Padre Pio e a confissão

Continuando a falar de padre Pio, antecedendo também este Acampamento de Cura e Libertação. Padre Pio é um grande exorcista.

Hoje, para falar da existência do demônio é preciso estar com o coração claro no Senhor. Ninguém pode falar do anticristo com profundidade sem estar com o coração totalmente dado ao Senhor, sem ter prudência, vigilância, uma vida totalmente voltada à adoração, à Santa Missa.

Quero falar do Sacramento da Confissão. Esse livro do padre Gabriele Amorth – "Breve história de um santo" – que é um dos maiores exorcistas do mundo e faz parte da Associação Internacional de Exorcistas. Ele conta aqui que durante seu longo ministério até hoje  quando ele exorciza ou tem algum contato com o exorcismo, o demônio fala com a pessoa que está sendo exorcizada.

Sobre Padre Pio, o demônio disse: “Esse frade, não! Padre Pio, não!” E nesse livro, padre Gabriel pede a intercessão de Padre Pio. A comunhão dos santos é uma graça extraordinária na Igreja. E São Pio continua profundamente exorcista.

Padre Pio viveu entre o confessionário e o altar. 20h por dia, ele passava no confessionário. Hoje, os católicos confundem direção espiritual com confissão.
Padre Pio foi muito enérgico na confissão, a ponto de negar a absolvição para muitos. Ele via nos olhos que a pessoa não estava arrependida. Um dia, um jovem disse que estava chorando porque não havia recebido a absolvição. Padre Pio disse-lhe que estava fazendo aquilo para ele ir para o céu, porque ele não tinha se arrependido.
As pessoas que eram repreendidas por Padre Pio sentiam compulsão no coração. Elas voltavam e eram profundamente tocadas no coração. A não-absolvição trazia ao coração delas o desejo de mudança de vida e autenticidade.

Muitos católicos brincam com a confissão e uma porção, infelizmente, não confessa mais e abandona a confissão. Eu quero dizer que o fundamental de um retiro de cura e libertação é a confissão. Confissão não é simplesmente escutar uma pessoa. Confissão não nos cansa, em primeiro lugar, só por escutar o que você tem a falar e exige de nós uma paciência. O que cansa o sacerdote? O peso, a expiação. O sacerdote vai carregando nos ombros dele os pecados de vocês.

Onde vai parar o pecado perdoado? Ele some de sua vida, mas quem traz ele para si é o sacerdote. O próprio ato de ele se consumir pela Igreja está aniquilando o pecado do povo. É esta a razão de um dos maiores motivos do ódio dos demônios contra o Sacramento da Confissão.

Muitos católicos não se humilham mais. Qual o único caminho que o Sangue de Jesus usa para limpar este "lodo" no coração? É o Sacramento da Confissão.

Padre Pio passava horas e horas na confissão e as pessoas eram transformadas. Essa é missão por excelência do sacerdote: celebrar o sacrifício de Cristo e tirar o pecado de sua vida pelo Sacramento da Confissão. Padre Pio era muitíssimo amigo de São Miguel Arcanjo e tinha uma convivência especial com os anjos. Certa vez, um jovem ficou numa grande fila para se confessar com ele. Quando Padre Pio levantou as mãos envoltas em linho e numa luvinha – ele tinha a arte da humildade, de esconder os estigmas – o jovem viu descer um filete de sangue e deu um testemunho. Cada vez que você vai se confessar é o Sangue do Senhor que está entrando na sua alma.

Por que uma multidão vai vir aqui buscar cura e libertação? Porque precisamos deixar que Jesus entre no profundo da nossa alma e dê a nós a alegria de poder escutar do sacerdote: "Vai em paz! Os teus pecados foram perdoados!" Sem arrependimento ninguém é santo. Arrependimento lá do coração.

A misericórdia de Deus não é aprontar o que você quiser, como se ela não puxasse a dor do coração do Filho de Deus. A misericórdia nos faz ter saudade do Pai que espera o filho pródigo voltar. Deus, para perdoar, também sofre. Não trate a misericórdia como coisa, mas como ato do amor de Deus. E Padre Pio era muito consciente disso. Ele disse: “Atualmente vou agüentando 19 horas de confissão, na luta cara a cara com satanás para lhe furtar as almas e dar a Deus o que Lhe pertence”.

O Papa João Paulo II já deu uma chamada de atenção sobre a confissão comunitária. Sacramento é pessoal, contato pessoal com o Senhor, com Jesus; o seu pecado e a misericórdia de Deus. Não é à toa que à noite satanás ia bater no Padre Pio – e batia mesmo.

Ser sacerdote é buscar cada vez mais assemelhar-se ao mistério de Cristo. Para o Padre Pio, o confessionário não era uma máquina de confissão, era conversão. “Você não quer converter-se, saia daqui, hipócrita!”, dizia ele.

A santidade traz sua fraqueza colocada no Sangue de Cristo. Um dos motivos também pelos quais o Padre Pio sentia dor era o conhecimento de suas fraquezas. Muitas vezes, ele não sentia nenhum desejo de rezar, mas ia e rezava, adorava o Senhor. Ele não tirava o rosário de suas mãos.

O Sacramento da Confissão vai tirar de você, hoje, aquilo que é um desastre. Não comungar Jesus Eucarístico, hoje, é um desastre para sua vida! Ficar sem comungar Jesus no altar é loucura para sua vida.

O Sacramento da Confissão é para os pecadores, para os doentes. O orgulhoso não confessa. A orgulhosa não confessa. É tão natural ouvir católicos dizendo: “Não vou confessar porque não mato, não roubo…” Tudo bem. Mas e o que você deixa de fazer? A desobediência a Deus dentro do coração, o seu humanismo, a sua “eudolatria”. Você não tem o poder de se auto-analisar. Coloque-se diante de Deus. Não caia na tentação de se auto-justificar, auto-santificar. Busque a confissão para escutar o que Deus tem a lhe dizer, não o que você quer.

Como é bom escutar um sacerdote que me diz o que Deus quer para mim, mesmo que doa.

Transcrição: Maurício Rebouças
Fotos: Natalino Ueda

↑ topo