Libertos do torpor espiritual

Roberto Tannus

O torpor espiritual leva o homem a viver como um derrotado

Roberto Tannus Foto: Paula Dizaró/cancaonova.com

Meditarei com vocês sobre o torpor espiritual. Mas, o que é o torpor espiritual? É a diminuição da sensibilidade, apatia, indolência, preguiça. Trata-se de uma insensibilidade à oração. Saiba, meu irmão, que o demônio quer que eu e você vivamos numa preguiça espiritual.

Vamos ler a seguinte passagem do Evangelho segundo João:

“Depois disso, houve uma festa dos judeus, e Jesus subiu à Jerusalém. Há em Jerusalém, junto à porta das Ovelhas, um tanque, chamado em hebraico Betesda, que tem cinco pórticos. Nestes pórticos jazia um grande número de enfermos, de cegos, de coxos e de paralíticos, que esperavam o movimento da água. [Pois de tempos em tempos um anjo do Senhor descia ao tanque e a água se punha em movimento. E o primeiro que entrasse no tanque, depois da agitação da água, ficava curado de qualquer doença que tivesse.] Estava ali um homem enfermo havia trinta e oito anos. Vendo-o deitado e sabendo que já havia muito tempo que estava enfermo, perguntou-lhe Jesus: Queres ficar curado? O enfermo respondeu-lhe: Senhor, não tenho ninguém que me ponha no tanque, quando a água é agitada; enquanto vou, já outro desceu antes de mim. Ordenou-lhe Jesus: Levanta-te, toma o teu leito e anda. No mesmo instante, aquele homem ficou curado, tomou o seu leito e foi andando. Ora, aquele dia era sábado. E os judeus diziam ao homem curado: É sábado, não te é permitido carregar o teu leito. Respondeu-lhes ele: Aquele que me curou disse: Toma o teu leito e anda. Perguntaram-lhe eles: Quem é o homem que te disse: Toma o teu leito e anda? O que havia sido curado, porém, não sabia quem era, porque Jesus se havia retirado da multidão que estava naquele lugar. Mais tarde, Jesus o achou no templo e lhe disse: Eis que ficaste são; já não peques, para não te acontecer coisa pior” (João 5,1-14).

“Levanta-te, toma o teu leito e anda”

Veja: aquele enfermo estava tão mergulhado num torpor, que ele respondeu a Jesus com uma desculpa, uma justificativa. Infelizmente, aquele homem se entregou à doença. Isso é um importante alerta para nós! Não podemos nos acostumar com as adversidades. Você não veio para se acostumar com as coisas erradas e viver como um derrotado.

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Jesus é quem tomou a iniciativa para curar aquele homem, tamanho era o torpor espiritual que o envolvia. Além disso, aquele enfermo estava ali havia trinta e oito anos. E, ninguém parecia se importar com isso. Meu irmão, muitos são aqueles que parecem se agradar com o seu comodismo, em vê-lo na postura de um derrotado, de alguém prostrado na vida, mas, o Senhor é que lhe diz: “Levanta-te, toma o teu leito e anda”.

Toda doença é oriunda do pecado original, porém, Deus é suficientemente poderoso para se utilizar até mesmo de uma enfermidade para a conversão daquela pessoa. No caso desse paralítico, o Senhor quis curá-lo da sua enfermidade física e, sobretudo, libertá-lo do seu pecado. Cristo sabe bem o estrago que o pecado faz no coração do homem! O pecado, de fato, desorganiza toda a nossa vida.

Jesus, fonte da misericórdia

Jesus toma a iniciativa para curar a cada um de nós, pois Ele é a fonte da misericórdia. Betesda significa isso. Podemos traduzir Betesda como “piscina da misericórdia”. Jesus vai ao encontro da ovelha perdida, daquela pessoa que foi colocada de lado, porque Ele é a fonte da misericórdia.

Uma das maiores doenças do nosso tempo é a solidão. E, quantos filhos se sentem hoje solitários dentro de casa porque seus pais só têm tempo para mexer no celular!? Quantos estão, hoje, se perdendo numa vida virtual, midiática e, esse torpor espiritual tem levado também a um entorpecimento da ética, da moral. Quantos casamentos são desfeitos por causa da pornografia, da infidelidade e como isso tudo esfria o amor!

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Hoje, é o dia para você dizer a Jesus: “Senhor, eu não quero me acostumar com o pecado! Levanta-me, Senhor! Se eu estiver com a minha vida espiritual acomodada, não rezando mais, eu lhe suplico: Levanta-me, Senhor! Tira-me dessa prostração!”

A diferença entre o sino e a campainha

Pergunto a você se já viu um sino de uma Igreja? Geralmente, ele é feito de bronze e, quando tocado, ele convida todo o povo para ir à Missa. No entanto, o sino mesmo não entra dentro da Igreja. Ele permanece do lado de fora. Tem muito cristão por aí igualzinho a um sino de Igreja, permanecendo do lado de fora dela. Tornou-se um católico que já não reza, não leva mais sua Bíblia aos encontros, vive distante de Deus e da Igreja e, infelizmente, tornou-se um cristão frio na vivência da fé.

Já a campainha que toca na Celebração Eucarística é diferente. Ela permanece dentro da Igreja e, quando você “tocar”, que seja para chamar a atenção do povo a olhar para Cristo. Assim é que eu e você devemos ser! Devemos sair dessa preguiça de orar e levar os outros a contemplar Jesus. Devemos apontar Cristo aos outros. Quando “tocarmos” que as pessoas não olhem para nós, e sim para Jesus. Que a nossa existência aponte sempre para Jesus Cristo, Aquele que é o Senhor da nossa vida.

Peçamos com fé que o Senhor, hoje, tire de nós toda essa “anestesia”, todo esse entorpecimento espiritual, para que sejamos cada vez mais uma bênção na vida das pessoas.

Transcrição e adaptação: Alexandre Oliveira


Alexandre Oliveira

Membro da Comunidade Canção Nova, desde 1997, Alexandre é natural da cidade de Santos (SP). Casado, ele é pai de dois filhos. O missionário também é pregador, apresentador e produtor de conteúdo no canal ‘Formação’ do Portal Canção Nova.

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