Frei Gilson

A incompreensão do mundo pela escolha de Cristo

A incompreensão do mundo pela escolha de Cristo
Pregador: Frei Gilson

A passagem do cego de nascença no Evangelho de João 9 é muito mais do que o relato de um milagre. Como as fontes nos ensinam, a história desse cego é a nossa história. Todos nós, por consequência do pecado original, nascemos cegos, privados de ver a glória de Deus. Este artigo mergulha nos profundos simbolismos dessa cura, revelando como ela representa nossa própria jornada de fé, batismo e a urgência de uma nova vida em Cristo.

Quando os discípulos perguntam a Jesus quem pecou para que o homem nascesse cego, Ele responde que não foi por pecado dele ou de seus pais, mas para que a glória de Deus se manifestasse. Essa condição inicial representa toda a humanidade.

Devido ao pecado original, “todos pecaram e todos estão privados da glória de Deus” (Romanos 3,23). Assim, nascemos em uma condição de pecadores, com uma cegueira espiritual que nos impede de ver a Deus. A cura desse homem, portanto, é o retrato da restauração que Deus deseja para cada um de nós.

Trabalhar enquanto é dia

Jesus afirma: “Enquanto for dia, cumpre-se terminar as obras daquele que me enviou. Virá a noite na qual já ninguém pode trabalhar”. Essa declaração é um chamado urgente à fé e ao arrependimento.

O “dia” representa o tempo de nossa vida na terra, o único período em que podemos crer em Jesus e nos arrepender de nossos pecados. A “noite” simboliza a morte, após a qual não haverá mais tempo para fé ou arrependimento.

A Bíblia é clara: está determinado que os homens morram uma só vez, e logo em seguida vem o juízo. Não haverá uma segunda chance para confessar ou crer. A hora de crer e se arrepender é agora.

O livro da vida

No dia do juízo, os livros serão abertos, incluindo o “livro da vida”, e cada um será julgado segundo as suas obras, sejam elas boas ou más.

Deus retribuirá a cada um conforme o que tiver feito enquanto estava no corpo. Quem escreve nesse livro é você, com suas ações diárias. A boa notícia é que, não importa o passado, o arrependimento sincero é a anotação final que pode garantir a salvação, como aconteceu com o ladrão na cruz.

Para curar o cego, Jesus não usa apenas uma palavra, como fez com outros. Ele cospe no chão, faz lodo com a saliva e unge os olhos do cego.

Segundo Santo Irineu, este gesto não foi casual. Ele foi feito para mostrar que a mesma mão de Deus que formou o primeiro homem do barro da terra (Gênesis 2:7) era a mesma que agora o estava curando.

Ao usar o barro, Jesus demonstra que está realizando uma nova criação. Ele nos formou para a vida, mas caímos no pecado e ficamos cegos. Agora, as mesmas mãos nos recriam e restauram. A mão que cura é a mão de Jesus Cristo, e não devemos buscar outras.

Mergulhando no batismo e em Cristo

Após aplicar o lodo, o cego ainda não enxerga. Jesus então lhe dá uma ordem: “Vai e lava-te na piscina de Siloé”. Este é o passo essencial.

A piscina de Siloé simboliza o Sacramento do Batismo. Assim como o lodo (a criação) precisou da água (o batismo), nós, formados por Deus, precisamos ser lavados para receber a luz da vida eterna.

O dia do batismo é o dia em que somos lavados, perdoados, santificados, e nossa visão espiritual é restaurada.

O evangelista faz questão de traduzir o nome “Siloé”, que significa “Enviado”. Isso é fundamental, pois Jesus é o Enviado do Pai.

Mandar o cego se lavar em Siloé é o mesmo que mandá-lo mergulhar em Cristo, o Enviado. O batismo é um mergulho na morte e ressurreição de Cristo, do qual emergimos como uma nova criatura, mortos para o pecado e vivos para Deus.

O poder da Palavra na água do Batismo

Não foi o barro nem a água que, por si sós, curaram o cego. Foi o mandamento de Cristo, a Sua palavra que operou o milagre.

Da mesma forma, a água do batismo nos salva não por ser uma água comum, mas porque sobre ela são invocados os nomes do Pai, do Filho e do Espírito Santo.

Após a cura, a vizinhança fica incrédula e confusa, questionando se aquele era mesmo o mendigo cego. Isso nos mostra que a pior cegueira não é a física, mas a cegueira espiritual: a incapacidade de reconhecer um milagre que está bem diante dos olhos.

Muitos que enxergam fisicamente são, na verdade, cegos de coração, pobres e miseráveis espiritualmente, pois se recusam a crer.

Um processo de cura contínuo

Inicialmente, o homem curado se refere a Jesus apenas como “aquele homem”. Isso indica que, embora sua visão física tenha sido restaurada, sua visão espiritual ainda estava em processo de cura.

A nossa jornada de fé é assim: um processo contínuo de crescimento no conhecimento de Cristo, que exige perseverança e humildade.

A história do cego de nascença é um convite para reconhecermos nossa própria necessidade de cura. O processo de Deus já começou em sua vida.

Não se preocupe com a incompreensão do mundo, pois, no final, você prestará contas apenas a Deus.

Abrace a nova vida oferecida no Batismo, siga Jesus, a Luz do Mundo, e se esforce para colocar “coisas boas” no livro da sua vida a partir de agora.

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