Quaresma: rezar a partir da nossa verdade

Padre Wagner Ferreira

Nós recebemos de Jesus ressuscitado a graça de uma nova vida. Essa vida nos é concedida pela graça do Sacramento do Batismo, pois, neste momento, aceitamos viver ressuscitados com Ele.

A Quaresma vem justamente nos recordar que nós, discípulos de Jesus, precisamos assumir o compromisso com esta vida nova. Este tempo é propício para escutar a voz de Deus e aprofundar naquilo que é nossa fé.

A fé tem um fator importante na vida de um cristão, mas deve ser complementada com a vida sacramental, para assim vivermos comprometidos com o Evangelho de Nosso Senhor Jesus Cristo.

Fundamentalmente, rezar e orar é cultivar o diálogo de amor com Deus. Essa atitude, pela qual nosso coração e nossa mente se voltam para uma intimidade maior com o Senhor, deve ser uma busca incessante.

No livro dos Salmos, podemos encontrar inúmeras orações de súplica e louvor. Esse livro é um rico celeiro de orações para meditarmos neste tempo. Porém, o modelo de orador, por excelência, é o próprio Cristo, o qual, por diversas vezes no Evangelho, se retira do convívio dos seus apóstolos para orar e conversar com o Pai.

Precisamos ter consciência de que a oração é vital para a caminhada do cristão, assim como compreendemos a necessidade que nosso corpo tem do ar e do alimento.

É importante rezarmos a partir da nossa verdade. Existem milhares de orações apresentadas pelo santos, pela Igreja e nas próprias Escrituras, mas nada é capaz de substituir uma oração sincera, que vem do fundo da nossa alma, elevando a Deus nossas necessidades e agradecimentos. Assim como a oração de Ester, a qual podemos ver na primeira leitura da liturgia de hoje.

 A oração dela é algo que brota do coração, pois reconhece a grandeza de Deus, diante da sua miséria e a miséria do seu povo, suplicando para que o Senhor intervenha e evite o extermínio de uma nação.

Uma mãe que se depara com a iminência da morte de um filho é capaz de fazer tudo e recorrer aos mais diversos médicos. Tudo isso para buscar a salvação para o seu herdeiro.

Neste momento dramático, brota de um coração desesperado um grito de socorro, ou seja, uma oração sincera, com fé, pois não é tomada pelo desamparo, afinal, quando pedimos algo a alguém, é porque acreditamos que é possível encontrar a solução para o problema.

Quem crê em Deus e confia sua vida a Ele — porque o Senhor é um Pai rico em misericórdia —, também acredita que a resposta d’Ele à nossa súplica será muito maior do que aquilo que pedimos.

O ensinamento do Evangelho de hoje quer nos ajudar a ter uma profunda compreensão daquilo que nos foi revelado pelas Escrituras. Por isso, quando pedir a Deus, quando suplicar ao Senhor qualquer coisa, que ela seja acompanhada de um louvor em agradecimento. Afinal, o Evangelho já nos diz que todo aquele que procura irá encontrar.

Se você ainda não recebeu aquilo que pediu em oração, não desanime, porque Deus responderá, mas na medida que Ele acredita ser o melhor para você.

Por fim, quando os discípulos perguntam a Cristo qual é a oração que eles devem orar, Jesus apresenta a oração do Pai-Nosso, que não é uma oração qualquer, mas palavras cheias de reconhecimento e intimidade. Só aquele que reconhece alguém como seu Pai é capaz de confiar que suas preces serão atendidas.

 
Transcrição e adaptação: Gustavo Souza
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