Virgem Maria, nossa rainha e senhora

Padre Paulo Ricardo
Foto: Wesley Almeida/Cancaonova.com

Louvado seja nosso Senhor Jesus Cristo! Para sempre seja louvado!

Com grande alegria, meditaremos a respeito do mistério da Virgem Maria. Penso que os cristãos não possuem dúvidas quanto ao senhoria de Jesus, mas, por outro lado, muitos católicos chamam a Virgem Maria de senhora e rainha, mas por quê?

A fundamentação está na Palavra de Deus. A Biblía apresenta Jesus como Messias e Rei, afirmando que Ele se sentará no trono de Davi. Para enterdemos isso, recorrendo ao Antigo Testamento, sobretudo ao Livro de Reis, encontramos a afirmação que, no reino do sul – Judá -, havia um lugar reservado para a rainha-mãe, ao lado do Rei. (1Rs 2)

Os relatos biblícos afirmam que, na intronização de Salomão como rei de Judá, quando todos dobravam os joelhos ao rei, este reverenciava a rainha-mãe. Vimos, portanto, no Antigo Testamento, que ela exercicia uma função primordial no reino, pois aconselhava, intercedia, estava ao lado de seu filho enquanto ele reinava.

Essa relação entre a rainha e o rei também é encontrada no Evangelho de São Mateus. O evangelista, quando relata a genealogia de Jesus, afirma que todo rei descendente de Davi possuia uma rainha-mãe, desta forma já era previsto que o rei viria juntamente com ela. Ora, se Jesus é Rei, a Virgem Maria é nossa Rainha-mãe.

Precisamos entender que, quando chamamos Nossa Senhora de rainha e senhora, afirmamos que ela não é Deus, mas sim uma grande senhora.

Meus irmãos, em nós há uma rebeldia inata, porque queremos ser deus de nós mesmos; colocamos nossa vontade como o fim de tudo, porém, este pensamento é fruto da tentação, pois estamos em guerra. Existe, portanto, uma batalha em nós, uma luta espiritual.

O Livro do Apocalipse, no capítulo 12, apresenta a batalha na qual o inimigo quer devorar a criança, o rei que está para nascer. Porém, o Senhor levou a mulher ao deserto e lá cuidou de seu filho. Estamos em batalha. O inimigo quer devorar os filhos da rainha e estes somos nós.

"Somos filhos da rainha", afirma padre Paulo Ricardo
Foto: Wesley Almeida/Cancaonova.com

Portanto, devemos ter a certeza de que a vida não é um resort, um spa, não estamos de férias, descansando à beira da praia; "a vida do homem é uma luta sobre a terra", afirmava Jó. Quanto mais decidirmos fazer a vontade de Deus, mais o inimigo tentará nos levar para o abismo. Ele fará de tudo para que nos percamos. Ele é forte, maior do que nós, mas a boa notícia é: Deus é maior que o inimigo e Ele combate a nosso favor.

Estamos numa luta, mas não é correto dizer que há uma luta entre Deus e o inimigo, porque um é o grande oceano, já o outro apenas um grão de areia. O Senhor já venceu, porém, o inimigo quer nos fazer esquecer disso, quer que acreditemos na sua vitória sobre a nossa vida.

Nossa luta contra o mal precisa ser uma espécie de "judô espiritual". A primeira lição que aprendemos no judô é derrubar o adversário com o próprio peso dele, assim é por meio da humildade e da pequenez vamos derrubar satánas.

Esta é a razão pela qual o inimigo tem pavor de Nossa Senhora, pois ela é humilde. Nosso caminho é a humildade: “o Senhor olhou para a humildade de sua serva” (Lc 1,48) e fez dela a senhora.

Meus irmãos, quando nos fazemos escravos do Senhor, estamos no caminho correto, o qual nos foi dado por Deus aos pés da cruz. Quando disse: “Eis ai o teu filho. Filho, eis ai tua mãe”. Desta forma, toda vez que nos submeteremos à Mãe, ela nos submete a Deus.

Este caminho de santidade está contido num pequeno livro chamado “O tratado da verdadeira devoção a Virgem Maria”, de São Luís Maria Grignion de Montfort.

Durante muito tempo desprezei esta espiritualidade. Quando fui ordenado sacerdote, há 20 anos, pelo saudoso beato João Paulo II, sabia que ele possuía uma grande devoção à Virgem pelo que está escrito neste livro. Porém, “desprezava” essa espiritualidade, achava que não precisava desse pequeno livro para a minha santidade. Mas, após a morte do beato, tive uma grande experiência com a Virgem Maria e consagrei toda a minha vida, meu passado, presente e futuro ao Senhor por meio das diretrizes inspiradas por Deus a São Luis. Aprendi que a devoção a ela é um caminho seguro para chegar a Deus.

Para você entender melhor, pense que o Senhor é o sol. Quando olhamos diretamente para o astro-rei, não conseguimos enxergá-lo devido a sua grandeza; da mesma forma é com o Senhor, pois quando nos deparamos com sua grandeza, ficamos com medo de nos entregarmos totalmente a Ele, porém, se olhamos para a Mãe, somos conduzidos a Deus. Com ela aprendemos a nos entregar totalmente ao Senhor, como ela mesmo o fez.

Caso você não conheça, apresento-lhe novamente o livro: “O tratado da verdadeira devoção a Virgem Maria”, escrito por São Luís Maria Grignion de Montfort. Este livro sempre esteve na cabeceira do beato Papa João Paulo II. Foi por meio dele que o beato trilhou seu caminho de santidade. Este tratado é um grande instrumento para nossa santidade, um vedadeiro guia para alcançarmos o céu.

Portanto, meus irmãos, precisamos, cada vez mais, assumir que somos filhos da Rainha, e ela quer nos conduzir a Deus. Somos convidados a confiar tudo à Virgem, sem medo, na certeza de que com ela, por ela e nela chegaremos ao céu, nossa meta final.

Que a Virgem, nossa rainha e senhora, nos guarde!

Deus os abençoe.

Transcrição e adaptação: Ricardo Gaiotti

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