Frei Gilson

Da cegueira espiritual para a adoração

Da cegueira espiritual à adoração: a incrível jornada do cego de nascença (e a sua!)

Por Frei Gilson

Uma história que é a nossa história

É uma alegria ter você aqui. Hoje, vamos mergulhar no final da história do cego de nascença, lá em João, capítulo 9. Da cegueira espiritual à adoração. E eu já te adianto:

Assim como ele, nós também nascemos cegos por causa do pecado original. Não é um pecado que você cometeu, não foi você que comeu o fruto proibido. É um pecado contraído. Como diz em Romanos 3, 23: “Todos pecaram e todos estão privados da glória de Deus”. Nascemos privados da glória de Deus, nascemos cegos espiritualmente.

Jesus vai ao encontro daquele cego, que não fez nada para ir até Ele, cospe no chão, faz um lodo e coloca nos seus olhos. Aquele lodo não cura, mas lembra que as mesmas mãos que formaram o homem do barro agora o estavam tocando. A cura vem da obediência à ordem de Jesus: “Vá na piscina de Siloé e se lave”.

Siloé: Um mergulho em Cristo

A piscina de Siloé significa “enviado”. E quem é o enviado do Pai? Jesus!. Os padres da igreja nos ensinam que, ao se banhar em Siloé, aquele homem se banhou em Cristo. Para nós, essa piscina representa o nosso Batismo. Nascemos na cegueira, mas ao mergulharmos nas águas batismais, com as palavras “Eu te batizo em nome do Pai, do Filho e do Espírito Santo”, fomos curados da nossa cegueira espiritual. Amém?.

O “rolo” com os fariseus: quando a verdade incomoda

A confusão começa quando o homem curado é levado aos fariseus. E para complicar, era sábado! Diga para quem está do seu lado: vai dar rolo, vai dar ruim, vai dar confusão.

Os fariseus não queriam celebrar o milagre. Eles queriam acusar Jesus de não guardar o sábado para diminuir o que tinha acontecido. Eles tentam, a todo custo, diminuir o milagre para sobressair as suas ideias humanas.

A hipocrisia e a verdadeira guarda do sábado

Eles diziam: “Este homem não é enviado de Deus, pois não guarda o sábado”. Mas Santo Agostinho nos lembra: a verdadeira guarda do sábado é não cometer pecados. Aqueles homens não trabalhavam, mas eram adúlteros, ladrões, hipócritas! Jesus nunca desobedeceu a um sábado, porque Ele não tinha pecado. Para Jesus, guardar o sábado é não ser escravo do pecado.

Eles, hipócritas, admiravam Josué, que conquistou Jericó justamente no sábado, no sétimo dia! Mas atacavam a Cristo, o Senhor do Sábado! Porque, como Jesus mesmo disse, “O filho do homem é senhor também do sábado”.

De “homem” para “profeta”: a fé em processo

No início, o cego diz que “aquele homem que se chama Jesus” o curou. Mas, pressionado pelos fariseus, sua fé cresce. Quando perguntam de novo, ele responde: “É um profeta”. Opa, já está crescendo! De homem, ele já passou para profeta. Mas Jesus é só um profeta? Não! O cego ainda está em processo de cura espiritual, assim como todos nós.

O preço da verdade: expulso pelo mundo, acolhido por Cristo

Os judeus, então, se recusam a admitir o óbvio. “Não quiseram admitir que aquele homem tivesse sido cego”. Meu Pai eterno! Esse é o mundo em que vivemos. A verdade está na frente, mas as pessoas não querem admitir. Diga para quem tá do seu lado: “Não deixe de admitir o óbvio, senão você vira uma anta ambulante”.

E qual o preço de falar a verdade? A expulsão. Eles decidiram expulsá-lo da sinagoga simplesmente por ele dizer: “Eu era cego, agora eu vejo”. Mas não tenha medo! Se o mundo o odeia, saiba que odiou a Jesus primeiro. Quando você é expulso do mundo, significa que você foi acolhido por Cristo. E que troca boa, que troca maravilhosa!

O medo dos pais e a glória dos homens

Eles chamam os pais do cego, que, com medo, dão uma resposta covarde: “Sabemos que é nosso filho e que nasceu cego, mas como ele vê agora, não sabemos. Perguntai a ele, ele tem idade”. Eles temiam ser expulsos da sinagoga e, por isso, preferiram a glória dos homens à glória de Deus. Não queira agradar ao mundo!

O encontro final: o clímax da fé

Então, depois de o cego ser ousado e até provocar os fariseus (“Quereis vós, porventura, tornar-vos também seus discípulos?”), eles o expulsam. Pode aplaudir! Porque os judeus o lançaram fora do templo, mas o Senhor do templo o recebeu.

Jesus ficou sabendo que o expulsaram e foi ao encontro dele. E a preocupação de Jesus não era a expulsão. A única pergunta era: “Crês no Filho do Homem?”

Vendo Jesus pela primeira vez

Até aquele momento, o cego já tinha visto o sol, as árvores, as pessoas… mas ainda não tinha visto Jesus. E, agora, Aquele que o curou estava na sua frente. O cego pergunta: “Quem é ele, Senhor, para que eu creia nele?”. E Jesus responde claramente: “Tu o vês, é o mesmo que está falando contigo”.

Da cegueira à adoração

Não basta ver Jesus como homem, nem como profeta. É preciso crer n’Ele como Filho de Deus. E, naquele instante, o cego lavou o rosto do coração. Ele creu, e a prova disso é o que ele fez em seguida: “Creio, Senhor. E, prostrando-se, o adorou”.

Só se adora quem se reconhece como Deus. A tua fé está madura quando você sai da cegueira espiritual e parte para a adoração do único Deus vivo, Jesus Cristo.

E você? também é cego?

Jesus termina dizendo aos fariseus: “Vim a este mundo para fazer uma discriminação: os que não veem, vejam; e os que veem se tornem cegos”. A pior cegueira não é a do corpo, mas a da alma, aquela que vem do pecado que não queremos largar.

A história do cego é a sua história. A sua cegueira só cai quando você encontra Jesus Cristo de verdade. Por isso peça: “Senhor, dai-me a graça de Te ver, não com os olhos da carne, mas com os olhos da fé”.

Sublime graça, doce o som que salva o pecador. Fui cego e agora eu posso ver, perdido e me encontrou.

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