Pastoral da sobriedade e a família

Ana Martins

Com minha experiência, e vendo de perto o sofrimento das pessoas que me pedem ajuda, principalmente as mães, é possível traçar um paralelo entres as dores de Maria e dessas pessoas envolvidas com os dependentes químicos.

Quando Maria apresentou Jesus no templo, a primeira espada de dor já transpassou seu peito com a profecia de Simeão. “Simeão abençoou-os e disse a Maria, sua mãe: Eis que este menino está destinado a ser uma causa de queda e de soerguimento para muitos homens em Israel, e a ser um sinal que provocará contradições, a fim de serem revelados os pensamentos de muitos corações. E uma espada transpassará a tua alma” (Lucas, 2-34-35).

Pense também na fuga para o Egito, Maria teve que largar o conforto da casa para ir para o Egito. Quantos de nós tivemos que largar o conforto, na ilusão de que mudando de casa o problema seria resolvido, mas o problema continua.

Outra dor é a perda do Menino Jesus no templo. Maria procurou Jesus por três dias, ela tinha consciência de que Ele era o Messias, e quando O encontrou Ele disse a ela que havia vindo ao mundo para cuidar dos interesses do Pai. E quando nosso filho não volta para casa? Não pensamos em nós, só queremos encontrá-lo. Vamos em vários lugares na busca incessantemente, e até nos expomos, mas muitas vezes, quando ele volta, jogamos a casa no “chão” e nos esquecemos do filho pródigo. A recuperação do dependente químico, depende de nosso equilíbrio.

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Quando Jesus foi preso e levado para ser julgado, Maria suportou em silêncio e no olhar. Um olhar de dor e de entendimento que aquela era a vontade do Pai. Quando isso acontece conosco nós xingamos, lamentamos, mas talvez seja o momento do dependente receber de Deus o sinal de que é hora de mudar de vida. Fazemos de tudo para a não aceitação do fato, mas o que Maria fez? Ela fez tudo em silêncio, em oração. Na minha casa a mudança aconteceu quando eu me posicionei perante a vida.

Maria aos pés da cruz, vendo Seu Filho, que não havia feito nada, sendo crucificado entre ladrões, suportou a dor porque seu conforto era fazer a vontade de Deus. A dor da espera na porta do hospital, ou na porta dos presídios durante as rebeliões, é uma dor que nos dará força para sermos humildes e nos levará ao encontro de Deus.

A dor maior que Maria teve foi quando uma lança transpassou o coração de Jesus, a certeza de que tudo estava terminado. Jesus morre deixando Maria. Quantas mães recebem os filhos baleados, com os ossos ressequidos pelo crack, alucinados, e muitas recebem o corpo sem vida e o pior é quando elas precisam ir reconhecer o corpo no necrotério.

Quanta dor Maria teve quando foi sepultar Seu Filho Jesus. Pense na dor, de um velório de um filho dependente, os sentimentos de perda definitiva e a sensação de culpa e fracasso que os pais têm. Mas quantas pessoas que passaram por esse sofrimento, estão aqui hoje ajudando outras pessoas.

Maria não ficou na dor, Jesus ressuscitou! Temos que pensar que a ressurreição de Jesus é o fato mais importante do Pai. Temos a certeza que o bem vence o mal por meio de Jesus. Tomemos posse desse dom que Deus reserva a todos os seus filhos. Maria também participa das alegrias de Seu Filho Jesus. Temos consciência de que toda recuperação é obra de Jesus Cristo ressuscitado.

Que Maria seja a intercessora junto a Jesus nos momentos de tristezas das famílias dos dependes químicos. Amém!

 

Transcrição e adaptação: Willieny Isaias

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