Sangue de Jesus: fonte de toda a reconciliação

Matheus Fernandes

Sangue de Jesus: fonte de toda a reconciliação

Fundador da Comunidade Ruah, Matheus Fernandes, pregou sobre o tema “Sangue de Jesus: fonte de toda a reconciliação” durante o encontro Protegidos pelo Sangue de Jesus.

“11.Porém, já veio Cristo, Sumo Sa­cer­dote dos bens vindouros. E através de um tabernáculo mais excelente e mais perfeito, não cons­truído por mãos humanas (não deste mundo), 12.sem levar consigo o sangue de carneiros ou novilhos, mas com seu próprio sangue, entrou de uma vez por todas no santuário, adquirindo-nos uma redenção eterna. 13.Pois se o sangue de carneiros e de touros e a cinza de uma vaca, com que se aspergem os impuros, santificam e purificam pelo menos os corpos, 14.quanto mais o sangue de Cristo, que pelo Espírito eterno se ofere­ceu como vítima sem mácula a Deus, purificará a nossa consciência das obras mortas para o serviço do Deus vivo? 15.Por isso, ele é mediador do novo testamento. Pela sua morte expiou os pecados cometidos no decorrer do primeiro testamento, para que os eleitos recebam a heran­ça eterna que lhes foi prometida.” (Hebreus 9,11)

Meus amados, precisamos mergulhar na proposta deste Acampamento, meditar sobre o Preciosíssimo Sangue de Cristo. Precisamos entender por que o Sangue de Cristo é a fonte de toda reconciliação.

O profeta Isaías, em Is 59,1 ele vai dizer que não é que Deus seja incapaz de estender sobre nós Suas mãos e Seus ouvidos, mas é nosso pecado que coloca uma barreira entre nós e Ele. Então, se há esse estado de pecado, se o pecado nos separa de Deus, precisamos daquilo que vem do próprio Deus para nos reconciliarmos com Ele.

Em Levíticos (4,35;5,10), Deus pede ao povo sacrifícios de animais. Mas por que se sacrificavam animais? Para a salvação dos pecados, para que houvesse a expiação do pecado. Quando o animal era sacrificado, no Antigo Testamento, seu sangue era, primeiramente, aspergido naquilo que era santo, ali onde ficavam os pães, o incenso e os candelabros. Uma vez por ano, o sumo sacerdote daquele ano entrava dentro do santo dos santos para aspergir o sangue do animal e perdoar os pecados de todo o povo de Deus, e ele aspergia em cima daquilo que era chamado de propiciatório.

Em Êxodo, 25, quando Deus dá as prescrições de como deveria ser construída a Arca da Aliança, Ele pede para que a tampa da Arca seja o propiciatório, onde o sacerdote, uma vez por ano, iria aspergir o sangue. O sangue aspergido sete vezes no santo também ficava nas cortinas.

São Tomás de Aquino, no Tratado da Lei, na questão 102 da sua suma teológica, fala que o olocusto, essa entrega da vítima era o maior culto que existia a Deus. Então, para haver reconciliação com Deus precisa do sangue de uma vítima.

Meus queridos, quando o povo de Deus, depois de quatro gerações ainda escravos no Egito, Deus levanta Moisés e fala para ele celebrar a Páscoa do Senhor. E como era essa celebração da Páscoa que Deus mandou fazer, em Êxodos 12, de geração em geração, quando Deus libertou o povo da escratidão?

Deus manda pegar um cordeiro macho, de um ano, sem mancha, sem defeito, para ser sacrificado para Ele. Aquele sangue era aspergido nos batentes da porta para que, quando o anjo, que fosse derramar a ira de Deus sobre o Egito, soubesse qual era a casa do povo Hebreu. Então, reconhecia-se o povo de Deus pelo sangue do cordeiro.

Quando adentramos nesse mistério do cordeiro, não há como não olharmos para João, capítulo 1,29, quando este vê Jesus e diz: “Eis o Cordeiro de Deus”. São João Batista disse isso já deixando claro o que Jesus veio fazer no mundo. E no capítulo 13,16, diz que de tal maneira “Deus amou o mundo, que enviou o Seu Filho único para que todo aquele que n’Ele crer não pereça, mas tenha a vida eterna”. Só tem a vida eterna quem se reconcilia com Deus.

Meus amados, a devoção ao Preciosíssimo Sangue de Cristo precisa voltar ao coração do povo de Deus. São Gaspar de Búfalo, conhecido como o apóstolo do Preciosíssimo Sangue, dizia que a vontade de Deus é que sejamos santos, e isso basta. Mas por que São Gaspar traz para nós essa santidade? Porque ele era apóstolo do Sangue, e quem é tocado por esse Sangue libertador não tem como não ser santificado.

Na Santa Ceia, Jesus lava os pés dos discípulos, Ele institui o sacerdócio e a Eucaristia. Jesus, celebrando a Santa Ceia, toma o cálice e diz que aquele cálice é o Sangue da nova e eterna aliança. Tudo começa na Santa Ceia. Jesus anuncia a Paixão, anuncia que haveria o derramamento de Sangue – já não de animais, mas do próprio Deus encarnado –, e que, de uma vez por todas, pelo Sangue d’Ele, nós seríamos reconciliados com o Pai.

Esse Sangue que reconcilia o povo com Deus, que antes era aspergido no propiciatório, a tampa da Arca da Aliança, agora é aspergido em outra madeira, no madeiro da Santa Cruz.

Dentro da Arca deveria conter as Tábuas da Lei (os 10 Mandamentos), a vara de Arão (sacerdócio), e uma urna com o maná (o alimento que descia do céu).

Jesus – diz a carta aos Hebreus – é o Sacerdote, aquele que apresenta não uma vítima, mas Ele sendo a própria vítima; então, Ele sendo o sacerdote dentro da própria Arca.

As tábuas da lei (a Palavra), em João,1 diz que Verbo se fez carne no ventre da Santíssima Virgem Maria. Cristo é o Verbo encarnado.

O maná, o alimento descido do céu. Em João, 6, o Senhor diz que os pais daquela geração comeram no deserto o maná, mas mesmo assim morreram. E Ele dizia: “Eu sou o Pão vivo descido do céu. Quem comer deste pão, quem comer da minha carne e beber do meu sangue, vai ter a vida eterna.

Então, a Arca da Aliança tinha o maná (o pão), tinha a vara de Arão (o sacerdote) e as tábuas da lei (a Palavra), por isso que a Virgem Maria trouxe, no ventre, o próprio Deus encarnado, o Verbo que se faz carne, o sacerdote, e Aquele que é o nosso alimento, a Eucaristia.

A fé que temos arraigada em Deus explica tudo aquilo que vivemos. Mas, às vezes, as pessoas ficam angustiadas, buscando fora, buscando em outros lugares, sendo que, na Igreja, tem tudo. Quantas pessoas se perdem no caminho e voltam para a escravisão! São Paulo diz em Gálatas 5,1 que foi para a liberdade que Cristo nos libertou.

Precisamos mergulhar neste mistério como Igreja. O Corpus Christi é chamado de Festa do Santíssimo Sacramento, do Corpo e Sangue de Cristo. Precisamos voltar ao corpo de Cristo para tocar na carne, para beber do sangue. Quando nós vivemos a Santa Missa, nós vivemos essa reconciliação com Deus. É um sacramento incruento, ou seja, não há derramamento de Sangue, mas há sacrifício, por isso a Santa Missa é chamada de Santo Sacrifício.

Como nós temos a oportunidade de nos reconciliarmos com esse Sangue, com esse Deus maravilhoso, esse Deus de amor! Jesus, no alto da cruz, se entrega para reconciliar a humanidade com o Pai, obtendo a redenção eterna.

Deus assumiu a condição de homem em tudo, menos no pecado, e foi obediente até a morte de Cruz. Essa experiência com o Sangue de Cristo precisa nos levar a esse esvaziar-se de nós mesmos para levarmos a salvação para o outro.

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