A espiritualidade da Pastoral da Sobriedade nestes 15 anos

Dom Irineu Danelon
Foto: Luana Oliveira/cancaonova.com
Só é capaz de amar o próximo aquele que fez uma experiência de amor com Cristo. Afinal, não somos capazes de dar aquilo que não recebemos, não é mesmo?

O verdadeiro amor caminha com a verdade, a justiça, a solidariedade e, principalmente, com a misericórdia. E a Pastoral da Sobriedade tentou aprofundar este apelo à vivência da misericórdia, pois, quando menos merecemos é quando mais precisamos ser amados.

As pessoas que necessitam do auxílio da Pastoral são aquelas que já perderam o sentido da vida, desistiram do seu emprego, das pessoas que gostam e até de si mesmas. Porém, são essas as pessoas que mais precisam se sentir amadas, pois quando fazemos isso, elas sentem o amor do próprio Cristo.

Nós precisamos dar um sentido para nossa vida; devemos glorificar a Deus com ela. Nenhuma vida inacabada, ou sem objetivos e metas, pode ser uma vida capaz de glorificar o Senhor.

Enquanto não pudermos repetir o que Paulo constatou: “Já não sou eu quem vive, mas Cristo que vive em mim” (Gl 2, 20), a nossa espiritualidade não estará no sentido certo, pois o objetivo dela é encontrar, em tudo, o sentido da vida, que é o próprio Jesus.

Queria convidar um jovem rapaz chamado Renato, de Campo Grande (MS). Ouvi seu testemunho, recentemente, e ele mexeu muito comigo, por isso, queria que ele contasse um pouco da sua história:

"O mundo das drogas nos leva para uma realidade de criminalidade, em que precisamos, muitas vezes, roubar para alimentar o vício. Quando estamos inseridos nessa realidade, não temos a dimensão do que estamos fazendo com a nossa vida. Fui internado em uma clínica psiquiátrica, onde era sedado com catorze remédios diferentes. Eu já não me reconhecia mais, mas, felizmente, eu tinha uma mãe que dobrava os joelhos e orava por mim. E foi graças ao Senhor que tive forças de deixar essa vida. Estou há 5 anos sóbrio, e só consigo fazer isso porque eu faço, diariamente, uma renúncia. Eu renuncio às amizades antigas, ou lugares que eu frequentava, e meus antigos hábitos. Em resumo, eu renuncio todo dia ao Renato antigo" (trecho do testemunho de Renato).

"A vontade do Pai é que ninguém se perca", ressalta Dom Irineu Danelon
Foto: Luana Oliveira/cancaonova.com

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A história desse jovem é apenas uma no meio de milhões. Isso acontece porque a Pastoral da Sobriedade não para na realidade atual da pessoa, que, muitas vezes, é desanimadora. A Pastoral acredita naquilo que a pessoa pode vir a ser, e luta por isso. Nós acreditamos nisso, porque o próprio Cristo também acredita. Ele nos diz que veio salvar a quem estava perdido, assim como o Bom Pastor, que olha com carinho especial para cada uma das Suas ovelhas.

Essa fé nas pessoas, e principalmente em Deus, apenas no ano passado, permitiu que, aproximadamente, 70 mil jovens fossem recuperados de suas dependências, em todo o Brasil.

A vontade do Pai é que ninguém se perca, e a nossa espiritualidade vem justamente do amor e do carinho que Jesus nos mostra no Evangelho. Se Jesus não olha para ninguém com distinção, nós também não podemos fazer isso.

 
Transcrição e adaptação: Gustavo Souza

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