Viver em um mundo de sabedoria é viver em um mundo de misericórdia, pois a sua vida cristã deve ser edificada com a sabedoria, pois só conhecendo aquilo que foi nos deixado por Jesus é que seremos capazes de chegar até as chagas do irmão.
Na Parábola do Bom Samaritano nos defrontamos com quatro realidades que nos apresentam a importância da sabedoria e da misericórdia na vida de todo cristão.
Quando o homem é espancado e despojado de todas suas roupas e bens, vemos ali uma das leis mais cruéis, em que somente o mais forte sobrevive. E assim é no mundo, muitas pessoas torcendo para o nosso fracasso e, por nos acharmos fracos, aceitamos essa imposição que vem até nós pelas opressões.
E sua missão hoje é levar a misericórdia para a vida daqueles que sofreram por nunca terem sido amados. E assim como nos disse o beato João Paulo II: “Se o amor não dói, ele não é verdadeiro”, pois devemos amar e quando acreditamos não ser mais possível, amar ainda mais, até doer.
Quando não somos capazes de tal misericórdia, nos tornamos cruéis e impiedosos. E a partir desse ponto nos deparamos com a segunda verdade: o descaso. Muitas vezes, somos negligentes com aqueles que são confiados a nós por Deus, e acabamos não sendo responsáveis por aqueles que cativamos.
Nesse tempo de Quaresma o Papa Bento XVI nos convida a termos atenção redobrada com nossos irmãos, pois tudo aquilo que é nos dado por Deus, todos Seus dons, não são para uso próprio, mas sim para o bem de nossos irmãos.
Jesus nos ensina que não devemos desistir de ninguém, porque o Senhor quer a ovelha perdida da casa de Israel. Mas, infelizmente, vivemos em relacionamentos no quais buscamos encontrar o pior do outro. E o maior pecado do mundo moderno é o orgulho de não aceitar e reconhecer o próprio pecado.
O mau exemplo, presente na atitude do levita na Parábola do Bom Samaritano, nos apresenta a terceira verdade: observamos erros cometidos por outras pessoas e nos apoiamos neles para trazer uma vivência errada para nós.
Hoje Deus o convida para viver Seus ensinamentos e não se deixar influenciar por outros erros, porque sua vida deve pregar o Evangelho que você proclama, ela deve ser exemplo e gerar conversão, mesmo que sua boca não diga uma só palavra.
A quarta e última verdade desse trecho bíblico é o amor e a verdade do próximo. Quando vivemos a dimensão da compaixão e da misericórdia, estamos em um terreno de graça. Não importa com quem estejamos lidando ou em que local estamos, não há coração que não se quebre pela força do amor.
A capacidade de aproximação e identificação com as misérias do próximo nos permite nos doar desinteressadamente. E o samaritano, mesmo vivendo um sincretismo, tinha o conhecimento necessário para viver a misericórdia da verdade do amor pelo próximo.
Precisamos sair dos relacionamentos baseados na força, no descaso, no mau exemplo e, a partir deste momento, aceitar a misericórdia e o amor de Deus em nossa vida! Essas virtudes vão gestar em nós os mais puros sentimentos por nossos irmãos. A nós nos faltam a compaixão e a misericórdia, mas Deus não desiste de nós, assim como o Bom Pastor não abandona nenhuma de Suas ovelhas.