Confiei no seu amor e voltei

Mons. Jonas Abib

Você sabe muito bem o que é amar. Apesar do nosso jeitão de homens, saibam, mulheres, que nós amamos, e amamos de amor verdadeiro. E nós queremos amar cada vez mais da maneira certa. Mas, muitas vezes, não sabemos expressar o amor.

A vida acabou fazendo nós, homens, a machado, e o nosso jeitão não manifesta que nós amamos e queremos amar. Mas, acreditem as mulheres, que apesar das nossas grosserias, aqui dentro existe um coração que ama. Você não tem ideia do quanto seu marido sofre por não conseguir demonstrar, não conseguir amar como ele deseja a você.

No mundo de hoje, desde de nós os mais velhos e também os mais novos, não é verdade que nós aprendemos a nossa sexualidade masculina de modo sujo?
Eu já testemunhei aqui várias vezes sobre as minhas lutas, durante a minha vida, especialmente antes de ser padre.

Exatamente por causa da nossa pobreza, papai e mamãe tiveram que vir para São Paulo, justamente para “pagar os meus olhos”. Eu tive uma doença nos olhos e quase perdi as vistas. E meu pai teve que emprestar dinheiro para o meu avô para pagar a cirurgia dos meus olhos.

E nós moramos em porão, e depois nós fomos morar em uma outra casa, onde morávamos na parte da frente. Um português morava na parte de trás, mas no quintal ele tinha feito casinhas, onde era um beco. E naquelas casinhas moravam as meninas e mulheres de programa. E aquelas garotas, o que elas faziam era brincar de médico comigo. Então imagine o jeito que eu fui aprender. Foi no beco, e talvez com você não tenha sido diferente.

Não é verdade que hoje é uma dureza manter a castidade e ser fiel? E eu ser fiel ao meu sacerdócio, ser fiel com o povo. E isso que aprendemos quando criança fica na carne da gente. É como tatuagem, como uma cicatriz. E não tem um homem que não esteja lutando para viver castidade.

Quantos de nós ficamos com cicatrizes fortíssimas, e como hoje é difícil, viver a fidelidade, não entrar em adultério, por causa daquilo que nos aconteceu na infância e depois na adolescência. Quantos outros, seus próprios pais os levaram a lugares, como casa de prostituição, onde o pai dizia: “Venha comigo para aprender a ser homem”.

Mas também quantas mulheres que também passaram por coisas semelhantes, e quantas coisas ainda têm acontecido. Como aquela mulheres que voltaram para a faculdade, que é uma coisa boa, mas que virou um meio terrível, onde até a vovó que voltou para a faculdade virou a cabeça.

O inimigo é cruel. Ele nos põe vergonha, afastamento de Deus. Nós pecamos e deveríamos ir a Deus, cairmos aos pés dele, porque Ele é misericórdia. Mas o tentador nos põe medo e põe um afastamento para cada vez mais ficarmos mais longe e com mais com vergonha de voltar para a Igreja, de nos confessar.

Meu irmão o Senhor não está condenando você, mas está chacoalhando a goiabeira para que as goiabas podres caiam, e você não precisa mais ter vergonha, pois quem coloca vergonha em você é o tentador. E não pense que você tem que primeiro você quer melhorar, não! Porque sozinhos nós não conseguimos.

Eu tenho a alegria de dizer que meu pai se transformou num santo, depois de fazer uma boa confissão. E eu te peço, Senhor, que estes meus irmãos também possam fazer uma boa confissão e recomeçar.

Tenho certeza que o Pai está esperando por você de braços abertos.

Transcrição: Célia Grego
Fotos: Maurício Rebouças

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