Vocação da Canção Nova: Comunidade de Amor e Adoração

Alexandre Oliveira

Alexandre Oliveira
Foto: Bruno Marques/cancaonova.com

Ser Canção Nova

Monsenhor Jonas Abib, nosso pai fundador, com os primeiros membros da comunidade, em 1978, discerniu pela experiência vivida em comum, a vocação e modo de vida Canção Nova, assim, foram escritos os documentos nos  quais, hoje, nós, membros da comunidade vida e aliança, temos acesso.

Talvez, você me diga que sua vida está cheia de problemas, coisas que eu nem imagino, mas assim mesmo, hoje, Deus te convida a ouvir a essa pregação que fala sobre a comunidade Canção Nova e seu carisma, mas também, tem uma orientação para sua vida.

Caminho de discernimento

No caminho para entrar na comunidade existe o pré-discipulado, na cidade de Lavrinhas; e o discipulado, em Queluz. São nesses locais que começam a caminhada daqueles que serão parte da comunidade Canção Nova. Lá existem rotinas a serem seguidas, em especial, na devoção e oração, além das coisas rotineiras, como banho e alimentação. Isso ensina princípios de vida em comunidade, a sair da busca das nossas próprias necessidades.

A vocação de todo homem

A base disto é o entendimento da vocação, mas qual é essa? O Catecismo da Igreja Católica, nos seus parágrafos 27 e 44 nos diz:

“27. O desejo de Deus é um sentimento inscrito no coração do homem, porque o homem foi criado por Deus e para Deus. Deus não cessa de atrair o homem para Si e só em Deus é que o homem encontra a verdade e a felicidade que procura sem descanso:

«A razão mais sublime da dignidade humana consiste na sua vocação à comunhão com Deus. Desde o começo da sua existência, o homem é convidado a dialogar com Deus: pois se existe, é só porque, criado por Deus por amor, é por Ele, e por amor, constantemente conservado: nem pode viver plenamente segundo a verdade, se não reconhecer livremente esse amor e não se entregar ao seu Criador»(1).”

“44. O homem é, por natureza e vocação, um ser religioso. Vindo de Deus e caminhando para Deus, o homem não vive uma vida plenamente humana senão na medida em que livremente viver a sua relação com Deus.”

Além disso, nos parágrafos 1878 e 1879:

“1878. Todos os homens são chamados ao mesmo fim, que é o próprio Deus. Existe uma certa semelhança entre a unidade das pessoas divinas e a fraternidade que os homens devem instaurar entre si, na verdade e no amor (1). O amor ao próximo é inseparável do amor a Deus.”

“1879. A pessoa humana tem necessidade da vida social. Essa não constitui para ela algo de acessório, mas uma exigência da sua natureza. Graças ao contacto com os demais, ao serviço mútuo e ao diálogo com os seus irmãos, o homem desenvolve as suas capacidades, e assim responde à sua vocação (2).”

Assim, o homem é um religioso, ele provém de Deus e tem uma necessidade de conectar-se a Ele. O Catecismo nos mostra que isso está em nossa natureza; é um chamado; uma vocação que vem da consciência que temos da eternidade. Entretanto, isso não está separado do amor ao próximo, da fraternidade, do amor a Deus e devem ser refletidas em nosso relacionamento com os outros seres humanos.

Deixar-se conhecer

A própria trindade, o amor entre Pai, Filho e Espírito Santo deve inspirar o amor que vivemos com o nosso próximo, essa é a essência da comunidade.

Pode ser que você perceba que tenho o hábito de dizer “Minha Comunidade”, isso ocorre porque tomei posse, e não por egoísmo, somente porque tomo posse. Quando tomamos posse de algo, dizemos que aquilo para nós é importante, pois é algo que não queremos perder porque se torna precioso. Desse modo, quando digo “Minha comunidade”, digo que ela é preciosa para mim.
Quando um pai ou uma mãe fala dos seus filhos, seus olhos brilham, existe um orgulho difícil de descrever, e, é assim que sinto-me quando falo da Canção Nova, cheio de orgulho!

Reconhecer é mostrar que se importa

Segundo os ensinos do nosso pai fundador, aprendemos que devemos conhecer todos os membros da comunidade, porque, reconhecer é ativamente mostrar o quanto nos importamos com aquela pessoa. Esse ensino baseia-se em 1 Coríntios 12.12 a 22:

“Porque, como o corpo é um todo com muitos membros, e todos os membros do corpo, embora muitos, formam um só corpo, assim também é Cristo. Em um só Espírito fomos batizados todos nós, para formar um só corpo, judeus ou gregos, escravos ou livres; e todos fomos impregnados do mesmo Espírito. Assim, o corpo não consiste em um só membro, mas em muitos. Se o pé dissesse: “Eu não sou a mão; por isso, não sou do corpo”, acaso deixaria ele de ser do corpo? E se a orelha dissesse: “Eu não sou o olho; por isso, não sou do corpo”, deixaria ela de ser do corpo? Se o corpo todo fosse olho, onde estaria o ouvido? Se fosse todo ouvido, onde estaria o olfato? Mas Deus dispôs no corpo cada um dos membros como lhe aprouve. Se todos fossem um só membro, onde estaria o corpo? Há, pois, muitos membros, mas um só corpo. O olho não pode dizer à mão: “Eu não preciso de ti”; nem a cabeça aos pés: “Não necessito de vós”. Antes, pelo contrário, os membros do corpo que parecem os mais fracos são os mais necessários.”

Assim, o primeiro passo é dar-se a conhecer, mas esse conhecer não é apenas saber o nome, e sim criar conexão com outras vidas. Precisamos nos abrir para que os outros nos conheçam.

Conhecer os outros

Humanamente é impossível conviver diariamente com todos os meus irmãos de comunidade. Por conta das minhas limitações, convivo mais com aqueles que trabalham comigo no mesmo setor e aqueles que residem próximos a mim. Mas isso deve ser motivo de acomodação? Não! Eu preciso esforçar-me para conhecer a história de cada um deles, caso contrário, estarei contrariando a essência do que é ser parte da comunidade.

Não somos aquilo que escolhemos, mas o que Deus quer

Monsenhor nos ensina que somos o que somos, não escolhemos nossa natureza; somos aquilo que Deus quis e constituiu e, assim, funciona a vocação. Em minha vida, a providência divina ajudou-me a seguir esse caminho, ela foi direcionando-me, para que eu pudesse discernir a vontade d’Ele, então, dedicar a minha vida para Ele.

Na vida em comunidade caem as cascas

Na convivência com os irmãos, em comunidade, as cascas caem. O nosso “eu” vai se desmontando, enquanto Deus revela quem realmente somos e quem devemos ser. Não é fácil! É um processo de podagem e modelagem. Este é o segundo passo: conhecer os outros, contemplar e acolher.

“O nosso “eu” vai se desmontando, enquanto Deus revela quem realmente somos e quem devemos ser. ” – Alexandre Oliveira – Foto: Bruno Marques/cancaonova.com

Aprender a enxergar além dos defeitos

Aprender a enxergar qualidades, mas também defeitos, entendendo que nós mesmos não somos perfeitos, e não podemos cobrar perfeição dos outros. Os tesouros do coração revelam-se conforme nos lapidamos e ajudamos os outros a se lapidarem, em busca daquilo que é mais precioso.

Deus deseja que você mude o seu olhar

Hoje, Deus quer falar com você! É preciso ter um olhar novo, uma nova atitude, pois todos somos chamados a permitir que nos conheçam, além de conhecer os outros, a olhar o que o outro tem de positivo, ajudando-o a lidar com seus defeitos. Esse convite não é apenas para quem é membro da comunidade, e sim para todos!

Como tem olhado as pessoas que convivem com você na sua paróquia? Só vê os defeitos? Só enxerga os erros? Precisamos enxergar que em cada uma delas existe uma alma; uma pessoa vocacionada por Deus à eternidade e que precisa da nossa ajuda e compreensão, para ajudá-la a soltar-se das cascas e, assim, revelar aquilo que tem de mais nobre.

Deus te chama hoje

Se cada um dos meus irmãos de comunidade pudessem pegar o microfone, nenhum deles descreveriam uma vida perfeita nem se diriam pessoas perfeitas, mas falariam da graça e do amor de Deus sobre a vida deles. Se Deus, hoje, tem falado com você; se Deus está te chamando, procure pelo vocacional e faça o caminho de discernimento vocacional.

Transcrição e adaptação: Jonatas Passos

 

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