Sentimento de poder

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\”Tendo Jesus navegado outra vez para a margem oposta, de novo afluiu a ele uma grande multidão. Ele se achava à beira do mar, quando um dos chefes da sinagoga, chamado Jairo, se apresentou e, à sua vista, lançou-se-lhe aos pés, rogando-lhe com insistência: Minha filhinha está nas últimas. Vem, impõe-lhe as mãos para que se salve e viva\”. Marcos 5, 21-23

Para os antigos, o mar era o lugar onde vivia o demônio. Este misticismo acontecia por causa dos piratas que vinham pelo mar e que causavam verdadeiras destruições. No mar aconteciam tempestades fortíssimas, o que prejudicava aqueles que viviam dele. Para os israelitas da época, o mar era o lugar do qual eles deveriam se defender.

Em muitos momentos, o evangelho vai dizer que Jesus estava à beira-mar, ou seja, sendo defensor, Jesus que sempre se põe em defesa do homem.

O texto fala sobre um chefe chamado Jairo, devemos grifar esta palavra chefe, pois é um cargo, uma função, pois Jairo era uma autoridade na cidade dele. Ele era uma pessoa que mandava, dominava, e sua postura tinha de ser de autoridade. Será que este personagem não representa cada um de nós?

Porque um dos demônios mais violentos é o do poder. Este sentimento de poder tem invadido o coração de muitos. Conheço uma senhora que tem um filho padre. Um dia, essa mulher me disse que odiava profundamente seu marido e que a alegria maior dela era vê-lo sofrendo. Infelizmente, muitas pessoas estão vivendo no sentimento de domínio. Nós devemos nos defender do demônio do domínio.

Este sentimento de domínio se mistura de uma maneira muito esperta em nosso jeito de ser. O demônio aproveita as brechas que lhe damos. Este chefe da sinagoga era uma pessoa que queria dominar todas as coisas, mas ele teve um encontro com Jesus devido ao sofrimento da filha.

Jairo não era apenas chefe da sinagoga, mas também era chefe de sua casa, onde ele era um dominador, pois não agia como pai, mas como chefe. Aquela menina chegou a ponto de não agüentar mais aquela situação, ou seja, de ser a filha do chefe, mas de não ser valorizada como filha, a ponto de querer se matar, de não querer mais comer.

Filhos e filhas, quantas vezes nós não temos nome nem sobrenome, mas somos unicamente uma \”massa\”. Não podemos nos expressar, nada podemos dizer, porque as pessoas nos querem dominar. Temos medo de expressar o que sentimos, e medo de quem nos domina.

Será que nós não estamos sendo muito mais chefes do que pastores, muito mais autoritários que misericordiosos?

Muitas vezes, nós não nos fazemos perguntas sérias, as quais vão nos trazer a humildade de procurar aquilo que Deus quer para o mundo de hoje. É preciso que nós nos questionemos sobre nossa posição no mundo de hoje.

Que cada um tome posse da sua posição na paróquia onde participa e com muita humildade a faça crescer. Talvez você diga que o padre não o escuta, mas não se esqueça que \”água mole em pedra dura, tanto bate até que fura\”.

Por que muitas igrejas estão mortas? Será que não temos sido dominadores, autoritários, ao invés de sermos pais e pastores? Não estou falando só de padres, mas também de muitos coordenadores de grupos de oração que têm perdido muitos por causa de seu autoritarismo.

Transcrição e áudio: Claudenilson José
Fotos: Anderson Nunes

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