Os valores do mundo e a desvalorização do ser humano

Enquanto eu quis ganhar a vida, fui vendo-a ser desvalorizada

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Grégory Turpin. Foto: Daniel Mafra/cancaonova.com

Estou feliz por estar aqui pela segunda vez. Passei pela cidade de São Paulo e vi coisas extraordinárias lá! Visitei lugares onde havia uma extrema pobreza, mas também as mais lindas ações de generosidade. Vocês são um povo que tem uma fé viva, são modelos para nós que perdemos a fé. Eu prometo que, na França, falarei de vocês.

Sou um cantor católico na França. Lá, possuímos muitas coisas, mas perdemos o essencial, que é a fé. No entanto, os cristãos, pouco numerosos, são verdadeiramente cheios do Espírito Santo.

Nasci em uma pequena família popular e apaixonada pela música. Eu era extremamente tímido, era um fracasso nos meus estudos e infeliz. Um dia, no vilarejo onde eu morava, encontrei um sacerdote e ele viu meu desespero. Ele me chamou para cantar nas Missas aos domingos. Meu pai, que não gostava da Igreja, falava que, na França, havia velhos e burros. Quando fui cantar na igreja, vi que não era aquilo que meu pai falava, pois havia alguns jovens.

Um tempo depois, na adolescência, comecei a fumar maconha. Um dia, tive um encontro excepcional com Deus. Certa vez, as relíquias de Santa Teresinha foram nos visitar, e, à noite, um cantor cantava o que falava Santa Teresinha. Fui tocado pela música, quis conhecer quem era essa santa e quis entrar para o Carmelo. Quando cheguei ao Carmelo, fui impactado com o que encontrei lá, a vida com os irmãos.

Lá, fui crescendo na fé e sendo firmado pelo meu amor por Cristo. Passado um tempo, adoeci e não consegui viver a vida em comunidade. Fiquei muito triste, pois tive de deixá-la.

Comecei a ficar com mágoa de Deus, pois, quando abria o Evangelho, via as curas de que Ele fazia e pensava: “Eu larguei a vida para segui-Lo e o Senhor não fez nada por mim. O Senhor me abandonou”. Quando deixei a comunidade e voltei para a casa do meu pai, ele pediu que eu me formasse e desse continuidade ao pequeno mercado dele. Eu me tornei responsável por frutas e legumes. Não ganhava muito e tinha uma profissão de que não gostava.

Em nossa oração, falamos o que queremos e achamos que é bom para nós, mas, na verdade, é Deus quem sabe o que é bom para nós.

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Fiéis participam da Quinta-feira de Adoração. Foto: Daniel Mafra/cancaonova.com

Pela revolta que estava no meu coração, decidi cantar em bares. Eu cantava todas as noites, ganhava muito dinheiro e as pessoas me rodeavam. Entrei na vida das drogas e ela foi me levando à tristeza e ao suicídio. Decidi que me mataria asfixiado. Um amigo me salvou dessa situação, pois passou perto da minha casa e sentiu cheiro de gás. Fiquei quinze dias no hospital psiquiatra. Eu pensava que Deus havia me abandonado, mas eram meus atos que me separavam do amor d’Ele. Quando eu tinha quinze anos, comprometi-me a encontrar um sacerdote a cada mês e buscar a comunhão. Por meio desse sacramento, Deus salvou a minha vida.

Eu dizia ao Senhor: “Antes eu era feliz; hoje tenho tudo o que o mundo pode me oferecer, e não sou feliz”. Voltando para a casa, lembrei-me de uma música de Santa Teresinha: “Se quero ser feliz, eu preciso escolher o ‘hoje’”.

Sei que, graças ao sacramento da reconciliação, Deus me perdoou. Decidi que eu queria me comprometer novamente na Igreja. Comprometi-me a não me deixar levar pela fama da música. Quando voltei à paróquia, voltei para as Missas. Eu tinha dificuldade de rezar, porque meus atos me cortaram de Deus. Aos poucos, voltei para a Igreja e ainda não sabia o que o Senhor queria de mim. Durante um mês, fui para Lisieux, cidade de Santa Teresinha, atrás de uma resposta. Estava disposto aceitar todos os esforços para ser feliz.

Durante todo o mês que fiquei ao lado da santa, fui fortificado na fé, mas ainda não tinha respostas. Quando voltei para casa, uma religiosa, que eu não via há oito anos, pediu para eu cantar. Eu lhe disse que havia parado com a música. Ela me contou que estava fazendo músicas com os poemas de Santa Teresinha e me convidou para compor. Aceitei o convite. Pouco a pouco, percebi que a música era muito importante, algo que me fazia entrar em comunicação com o outro; a música era meu remédio.

Os franceses não escutam música católica. Eu permaneci nessa via e fui de paróquia em paróquia para cantar. Um dia, decidi mudar para Paris e encontrar os produtores da gravadora que conhecia antes. Eu disse a eles: “Vocês queriam fechar um CD comigo anos atrás. Hoje eu quero, mas cantando músicas católicas”. Eles não aceitaram. Então, fui falar com um produtor da rádio, e eles gravaram o CD. Colocamos músicas no poema de Santa Teresinha; pela primeira vez, na França, tínhamos um CD cristãos sendo vendido com milhares de exemplares. Foi uma descoberta e um ensinamento para a França a história de Santa Teresa do Menino Jesus.

Quero dar a minha vida aos jovens que não creem no Senhor, não O amam nem esperam n’Ele. Deus colocou essa vocação no meu coração, não como eu imaginei, mas como Ele sonhou.

Nós cristãos devemos ter esse olhar de misericórdia para com os outros. Na França, esquecemos de falar para o outro que nós o amamos. Precisamos olhar para ele com o olhar e o amor de Jesus. Eu sou impactado com a fé do Brasil. Gostaria de chegar na França e comunicar a alegria que vocês têm aqui.

Transcrição e adaptação: Jakeline Megda D’Onofrio.

Adquira esta pregação pelo telefone: (12) 3186-2600

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