Como viver o Ano da Misericórdia?

O Ano da Misericórdia será intenso, será uma preparação para a segunda vinda de Cristo

Materia- Pe. Roger

Padre Roger Luis. Foto: Wesley Almeida/cancaonova.com

A Palavra meditada está em São Matheus 25, 31-46: “Quando o Filho do Homem voltar na sua glória e todos os anjos com ele, sentar-se-á no seu trono glorioso. Todas as nações se reunirão diante dele e ele separará uns dos outros, como o pastor separa as ovelhas dos cabritos. Colocará as ovelhas à sua direita e os cabritos à sua esquerda. Então o Rei dirá aos que estão à direita: – Vinde, benditos de meu Pai, tomai posse do Reino que vos está preparado desde a criação do mundo, porque tive fome e me destes de comer; tive sede e me destes de beber; era peregrino e me acolhestes;  nu e me vestistes; enfermo e me visitastes; estava na prisão e viestes a mim.  Perguntar-lhe-ão os justos: – Senhor, quando foi que te vimos com fome e te demos de comer, com sede e te demos de beber? Quando foi que te vimos peregrino e te acolhemos, nu e te vestimos? Quando foi que te vimos enfermo ou na prisão e te fomos visitar? Responderá o Rei: – Em verdade eu vos declaro: todas as vezes que fizestes isto a um destes meus irmãos mais pequeninos, foi a mim mesmo que o fizestes. Voltar-se-á em seguida para os da sua esquerda e lhes dirá: – Retirai-vos de mim, malditos! Ide para o fogo eterno destinado ao demônio e aos seus anjos. Porque tive fome e não me destes de comer; tive sede e não me destes de beber; era peregrino e não me acolhestes; nu e não me vestistes; enfermo e na prisão e não me visitastes. Também estes lhe perguntarão: – Senhor, quando foi que te vimos com fome, com sede, peregrino, nu, enfermo, ou na prisão e não te socorremos? E ele responderá: – Em verdade eu vos declaro: todas as vezes que deixastes de fazer isso a um destes pequeninos, foi a mim que o deixastes de fazer. E estes irão para o castigo eterno, e os justos, para a vida eterna.”

Ao lermos essa Palavra, diante do tempo que estamos vivendo na Igreja – o Ano da Misericórdia –, ela parece um pouco contraditória, mas não é. É a oportunidade de estarmos mais próximos de Deus.

Papa Francisco revelou a ‘Bula de convocação do Jubileu Extraordinário da Misericórdia, intitulada “vultus Misericordiae”’. Não tenho dúvida, e ouso dizer, que Deus inspirou o nosso Papa a proclamar o Ano da Misericórdia a cada um de nós, para que vivamos a experiência da misericórdia divina.

Por meio dessa bula, o Papa quer que experimentemos o perdão, a reconciliação e o amor; ele quer que voltemos para a presença de Deus.

“Com efeito, de tal modo Deus amou o mundo, que lhe deu seu Filho único, para que todo o que nele crer não pereça, mas tenha a vida eterna” (João 3, 16).

Jesus passou seus 33 anos de vida fazendo o bem, libertando os pecadores, curando os enfermos e proclamando o ano da graça. É Aquele que veio redimir a todos, que nos salvou na cruz com Sua grande atitude de misericórdia.

Estamos preparados para o grande dia?

O Ano da Misericórdia será intenso, será uma preparação para a segunda vinda de Cristo.  Entretanto, não há nenhum calendário nos lembrando o dia em que o Senhor voltará; dessa forma,  precisamos viver um intenso Advento, preparando-nos para a vinda do Senhor.

O Evangelho nos traz as obras de preparação corporais, mas devo apresentar também as espirituais. São quatorze obras de misericórdia: sete corporais e sete espirituais. Essas obras são um grito da Virgem e do Espírito Santo nos comunicando: “Maranata, vem Espírito de Deus!”.

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As obras de misericórdia corporais são:

Dar de comer a quem tem fome:

“Porque tive fome e me destes de comer” (Mateus 25, 35). Não é dar o resto, o que sobra; precisamos ajudar os mais necessitados. Estamos nos tornando indiferentes à pobreza, estamos focados somente em nós, pensamos somente no individual.

Dar de beber a quem tem sede:

“Tive sede e me destes de beber” (Mateus 25, 35). Esse é um compromisso dos nossos governantes, mas pode ser também o nosso!

Dar pousada aos peregrinos:

“Era peregrino e me acolhestes” (Mateus 25, 35). Não quer dizer que devemos pegar os moradores de rua e levá-los para dormir conosco, mas precisamos entender que a Igreja tem obras de misericórdia que acolhem aqueles que não tem teto e levá-los até esses lugares.

Vestir os nus:

“Estava nu e me vestistes” (Mateus 25,36). Não é só doar as roupas velhas, mas dar também as novas. Precisamos sair do egoísmo, ter a coragem do desprendimento e de dar talvez aquilo que mais nos agrade; dar de graça para o pobre que mais necessite.

Visitar os enfermos:

“Estava enfermo e me visitastes” (Mateus 25, 36). Precisamos ser presença na vida daqueles que estão padecendo, que se encontram enfermos; dispor-nos num trabalho com os presos que, muitas vezes, são abandonados pelas famílias.

Enterrar os mortos:

No Livro de Tobias, encontramos o seguinte: “Tobit, com uma solicitude toda particular, sepultava os defuntos e os que tinham sido mortos” (Tb 1, 20). Devemos enterrar os nossos e também os mais próximos de nós.

Peregrinos participam da Quinta-feira de Adoração na Canção Nova.Foto: Wesley Almeida/cancaonova.com

Peregrinos participam da Quinta-feira de Adoração na Canção Nova. Foto: Wesley Almeida/cancaonova.com

As obras de misericórdia espirituais são:

Ensinar os ignorantes, aqueles que não conhecem a Palavra de Deus. Precisamos nos abrir para que outros façam a experiência com Cristo.

Dar bons conselhos: Só pode dar conselho aquele que já teve a experiência com Deus. Direcione as pessoas, mostre a elas aquilo que é bom e certo.

Corrija os que erram:  Precisamos corrigir aqueles que estão no erro; corrigi-los com amabilidade e caridade ao dizer que não estão certos; ajudá-los a encontrar a misericórdia, a justiça e a paz.

Perdoar as injúrias: Perdoar aqueles que nos ofenderam, perdoar as mágoas. Precisamos ser como Jesus, que perdoava a todos.

Animar os tristes: Precisamos estar presentes na vida das pessoas, sairmos do individualismo. Quantos idosos abandonados nos asilos, tristes, esperam a visita de alguém! Se morreu alguém da família, seja presença para aqueles que precisam.

Sofrer com paciência às fraquezas do próximo: É difícil, ainda mais quando o próximo é quem dorme ao nosso lado e come na mesma mesa que nós. É pedir a Deus a longanimidade e saber esperar o tempo de Deus trabalhar na vida daquela pessoa.

Rezar pelos vivos e defuntos: Nós precisamos rezar pelos políticos, precisamos abençoá-los, pedir ao Senhor que tenha compaixão e transforme suas vidas. Precisamos orar pelas pessoas que estão nas ruas. Abramos o nosso coração para que essas pessoas experimentem a presença de Deus.

Diante de tudo isso, o Papa está provocando a nossa consciência. É uma maneira de acordar a nossa sociedade diante da pobreza.

É a hora de abrirmos as portas do nosso coração para o próximo, para que façam a experiência com a misericórdia divina. Precisamos, neste Ano da Misericórdia, parecermo-nos mais com Cristo.

“O amor é a flor; a misericórdia é o fruto”, dizia Santa Faustina.

Transcrição e adaptação: Karina Aparecida

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