Quaresma, tempo de luta

Alexandre de Oliveira

A Igreja inicia o tempo da Quaresma, na Quarta-feira de Cinzas, com esta oração: “Concedei-nos, ó Deus todopoderoso, iniciar com este dia de jejum o tempo da Quaresma, para que a penitência nos fortaleça no combate contra o espírito do mal”.

A santa mãe Igreja faz essa oração para que a penitência nos fortaleça para lutarmos contra o mal;  o tempo quaresmal é um tempo de luta, não contra “o quê”, e sim luta contra “quem”. “Cheio do Espírito Santo, voltou Jesus do Jordão e foi levado pelo mesmo Espírito ao deserto” (Lucas 4,1). Quem conduziu o Senhor ao deserto? Foi Maria, Pôncio Pilatos? Não, foi o Espírito Santo de Deus. No deserto, Cristo sofre tentações por intermédio de satanás e as combate pela força da Palavra.

Nós somos convidados para viver, no tempo quaresmal, um deserto fecundo. Existem dois tipos de deserto: o árido, longe de Deus; e o fecundo, perto do Pai. Deus preparou um lugar nesse tempo penitencial para nos alimentar durante quarenta dias. “Quarenta”, na Bíblia, significa um tempo de provação, mas, no final,  há a vitória de Deus.

Na vigília pascal, todos se rejubilam de alegria, Jesus ressuscitou. Deus intervém, mas para que possamos experimentar essa intervenção, precisamos ir para o “deserto”. “Embora vivendo na carne, não lutamos segundo a carne” (II Cor 10,3). Segundo o mundo, as armas que o Senhor nos deu são capazes de nos dar a fortaleza. Se essa fortaleza não está reinando na sua vida, se as muralhas da sua vida não caíram, é porque você não está usando as armas espirituais.

A luta contra o “homem velho” é diária e, nessa luta, precisamos usar as armas espirituais. Jesus já é o vencedor e Ele quer que  também gozemos dessa vitória, mas existem muitos filhos de Deus que não gozam dessas conquistas, pois não fazem uso dessas armas.

O Papa Bento XVI, em sua Carta para a Quaresma, explicou sobre jejum. Por que jejuar? Jesus jejuou quarenta dias,  o jejum serve para nos ajudar a lutar contra o mal. No livro ‘Cura e libertação pelo jejum’, irmã Emmanuel Maillard nos ensina que nossa libertação, a libertação dos nossos, acontece por  meio dessa prática.

Os primeiros padres diziam que assim como o corpo cai no pecado da gula, da luxúria; para você se libertar desses males tem que entrar na luta. Jejum não é passar fome, mas é tirar as balas ou refrigerante, e sobretudo, é cuidar da saúde da alma. Se eu sei que sou fofoqueiro,  falo muito da vida dos outros, eu vou me silenciar, como penitência. O inimigo tem preparado o melhor do inferno para atacar seu público-alvo: os enfermos.

Muitos falam que o inimigo de Deus não existe, que isso é coisa da Idade Média; dizem que o demônio é a fome, o desemprego e vão banalizando a luta de Jesus. Não, meus irmãos, o demônio existe e está como um leão que ruge pronto a nos atacar e a atacar nossas crianças.

Nossas crianças estão sendo violentadas, espancadas e existem pessoas que dizem que não existem demônios! Por isso, hoje, Jesus está dizendo: “Cuide daqueles que Eu lhe dei, mostre-lhes o caminho de Deus”. Nossas crianças precisam crescer sabendo o que é ser um homem do céu; os pais precisam ser fontes  de Deus para elas.

Quando as crianças estão na escola, muitas apanham dos coleguinhas e, muitas vezes, os pais as ensinam a revidar, depois, quando elas crescem e vão para a cadeia eles choram. Isso acontece porque não lhes foi ensinada a Palavra de Deus, que nos ensina que se baterem numa face que devemos oferece a outra.

Nessa Quaresma, o Senhor está nos chamando à luta. O Reino dos Céus pertence a quem se assemelha às crianças. Deus nos deu a receita certa para o céu: aquela criança que não para de correr dentro de casa, aí está a receita. Quanto tempo você não corre para os braços de Deus nem O chama de “Papai”?

As lutas que o Senhor nos deu não são armas de derrota, e sim de fortaleza. Lute! Seja como uma criança: corra, ria. Seja criança e você vai receber a vitória de Deus. Mas é preciso lutar, ter simplicidade, nos mortificar, viver essa Quaresma na simplicidade.

 

 
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