurreição de Cristo, pede-Lhe que o seu filho defunto seja purificado dos pecados e respectivas consequências, e admitido à plenitude pascal da mesa do Reino (21). É pela Eucaristia assim celebrada que a comunidade dos fiéis, especialmente a família do defunto, aprende a viver em comunhão com aquele que «adormeceu no Senhor», comungando o corpo de Cristo, de que ele é membro vivo, e depois rezando por ele e com ele".

"Estamos vivendo o tempo da misericórdia. Deus está dando mais um tempo para nós",  diz Irmã Maria Eunice
Foto: Maria Andreá/cancaonova.com
 

A Igreja ainda ensina, no número 1032: “Esta doutrina apoia-se também na prática da oração pelos defuntos, de que já fala a Sagrada Escritura: «Por isso, [Judas Macabeu] pediu um sacrifício expiatório para que os mortos fossem livres das suas faltas» (2 Mac 12, 46). Desde os primeiros tempos, a Igreja honrou a memória dos defuntos, oferecendo sufrágios em seu favor, particularmente o Sacrifício eucarístico para que, purificados, possam chegar à visão beatífica de Deus. A Igreja recomenda também a esmola, as indulgências e as obras de penitência a favor dos defuntos: «Socorramo-los e façamos comemoração deles. Se os filhos de Job foram purificados pelo sacrifício do seu pai (627) por que duvidar de que as nossas oferendas pelos defuntos lhes levam alguma consolação? […] Não hesitemos em socorrer os que partiram e em oferecer por eles as nossas orações» (628).

Precisamos nos lembrar que morremos uma vez só; em seguida, vem o juízo (cf Hb 9,27). Se você está vendo um parente aparecendo para você, saiba não tem nada de Deus aí não. Pode ser o demônio disfarçado. O que nós temos de fazer é rezar como a Igreja nos orienta.

Nós precisamos melhorar nossa caminhada com Deus, buscar por Ele. Nossos filhos dizem: “Minha mãe vai à Igreja, mas olha o que ela é? Eu não vou à Igreja não…” Isso não pode acontecer. É uma pena vermos que muitos de nós conhecemos Jesus Cristo, mas não tivemos um encontro pessoal com Ele. É essa experiência que nos faz segui-Lo com convicção.

A oração pelos falecidos é de compaixão. Jesus teve compaixão de nós, por isso assumiu em sua carne as nossas misérias. A palavra "misericórdia" é linda, porque nela existem duas outras palavras escondidas: miséria e coração.

Estamos vivendo a misericórdia, na qual Deus está dando mais um tempo para nós.

É preciso ter compaixão dos falecidos. Temos a mania de canonizar os que morrem, falando que eles eram muito bons, mas não é assim; na verdade eles precisam de muita oração.

Os casais que fizeram abortos devem, em oração, assumir a maternidade e a paternidade diante de Deus.

E as pessoas que morrem em estado de pecado? Os que não morreram na amizade com Deus? O que podemos pensar sobre eles? Eles necessitam de maior compaixão.

Podemos ajudá-los de várias formas: oferendo a Santa Missa por eles, fazendo a comunhão na sua intenção, lucrando indulgências em seu favor (isso pode ser feito em várias épocas do ano), orando pelo descanso eterno, oferecendo sacrifícios e fazendo penitências em seu favor, perdoando as ofensas em sua intenção (perdoar no lugar da pessoa), rezando a Via-Sacra por eles e também o rosário.

"O 'Cara' está ali na cruz, esse é o Cara",  diz Irmã Maria Eunice
Foto: Maria Andreá/cancaonova.com

Muito que pode ser feito pelos falecidos, mas precisamos rever nossa maneira de rezar. A fé exige recusa de ídolos na nossa vida; é preciso bani-los, sejam quais forem.

O 'Cara' está ali na cruz, esse é o 'Cara'. Jesus Cristo não fugiu, não teve medo da humilhação, de aparentemente estar derrotado, de assumir nossa condição humana. Ele não quis nos abandonar na nossa viagem, Ele ficou conosco todos os dias. O Senhor nos disse: “Eis que estarei convosco todos os dias, até o fim dos tempos” (Mt 28,20)

O túmulo está vazio! Jesus ressuscitou, está vivo no meio de nós. É o Deus conosco, pois Ele está conosco nessa viagem para Jerusalém Celeste, para o céu. Lá é o nosso lugar; aqui é o lugar de nossa purificação, onde vamos lidar com as dores, os sacrifícios. Por isso, se você não rezar não estará com Ele.

↑ topo