Professsor Felipe Aquino

A misericórdia em Bethânia em tempos de Papa Francisco

Conheça um pouco da comunidade fundada por padre Léo

Tenho a alegria de participar um pouco da Comunidade Bethânia de Lorena, uma história que começou há 20 anos. Conheci o Padre Léo quando ele tinha 18 anos. Eu morava em Itajubá-MG, e tinha um amigo que morava no vilarejo onde padre Léo morava, no Biguá. E o pároco local, às vezes, me pedia para pregar para os jovens de lá. Ali, eu via um jovem de cabelo comprido na banda: era o padre Léo.

Depois, ele foi para o Seminário, depois para o Sul e, então, veio para Taubaté (SP). Anos depois, participando da Renovação Carismática, sentiu o chamado de começar essa obra que tem muitas casas. Começamos a fazer um trabalho com os jovens em Lorena, os chamados Maranatás na Casa de Emaús, que hoje é a Casa de Bethânia de Lorena (SP).

Deus não faz as coisas do dia para a noite. O que é bom nasce pequeno. Toda boa comunidade nasce pequena. Com Bethânia foi assim. Dia 19 setembro, estou indo a Maringá (PR) pregar um retiro para empreendedores católicos. Todo mundo que faz uma obra na Igreja é um empreendedor, como padre Léo o foi.

Nós tínhamos um pequeno sítio onde começamos a fazer os encontros de jovens. Virou uma casa de encontro. Nos Maranatás, começaram a chegar muitos jovens dependentes químicos. Jovens que traziam seus baseados de maconha. Eles pediam para morar ali, porque, se fossem para casa, iriam voltar para a droga.

Minha esposa gostava muito desse trabalho. Ela deu a ideia de fazer uma casa para esses jovens morarem. E a casa cresceu muito. Mas eu não tinha tempo. Monsenhor falou então para procurar o Padre Roberto. Ele disse que não tinha consagrados para colocar lá. Então, fomos conversar com o padre Léo. Explicamos a ele que eram casais voluntários que trabalhavam ali. O padre falou que queria ver e, de imediato, aceitou assumir o local. Houve uma missa de inauguração, ele trouxe uns oito consagrados lá do Sul. É a casa que está até hoje em Lorena.

O Papa Francisco é o Papa da misericórdia. Não exclui ninguém. Está acolhendo na caridade como Cristo fez. Como fez com a mulher adúltera, Jesus lhe ofereceu misericórdia, mas, depois, pediu sua conversão. Ele só nos faz um pedido: não peques mais, viva os mandamentos da Lei de Deus.

Todo mundo odiava Zaqueu, cobrador de impostos. O povo judeu odiava os cobradores de impostos, porque o dinheiro ia todo para Roma. Os publicanos que cobravam e eram ladrões porque cobravam a mais. Também tinha isso no tempo de Jesus. E não é que Jesus vai à casa de Zaqueu? Jesus foi atrás do pecador. Jesus foi à casa do Zaqueu e não falou nada. Zaqueu se converteu só pela acolhida de Jesus.

Basta acolher o pecador, porque ele já sabe que precisa largar o pecado. Então Jesus diz: “Hoje, a salvação entrou nessa casa!” Que coisa bonita a misericórdia de Jesus! É essa misericórdia que tem que fomentar a nossa evangelização. Ele disse: “Haverá mais alegria no céu por um pecador que se converte do que por 99 justos que não precisam de conversão”. Jesus não quer perder ninguém, porque cada alma custou o Seu sangue.

Jesus gastou sua vida para que nós pudéssemos ser salvos. E essa motivação tem que ser para nós também. Evangelizar é falar de Jesus, dos milagres de Jesus. Como foi com a hemorroíssa do Evangelho, não basta tocar Jesus, tem que tocar Jesus diferente. Naquele momento, aparece alguém, é o funcionário de Jairo, que fala que sua filha tinha morrido. Mas Jesus fala pra ele não temer.

Imagino o coração de Jairo: a filha morrendo, e Jesus mandando ele ter fé. Jesus foi caçoado porque falou que a menina estava dormindo. Mas Ele fala para ela levantar. Então, vemos, nessas histórias, a misericórdia de Jesus: com Zaqueu, com aquela mulher e com Jairo.

Padre Léo fez o dom de si para Deus, entregou toda sua vida ao Senhor, não era mais dono de si. Quando você entrega o coração para Deus, Ele entrega o coração d’Ele para você. Por isso que a Comunidade Betânia aconteceu.

E o importante para Deus não é fazer grandes obras, é entregar o coração para Deus. O Papa Francisco veio no Brasil e foi visitar exatamente as casas que acolhem essa gente: casa de dependentes, drogados…

Infelizmente, nas universidades, muitos professores criticam a Igreja, enquanto ela é a instituição que salvou o Ocidente e deu a nós a civilização que temos hoje, que valorizou a mulher e tantas outras coisas.

Na época do Império Romano, dois terços da população de Roma era formada por escravos. O Império ia escravizando, mas o cristianismo chegou e disse: “Não, você é um filho de Deus, você tem a mesma dignidade de imperador!”. A Igreja ganhou os escravos ali. Por isso que há tantos escravos que são mártires! O imperador Constantino se converteu porque sua mãe já havia se convertido. Eram as escravas que falavam de Jesus para ela, Santa Helena.

Vejam a importância da mulher na vida da Igreja: elas têm a missão de trazer os homens para Deus. Os filósofos também escreveram para os imperadores: “O sangue dos mártires é semente de novos cristãos”. E era mesmo, a ponto de o imperador se tornar cristão. No ano 313, Constantino proibiu a perseguição aos cristãos. O Império, posteriormente, em 385, se tornou cristão. “A espada se curvou diante da cruz”.

No ano 476, o Império caiu. Qual a única instituição que ficou em pé? A Santa Igreja, porque tinha o Papa. Então, a Igreja foi transformando aquela nação bárbara e criou a cristandade da Idade Média. A Igreja foi a mentora da civilização oriental. Nunca uma instituição fez tanta caridade como a Igreja Católica. Foi ela que fundou as santas casas de misericórdia do mundo.

Desde quando o Império foi desabando, ao lado de um mosteiro havia sempre uma casa de acolhimento, uma escola… E, depois, foram surgindo as universidades. Grandes universidades do mundo foram fundadas pela Igreja.

E o trabalho de misericórdia da Igreja, de caridade da Igreja continua até hoje. O Anuário Pontifício de 2015 trouxe os seguintes dados: no mundo inteiro, a Igreja tem 5.167 hospitais mantidos pela caridade, 17.322 ambulatórios, a maioria na África, 25% dos hospitais que cuidam de aidéticos no mundo são da Igreja. Será que, nas universidades, contam isso? Será que contam o que o padre Léo faz, o que tantas outras comunidades fazem?

A Igreja tem 648 leprosários, 15.699 casas para idosos, 10.124 orfanatos, 11.596 jardins de infância (…) e 36 mil outras instituições. É só procurar na Agência Fides os dados do Anuário Pontifício de 2015. Podemos dizer de boca cheia e de coração alegre que nenhuma instituição no mundo fez tanta caridade como a Igreja Católica.

Trabalhei em seis universidades durante 40 anos. Eu sei o que se passa no ambiente acadêmico: rasga-se a história e se faz uma historiografia maldita, mentirosa. Quem desenvolveu a cultura do mundo foi a Igreja. Todas as descobertas fundamentais do mundo aconteceram no Ocidente, porque a concepção do mundo era cristã. Os monges foram os grandes inventores da Idade Média. Muitos morrerem mártires nas mãos dos bárbaros, como São Bonifácio, São Patrício…

No Ano da Misericórdia instituído pelo Papa Francisco, que começou em dia 8 de dezembro, é importante recordar a Misericórdia da Igreja. O exemplo do Padre Léo que tanto pregou na Canção Nova, que passou sobre a Terra como um meteorito.

Antes do fundador dos dominicanos morrer, ele disse: “Não chorem porque serei mais importante para vocês no céu do que aqui na Terra”. E assim é o padre Léo. Será mais importante para nós lá no céu do que aqui na Terra. Que, nesse dia, chegue ao céu o nosso agradecimento a ele por essa linda obra de misericórdia que ele nos deixou.

Transcrição e adaptação: Thaisy Santos

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