O sistema preventivo na educação dos jovens

Padre Antônio Carlos Ferreira
Foto: Robson Siqueira
Dom Bosco diz que são dois os sistemas usados na educação da juventude: o repressivo e o preventivo. O repressivo é aquele que as normas comandam, se promulgam as leis e, depois, se vigia para ver quem as cumpre ou não a fim de dar punição, caso seja necessário. Ele pertence ao aspecto escuro da vida, à cultura da morte. A nossa sociedade é muito repressiva, as coisas não andam bem e desejamos que existam leis mais duras que punam mais severamente os crimes. Nosso ideal é um ideal de repressão. Esse sistema é fácil, menos trabalhoso. Serve especialmente para soldados e, em geral, para pessoas adultas e sensatas.

É preciso que exista uma sistema preventivo. Ele consiste em você saber o que deve ser feito, mas depois cuidar para que, com muito amor e corrigindo as pessoas no momento justo, e viver as normas e leis que devem ser vividas. Enquanto o repressivo está para punir, o preventivo está para fazer a pessoa criar uma mentalidade justa para cumprir a lei.

Um exemplo é a pessoa orgulhosa. Pelo sistema repressivo, vamos dar uma lição nela para que ela deixe de ser assim. Estamos no lado escuro do sentimento de autoafirmação. Você sente que precisa estar na sociedade sendo mais que os outros, não se rebaixando. Já no preventivo, se o problema é o orgulho, nós levamos para o lado do diálogo, conversamos e mostramos que isso não vai construir nada de bom na vida dela.

O preventivo procura cortar a "doença" para que ela não se propague, funciona como uma clínica de tratamento para que o organismo floresça. O repressivo,  por outro lado, cria a sociedade em que estamos vivendo, cria a violência e a aumenta cada vez mais.

São dois sistemas, nos quais um apresenta como importante a punição e o outro a correção feita com amor. Dom Bosco viveu o sistema repressivo na infância, se metia a dar pontapés nos outros para fazê-los se comportarem direito. Daí aparece um homem que lhe diz: "Não é dando pancadas, mas ganhando o coração dos jovens".

É preciso, portanto, ganhar o coração dos jovens. Só assim vamos conseguir educá-los. Você quer educar o seu filho? Ganhe o coração dele! Mas também o jovem deve ganhar o próprio coração para a causa de sua educação.

É preciso que as máscaras da juventude caiam. Se o seu pai e a mãe falham em algum aspecto na educação dos filhos, estes últimos devem rezar para que seus genitores sejam melhores. Mas nunca devem jogar a culpa neles pelas suas ações. Não é porque todo o mundo faz errado, que você também deve fazê-lo.

"Não precisamos fazer coisas extraordinárias para sermos santos, mas sim, o ordinário na vida de cada dia"
Foto: Robson Siqueira

Não vá pela cabeça dos outros, isso é o maior inimigo da educação. É necessário, portanto, a conversão. Cada um precisa ganhar o próprio coração para a obra de educação. Em segundo lugar, é preciso que os jovens se façam amar. A gente reclama muito que os outros não amam a gente. Espera aí: você está amando? Está se deixando ser amado? Se não, procure mudar sua vida. Esse é o coração do sistema educativo de Dom Bosco.

Esse grande santo italiano vai nos propor, então, a santidade. Ele não pede coisa pequena não, pede que a juventude seja santa. Isso não significa que precisamos fazer coisas extraordinárias, mas sim, o ordinário na vida de cada dia. Fazendo bem na rotina, vivendo bem com Deus, conseguimos alcançar esse ideal. Uma vida regrada é o que leva o jovem à santidade.

Com o caminho de santidade proposto por Dom Bosco isso fica fácil. A alegria é o primeiro passo. Os jovens precisam ser formados para serem alegres, piedosos e cuidadosos com os outros. A alegria é um sentimento lindo. Quando temos o que queremos, ficamos alegres. Se você tem Deus constantemente no coração, nunca fica triste. A alegria de Dom Bosco é focada na intimidade com o próprio ser. Você tem que entrar dentro de você e desfrutar de tudo aquilo que Deus colocou de bom em sua vida. Esse sentimento vem alavancar nossa qualidade de vida.

O segundo ponto é o cumprimento dos deveres, temos que fazer penitência dos nossos pecados. Não gosta de uma pessoa? Essa é uma boa hora para praticar penitência. Conviva bem com ela. As penitências chegam quando a gente menos espera. Precisamos sacrificar e renunciar a muita coisa para chegar à santidade. Isso tudo dentro do amor. Quem ama faz bem aquilo que faz.

A piedade também é importantíssima no nosso caminho de santidade. Quando falamos essa palavra, as pessoas lembram de adorações, participações em  Santas Missas, entre outros. Piedade não é apenas fazer coisas para Deus, piedade é viver na companhia do Senhor. Se Ele é o seu amigo, converse com Ele com toda a sinceridade sobre as coisas boas e ruins. Ter piedade é ter sentimento de companheirismo com Deus durante a caminhada rumo à santidade: de diálogo e de transparência.

Finalmente, o último passo é cuidar dos outros. A sociedade atual prega a vida como uma infinita corrida. É feliz quem chega nos primeiros lugares, o resto não interessa. E nessa luta não queremos que ninguém nos atrapalhe. A sociedade prega que a gente exclua quem entra no nosso caminho.

Mas o Evangelho prega outra coisa. Nele, procuramos que todos cheguem juntos à reta final. Os mais capacitados procuram ajudar aqueles que têm menos meios. Não como uma esmola, mas como uma ajuda para que eles procurem caminhar para chegar a Deus. Esse é o ideal de santidade que Dom Bosco prega.

Transcrição e adaptação: Ariane Fonseca

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