A morte tornou-se um tabu em nossa sociedade. Foi confinada às UTIs dos hospitais, escondida das crianças, apagada das conversas… Numa cultura que valoriza o prazer e o sucesso, ninguém gosta de se lembrar da existência de perdas.
Fiz uma experiência linda com uma garota que conheci em uma missão que fui. No intervalo entre uma pregação e outra ela apareceu, tocou em meus ombros e começou a abrir o coração. Levou-me ao dia em que perdeu sua mãe, que foi assassinada pelo namorado com várias facadas.
No primeiro instante fiquei chocado pelo ato em si, mas depois olhando nos olhos daquela menina de 19 anos, vi que não se perde alguém quando o trazemos no coração. Ela me pregou o Evangelho quando disse que não guardava rancor do assassino. Evangelho da vida!
Nos olhos daquela menina percebi que a morte em si não tem a última palavra. A vida sim tem a última palavra! Palavra de ressurreição! Aquela menina de olhos serenos não se perdeu de si mesma com a perda da mãe. Mas, guardando-a no coração, adentrou no mistério da eternidade. Todos vão embora, só Deus não vai! Mas quando guardamos o outro em Deus, este também não vai embora.
De maneira geral, temos muita dificuldade em lidar com perdas. Luto não é só quando morre alguém; sofremos perdas desde que nascemos: perda de emprego, divórcio, mudanças repentinas. Também há fases do desenvolvimento humano que envolvem perdas. Por exemplo: para chegar à adolescência é preciso perder a infância. Essas são questões existenciais que precisamos enfrentar. Saber lidar com o limite é saudável, não só do ponto de vista humano, mas também do cristão".
Adriano Gonçalves
Apresentador do programa 'Revolução Jesus'